ᴛʜᴇ ʟɪɢʜᴛꜱ

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- As Luzes.

Todas as luzes se fortificaram, e eu tive a certeza de que estava partindo, partindo igual eu parti da última vez. Ela me perdoaria, mas não sei se Jenny faria o mesmo, não sei se Lewis, Towns e Noah me perdoariam. 

Tudo se acalmou, a dor diminuiu mas permanecia ali. Ouvi uma voz ao meu redor, a voz era masculina, não me dava boas vindas ou apontava meus erros, ele conversava com outro alguém, a conversa era sobre luzes, ou não, não ouvi direito. Alguma coisa se ascendeu em alguma área do meu cérebro, segundo a conversa.

"Isso significa que ele está morto?"

"Esteve. O cérebro já voltou."

"Morte cerebral, mas vivo."

"Uhuhuull... isso vai dar o que falar."

Ignorei tudo, não era sobre mim, eu estava morto. Não estava? A luz se apagou, e então um "bip bip" foi ouvido, a sala estava escura mas o corredor estava ligado. Eu ainda estava meio atordoado, a cabeça doía tanto, o corpo também.

E não, eu não havia morrido.

Eu estava no hospital obviamente, ainda era noite, as luzes apagadas, a luz da lua lutava para atravessar a persiana. O corredor estava iluminado mas a porta fechada impedia da luz entrar, por baixo da porta dava pra ver uma sombra ou outra caminhando de um lado para o outro. 

Haviam duas figuras no quarto, Zayn e Louis sentados nas duas poltronas do quarto. O mais baixo deu um tapa no ombro do outro que roncava ao seu lado, que acordou num pulo antes de Louis sair do quarto escancarando a porta e deixando toda aquela luz entrar.

Minha respiração estava tão pesada, o esforço que eu fazia para puxar um ar tão incomum era notável, levantei os braços que pareciam chumbo ate meu rosto e baixei o tubo de ar. 

– Harry! – exclamou Zayn, as feições preocupado.

Não demorou muito para Louis voltar com dois doutores que pediram para se retirarem da sala.

A luz se manteve desligada, o quarto estava sendo iluminado apenas pela luz do corredor. 

– Por Favor não tente falar, nem se levantar – disse um bem alto de jaleco branco e olhos verdes regulando minha cama e fazendo o encosto se erguer –, e porfavor, o oxigênio é importante para sua recuperação – e enfiou aqueles tubos de volta em minhas narinas. – Eu sou o doutor Downey e este é meu colega, doutor Campbell. 

– O que aconteceu com as luzes? – perguntei quando o outro médico fechava e abria minhas mãos observando cada junta.

Os dois se olharam, lá fora agora entre os rapazes havia uma Jenny muito preocupada.

– Me diga o senhor – comentou o cara alto –, rasgou as cordas vocais que lhe restaram gritando para apagarmos.

Fiquei quieto como o recomendável, minha garganta realmente ardia mas pensei que fosse pelo oxigênio. Era difícil falar o que não doía.

– Você sofreu um acidente de carro. – contou Campbell, o mais baixo que agora passava com o estetoscópio pelo meu peito esfolado. – Os paramédicos contaram que você estava gritando muito quando te acharam, algo sobre as luzes, e sobre "ela". Sua esposa?

– Suponho que sim.

– Enfim, não foi comum, sempre acham os acidentados atordoados e quietos, mas o senhor estava berrando. – continuou Downey

Eles fizeram mais perguntas sobre dor, olharam meus olhos, anotaram coisas a mais.

– Seu quadro é estável, senhor Styles. Uma lesão na coluna, outra na cabeça, as cordas vocais e o diafragma vão ficar bem. 

– O que aconteceu com meu cérebro? – perguntei quando vi que nenhum ia tocar no assunto quando checaram a prancheta pela última vez.

Se entreolharam.

– Fizemos uma tomografia assim que chegou, as imagens mostraram que áreas do seu cérebro que normalmente não estariam acesas, estavam. Essa área em questão, o cérebro só explora quando o corpo após morte cerebral, é bastante comum ter esses resultados quando uma autópsia está ocorrendo, o que acontece quando o óbito já foi declarado. 

– Eu to morto?

– Não. – se apressou em responder o outro – Estava. Não saberíamos dizer, a área desligou depois de alguns segundos, tudo voltou ao normal, ainda não sabemos o que aconteceu. Pode ter sido um erro de imagem, mas o aparelho raramente comete erros. 

– Vamos deixá-lo descansar e vamos pedir para os pesquisadores falar com o senhor mais tarde.

Eles se despediram brevemente e conversaram com Zayn, Louis e Jenny na porta, e então os três entraram quando os doutores foram embora de vez.

Ela pulou na minha cama abraçando meu pescoço aos prantos. Não foi a coisa mais inteligente a se fazer, e nem comum já que raramente trocamos carícias. Desenrolei um fio ou outro do meu braço e o soro, e depois a abracei de volta, comprimindo minhas dores.

– Eu senti tanto medo... Eu...

– Shhh... – acalmei ela acariciando seus cabelos.

Foi um longo abraço, longo para quem não se tocava como antes mesmo depois de vinte anos de casados. Ela se afastou depois de alguns bons minutos, secando as lágrimas com as mãos. 

Zayn e Louis se aproximaram para um abraço breve, não choravam.

– As crianças elas...

– Towns é a única que sabe, pedi para cuidar de Noah até eu voltar, e ainda não contei à Lewis. –  respondeu Jenny com a voz rouca, suspirou – Vou avisar que você acordou. – e saiu da sala tirando o celular do bolso.

Assenti com a cabeça, mas ela não viu.

– Como você tá? – pediu Zayn.

– Parece que eu sofri um acidente de carro. – soltamos risadinhas fracas. – Onde estão Niall e Liam?

– Niall está tomando soro para tirar o álcool do sangue, Liam está com ele. – respondeu Louis.

– Ele conseguiu ficar bêbado antes da meia-noite? – disse em tom brincalhão, mas os dois não acharam graça.

– São quatro e vinte, acho que chegamos faz uma hora e meia. – contou Louis

– Era onze e alguma coisa quando bati o carro...

– Te encontraram era uma da madrugada, você ficou muito tempo lá. – disse Zayn – O que aconteceu?

– Eu não joguei o carro na árvore de propósito, se é isso que quer saber.

ElaWhere stories live. Discover now