Capítulo 1

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Quando a mente não pensa o corpo paga, realmente esse ditado é o que mais pesa na minha consciência. Não me arrependo de nada, mas se pudesse voltar atrás eu com certeza faria tudo diferente.

Estou descendo o morro do 18 no meio de uma guerra louca, mas não posso deixar de ir trabalhar pois esse é o meu sustento e emprego está tão difícil, se eu fosse sozinha seria mole mas fui mãe aos 16 anos, tenho uma filha que vai completar 9 anos a coisa mais linda da minha vida, o melhor presente que Deus poderia me dá. Eu sempre fui muito louca, de viver intensamente sem pensar no amanhã até me envolver com um traste vulgo pai da minha filha, que me ajuda quando quer. Sou eu pra tudo, mas aquele famoso ditado eu aprendi na dor que a filha é da mãe!

Graças a Deus hoje minha comadre ficou com a minha filha pois o clima no morro está péssimo, tendo guerras de facção frequentemente e quem sofre são os moradores, não tenho grandes amizades pois aqui no morro muitos não gostam de mim, sempre quis resolver tudo na base da porrada, em cada esquina estava a Thays se atracando com alguma ficante daquele escroto, se me arrependo? Não pois isso me fez amadurecer em alguns aspectos! Eu ainda tenho muito o que aprender e crescer. É um dos maiores do meu erro sempre fui A AMANTE. Af

Ser ser mãe me fez ter outros pensamentos e colocar minha filha em primeiro lugar em tudo, apenas ela merece meu amor!

Estava morrendo de dor de cabeça, descendo com uma preocupação terrível, meu rabo não passava uma agulha. Cheguei na pista e fui pro ponto, logo passou meu ônibus.

Cheguei no Norte shopping no horário graças a Deus, a gerente chegou abrindo a loja.

Paty: oi amiga, bom dia - sorri cansada.

eu: oi

Paty: vi na internet aquele morro ainda tá aquele clima né

eu: nem fala estou exausta, dormir 2 horinhas essa noite minha filha no desespero terrível - guardamos nossos pertences coloquei o celular no bolso e fui arrumar as araras das promoções.

Paty: com quem ficou a Juju?

eu: minha comadre ficou com ela

Paty: eu não sei como sua mãe não se manifesta sabe, vendo sua correria

eu: nem ajudar ela me ajuda amiga, to torcendo pra esse mês eu conseguir bater a meta porque se não nem mistura pra comida vai dá pra mim comprar, provavelmente vou ter que pagar a escola da Juju sozinha

Paty: escroto também o pai dela, ajuda e aparece quando quer

eu: nem fala amiga, mas Deus sabe de todas as coisas aqui se faz, aqui se paga!

Paty: você é foda - sorri de lado.

Acabamos de arrumar as araras, a loja abriu e o movimento estava calmo, peguei o celular postando as roupas e respondendo minhas clientes, eu trabalhava de vendedora no norte shopping em uma loja de multimarcas (F5).

Minha mãe desde que eu me tornei mãe não faz questão em querer saber de mim, já fui muito atrás mas hoje em dia eu cansei ! Trato da mesma forma que me trata, nem na casa dela eu piso, nem ela na minha pra você ver como ela não liga pra mim que nem meu número ela tem, mas essas pessoas eu entrego a Deus!

[...]

O dia graças a Deus foi bom demais e rendeu, conseguir bater a meta do dia. Vim pra casa correndo pra liberar minha comadre, quando cheguei ela dormia com a Juju.

eu: cuma - disse balançando ela.

Fabi: oi - fala sonolenta.

eu: pode ir

Fabi: tá, comprei uma quentinha pra gente almoçar- concordei e ela falou mais algumas coisas e foi embora.

Tomei banho, coloquei a roupa pra bater no meu tanquinho e fui pra cozinha ver o que tinha pra fazer pra nossa janta, abri o armário e estava vazio pra minha felicidade. Abri a geladeira tinha salsicha, peguei o macarrão de ontem coloquei pra esquentar no fogão mesmo e coloquei a salsicha pra ferver.

Fui olha a roupa quase que o tanquinho transbordar, torci algumas roupas e fui ver a comida. Minha casa é bem simples uma kit net com um quintal aonde eu coloco o tanquinho.

Juju: mamãe

eu: oi vida

Juju: to com fome

eu: mamãe tá fazendo comida, agora vai pro banheiro tomar banho! - ela foi e eu acabei de fazer a janta.

Coloquei nossa comida e me sentei na cama pra comer, a Juju saiu do banheiro já toda cheirosa e foi pegar sua comida com a coca que sobrou de ontem.

eu: tá linda e cheirosa meu bebê

Juju: eu não sou bebê mais mãe - fala engraçada e eu sorri.

Ela se sentou do meu lado e começou a comer, como o tempo passa rápido eu só preciso dela pra me completar!

Juju: tá uma delícia mamãe

eu: mas a gente comeu esse macarrão ontem filha, não tá a mesma coisa - falo meia desanimada.

Juju: mãe tá muito bom - sorri — eu te amo

eu: também te amo muito - me deu uma vontade absurda de chorar, mas me mantive forte como sempre sou pela minha filha, pela minha Ana Julia.

Escutei alguém me gritando, olhei era minha irmã que entrou.

May: não aguento mais essa guerra porra

eu: nem eu, tá vindo dá aonde Mayara?

May: dali - ela sempre foi o xodó da minha mãe e eu sempre fui a excluída mas não culpo minha irmã por isso, pois ela está comigo e com a minha pequena em todos os momentos. — a mãe se mudou pra pista

eu: fico feliz por ela, vai junto em!!! Ficar nesse morro perdendo tempo não

May: eu vou, queria tanto que vocês fossem próxima

eu: Mayara chega desse papo, você sabe que me dói demais

May: tá, Juju que dormir com a titia hoje - olhei de cara feia pra ela.

eu: não, você sabe

Juju: porque mamãe?

eu: eu vou ficar sozinha filha? Poxa - ela me abraçou

Mimi: só hoje - riu, encarei a Mayara no ódio.

eu: não gosto dela lá

May: ela não destrata a Julia para com isso, a menina vai ficar aqui nessa situação! Nem dormir vocês conseguem, você sabe como tem sido ruim dormir aqui!

[...]

Se tudo é uma ilusão eu vivi como eu quis!❤️‍🔥 - concluída.Where stories live. Discover now