Onze.

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A viagem de carro é silenciosa, fragmentos de água se espatifam no para-brisa. Entre o leve tamborilar da chuva e o zumbido do motor, nada preenche adequadamente o silêncio. Yoongi não parece incomodado com a falta de barulho, entretanto, o rosto sério não dá nenhuma indicação do que está se passando em sua cabeça. É assim que vivem os podres de ricos, Hoseok pensa.
Eles usam uma máscara no rosto, ocultando todas as suas emoções dos olhos do público e dando uma aparência segura de estoicismo inquebrável.

De vez em quando o ômega olha pela janela para verificar se não estão entrando em algum lugar desconhecido. Embora tenha baixado a guarda, ele se lembra de sempre ser cauteloso com pessoas como o Min, que têm o mundo em suas mãos; que podem o silenciar com apenas um estalar de dedos. Felizmente não leva mais do que dez minutos para eles chegarem a um hotel luxuoso, de estatura imponente para todos verem. Yoongi sai do carro e se aproxima, mas Hoseok rapidamente abre a porta por si mesmo e sai.

Como era de se esperar, o restaurante por dentro cheira a grandeza e uma classe intocável, provavelmente apenas outro local de jantar comum para o alfa. Hoseok passa um momento olhando cautelosamente para os cantos antes de olhar para baixo. O anfitrião pisca para si e ele pigarreia, abaixando a cabeça para cobrir suas cicatrizes.

— Reserva no nome de Min Yoongi. — o mais velho afirma para o maître e entrega a chave do carro para o manobrista de prontidão.

O anfitrião os leva a uma sala isolada e Hoseok instintivamente entra em alerta, olhando para as costas largas do alfa enquanto eles entram. Uma mesa de jantar está posta na sala bem mobiliada, com interior forrado com belos ladrilhos dourados e um lustre enorme e exuberante pendurado em cima. O garçom entrega um menu a cada um e ele folheia os preços, apertando os lábios. Yoongi não poupa um único vislumbre no menu e o coloca na mesa, observando-o silenciosamente.

O desconforto surge em sua pele e Hoseok abaixa a cabeça para se esconder atrás do menu.

— Escolha o que quiser, Sr. Jung. Eu pagarei por isso. — Yoongi entoa, continuando a olha-lo.

— Não há necessidade. — Hoseok retorna imediatamente, apertando os olhos para o prato de menor preço. Ele levanta a cabeça e murmura: — Posso pegar a sopa wonton?

— Isso é um acompanhamento, Hoseok. — Yoongi interrompe, parecendo tão descontente que se esqueçe até de formalidades.

Hoseok olha para o alfa por um breve momento antes de acenar para o garçom, devolvendo o menu. Soltando um suspiro quase inaudível, Yoongi se vira para o garçom e indica: — O conjunto de luxo para dois, por favor.

Os anfitriões saem prontamente, permitindo que uma quietude estagnada tome a atmosfera. O Min bebe seu vinho tinto e se reclina em sua cadeira.

— Você já encontrou um companheiro, Sr. Jung? — Yoongi suspira enquanto pousa sua taça de vinho, a música jazz no fundo relaxando seus ombros.

O ômega aperta as mãos e responde bruscamente: — Prefiro que não se metam nos meus assuntos pessoais, Sr. Min.

Apesar do tom áspero, Yoongi não vacila ou faz um único desvio em sua expressão impassível.

— Desculpe. Eu só estou preocupado com o problema que eu mencionei com você naquele dia...sobre seus cios.

Hoseok range os dentes e permanece em silêncio, olhando para a toalha de mesa. Um nó sobe em sua garganta e o ar de repente envolve seu pescoço como um laço, sufocando-o com força. As memórias daquela tarde turbulenta com o alfa mal desapareceram e Yoongi ainda não tinha a decência de deixar o assunto morrer. Não há como negar que o Min tem o direito de o questionar, já que isso representa uma interferência em seu trabalho e ele é seu chefe. Mas droga, ele devia pelo menos ser misericordioso o suficiente para não o lembra que foi o primeiro e único a ajudá-lo.

Oásis (Yoonseok/Sope) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora