7. Espera! Valhala... É um hotel?!

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Espera! Valhala... É um hotel?!


PARA MIM, NA TEORIA morrer deveria ser como dormir. Você apenas fechava os olhos e apenas via a escuridão. Alguns diziam que viam uma luz no final de um túnel e caminhavam até ela, outros mencionavam que viam toda sua vida medíocre passar diante de seus olhos antes do último suspiro.

No meu caso nenhuma das opções acima aconteceu.

Eu só via escuridão e um vazio. Nada mais do que isso.

Se isso fosse ficção certamente, eu não estaria morta.

Eu teria salva magicamente no último segundo, milagrosamente salva ou algo teria acontecido para me impedir de morrer, mas não. Eu literalmente morri. Meus pulmões, intestino e fígado foram perfurados e dilacerados internamente. Conclusão, morri por diversas razões que a medicina poderia explicar como: hemorragia interna, infecção generalizada, perda excessiva de sangue, falha do funcionamento dos órgãos vitais e meu preferido: parada cardio-respiratória. Que belo jeito de morrer, hein?

Ah qual é Dora, você não pode ter simplesmente morrido, se não estaria contando a história. Isso seria impossível!

Não é impossível. Eu literalmente morri, mas milagrosamente eu sobrevivi.

Se doeu? Como um inferno. A dor torturante parecia que nunca passava e o sangramento também. Feridas abertas e ardendo como brasas. Você poderia facilmente sentir sua vida indo embora do seu corpo lentamente e isso que realmente era a parte assustadora.

A parte mais estranha é que só depois de morta comecei a ter sonhos estranhos.

Sonhei com dois bebês deitados em uma mesa de pedra com desenhos de runas nórdicas antigas. Era noite e eles estavam em uma espécie de floresta congelada. Os flocos de neve caiam lentamente sob o ar e no chão havia neve e gelo por todo o lado. Os bebês choravam sem parar e berravam bem alto, ao ponto de fazer os tímpanos de qualquer pessoa doer.

Eu vi uma mulher usando uma capa, mas não consegui ver completamente seu rosto, apenas uma fração pequena a qual o capuz da capa não cobria, revelando seus traços femininos. Ela estava diante dos dois bebês e parecia encará-los fixamente. Então com um único movimento ela pegou um dos bebês no colo e sufoquei um grito quando vi que um de seus braços estava em um estado avançado de pura decomposição, ao ponto da carne podre e da visão do osso quase me fazer vomitar.

O bebê que estava em seu braço chorava sem parar, mas depois ao ser ninado dos braços da mulher, ele parou magicamente de chorar e então começou a sorrir. Ele parecia ser muito mais corajoso do que eu, pois um de seus bracinhos segurava a mão em decomposição da mulher sem ter nenhum tipo de medo.

Eu não entendia porque estava sonhando com isso. Mas algo em meu peito se contorceu ou apenas se familiarizou com a cena. Como se fosse uma espécie de Dejá vu que me trazia a sensação estranha do sentimento de conforto, calor e tranquilidade. Vi um passarinho voar para perto da criança da mulher, ele era extremamente encantador e catava uma doce melodia. Entretanto, quando vi uma das mãos da mulher agarrar o pássaro pelo pescoço e quebra-lo, voltei a me assustar ao ponto de arregalar os olhos.

Mas nada foi mais bizarro do que ver a mulher arrancando a cabeça do pobre passarinho e uma quantidade de sangue saiu desse ato, mas o sangue que jorrava pelo corpo sem cabeça do passarinho era debruçado sob os lábios do bebê no braço da mulher, ele bebeu com vontade todo o sangue e parecia estar completamente faminto por ele.

A cena me fez embrulhar o estomago.

Porém o cenário mudou completamente, ao me fazer me aproximar rapidamente da mulher e do bebê em seu braço. Então tudo passou a ficar em câmera lenta, me virei para encarar o rosto do bebê, que estava envolvido em um cobertor grosso e sua boca estava completamente ensanguentada e ele ainda se alimentava do cadáver do passarinho com uma vontade e ferocidade que poderiam ter me deixado completamente perplexa isso se, eu não estivesse concentrada demais na aparência bizarra do bebê.

Things We Lost In The Fire ── 𝐌𝐀𝐆𝐍𝐔𝐒 𝐂𝐇𝐀𝐒𝐄Onde as histórias ganham vida. Descobre agora