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  Passaram-se três semanas desde o meu aniversário e as coisas têm sido mágicas. Eu tenho me dedicado à faculdade e as meninas estão fazendo planos para morarmos juntas. Confesso que sempre tive o sonho de morar com amigas, mas nunca achei que fosse algo possível, até conhecê-las.

  É uma tarde de sábado e meus pais viajaram novamente. O que significa que tenho essa casa toda para mim, pelo menos até o fim do mês. Isso não significa muita coisa, já estou mais do que acostumada e nem me sinto tão sozinha.

  Mais tarde eu vou sair com o Ethan. Não acho que isso seja novidade. Vamos para um cinema daqueles que você vê o filme de dentro do seu carro, como é o nome mesmo? Drive-in? Bom, não importa o nome. Eu só sei que sempre quis ir em um desses, e finalmente temos um na cidade.
Eu precisava pensar em uma roupa confortável, então corro para o closet. Acho que um shorts com um tecido leve e uma camiseta é uma ótima escolha. Sem demorar muito, sigo para o meu banheiro e decido fazer um momento de beleza. Passo máscaras faciais, tônicos e tomo um banho de espuma bem demorado, tão demorado que, quando saio, vejo que já estava na hora de buscar o Ethan. Vamos no meu carro por ser um conversível.

  Me arrumo, pego algumas coisas para comermos e, claro, algumas almofadas. Tempo demais no carro pode ser desconfortável. Assim que tudo está pronto, dirijo em uma velocidade razoável até a casa do cacheado.

  – Achei que tinha desistido – ele diz entrando no carro.
  – Me atrasei muito? Me desculpa.
  – Eu só estou brincando, ursinho – diz me dando um beijo na bochecha. – Estou animado!
  – Eu também! Eu sempre quis ir em um.
  – Adoro participar das suas primeiras vezes.
  – Eu adoro que esteja comigo nas minhas primeiras vezes – sorrio.

  Os nossos passeios de carro sempre são incríveis. Sempre têm muita música e risada. Ele tem as famosas piadas de tio que, de tão ruins, chegam a ser engraçadas.

  O cinema é uma graça e tem todo um ar vintage. Eu não sei se já mencionei, mas eu adoro coisas mais antigas, acho que elas têm um tom mais romântico e suave.
 
  O filme era um romance dos anos 80, e eu, como sempre, não consigo conter minhas lágrimas do começo até o final.

  – Não acredito que você chorou tanto – ele diz em um tom debochado.
  – O filme é lindo, Ethan – jogo uma almofada nele.
  – Você está me chamando para outra guerra, Alissa?
  – O que acha, Cooper? – Jogo outra almofada.
  – Você me paga!

  Começamos uma guerra de almofadas no meio do estacionamento. Não percebemos o tempo que ficamos nisso até eu ver que éramos os únicos no lugar.

  – Acho melhor irmos embora – rio e ligo o carro.
  – O tempo voou – ele diz em meio a uma risada alta.
  – Tem razão. Mas mudando de assunto, eu tenho que te levar em um lugar. É bem especial.
  – E onde é?
  – Quem tem pressa come cru, sabia?
  – Tá bom, garota misteriosa - ele ri e eu o acompanho.

  Decidi levá-lo até o meu lugar secreto.

  É um topo de uma montanha e ninguém costuma ir para lá. Eu sempre vou quando preciso de um tempo para pensar. É um pouco longe, mas dá vista para toda a cidade.

  – Chegamos!
  – Uau!
  – O que achou?
  – Esse lugar é incrível, Ali!
  – Eu costumo vir aqui quando preciso pensar, mas acho que agora pode ser o nosso cantinho. – Seguro sua mão e o levo até um banquinho.
  – Eu nunca negaria – ele passa o braço pelo meu ombro e me puxa para mais perto.
  – Gosto da vista e do céu aqui, parece tudo mais leve.
  – E você tem toda razão.

  Ficamos por um tempo observando o céu, que estava completamente estrelado.

  – Todos os momentos com você são tão especiais... Queria que durassem para sempre – digo olhando para frente.
  – Isso é impossível, mas o que eu posso te garantir é que temos todo o tempo do mundo para vivermos o que quisermos juntos – ele sorri.

  A ideia de tê-lo para sempre comigo deixa o meu coração quente. Eu não quero deixá-lo. Nunca.

  – Se tivesse uma única frase para me dizer além de eu te amo, o que seria?
  – Que tipo de pergunta é essa, Ethan?
  – Eu não sei, você sabe que eu sou meio doido – ele ri. – Mas responde, vai.
  – Não se vá.
  – E para onde eu iria?
  – De volta para o Canadá, ou... Sei lá. E você? O que me diria?
  – Eu nunca iria para lugar algum sem você.

  Isso me passa uma segurança inacreditável. Eu sempre tive medo de ficar sozinha, mas com ele aqui, eu não sinto que preciso me preocupar.

Não se vá.Onde histórias criam vida. Descubra agora