Capítulo VII

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O capítulo contém gatilho sobre abuso infantil.

Antônio estava sentado no sofá, vendo televisão, enquanto Meg estudava na cozinha.

- Por outro lado, se a pessoa é severamente maltratada desde a mais tenra infância - Submetida a constantes abusos físicos e psicológicos - ela crescerá com uma visão deturpada da vida. Para tal pessoa, o mundo é um lugar detestável, onde todas as relações humanas são baseadas não em amor e respeito, mas no poder, no sofrimento e na humilhação. Tendo sido torturado na infância por aqueles que deveriam protegê-lo, o indivíduo buscará mais tarde torturar os outros, em parte como uma forma de vingança, e em parte porquê foi tão deformado psicologicamente por suas experiências que só consegue sentir prazer ao causar dor, e nos casos mais extremos, só consegue se sentir vivo ao causar a morte - O Professor de Meg da faculdade de psicologia explicava através de uma vídeo chamada com o restante dos alunos.

- Então, abusos infantis podem desencadear a psicopatia? - Meg perguntou, enquanto arrumava seu notebook em cima da mesa.

- Sim, podem. Temos um exemplo clássico, a precoce Seriall Killer, Mary Bell, foi criada por uma mãe que tentou diversas vezes se livrar da filha colocando drogas em sua comida e ela também participou da tortura sexual da sua filha. Enquanto seus clientes estupravam oralmente a criança. E anos mais tarde, Mary Bell, com apenas dez anos de idade matou duas crianças de cinco e seis anos. Não podemos afirmar que se ela não tivesse sofrido esses abusos, ela não teria matado. Mas com certeza esses abusos, a influenciaram de certa forma. - O Professor ajeita seu óculos e continua a explicação.

A aula se estendeu por mais cinquenta minutos, até se encerrar às 19h em ponto. Meg adorava estudar psicologia, apesar de ter o sonho em ser perita criminal. Antônio nunca a apoiou nessa profissão, porquê ele dizia que: "Não queria namorar uma perturbada que mexia em cadáveres." Então ela optou pela psicologia, que não era lá a sua área favorita, mas lhe rendia um bom conhecimento e um bom salário futuramente.

Ela desligou o seu notebook e levantou da cadeira em que estava sentada. Sua cabeça estava tão presa na reunião que aconteceu mais cedo e em como aquelas pessoas pareciam tão esquisitas e mórbidas pedidas em seu próprio mundo. A única que havia falado com ela tinha sido Dona Ilda, que a convidou para sua casa. As palavras da senhora não saiam da sua cabeça. O que me amarra?

Ela se sentou ao lado de Antônio no sofá, enquanto ele mexia perdidamente no celular, enquanto a Tv ligava passava MTV, tocando uma playlist de música do Roberto Carlos, pois naquele dia, o músico completava 80 anos.

- Que tal pedirmos uma pizza? - Meg cortou o silêncio.

- As pizzas dessa região são muito caras. - Antônio respondeu com desdém.

- Um Hambúrguer? Esfihas?

- Comemos o que tem no armário. - Ele desligou a tela do celular, dando um beijo demorado na testa de Meg.

- Então vamos a um mercado. - Ela insistiu.

- Comemos o que tem no armário. - Ele repetiu, colocando sua mão na coxa de Meg.

Ela tirou a mão dele da sua coxa e levantou, respirou fundo e foi pro quarto. Que merda, como pode uma pessoa ser tão mesquinha ao ponto de se recusar a comprar uma comida? Um dinheiro vale mesmo o tempo com uma pessoa amada? Não, Mégara, não vale!

Ela deitou na cama, olhando fixamente para o teto. Pensando novamente se fez a escolha certa em ter vindo pra cá, em estar seguindo cegamente Antônio, mas uma coisa dentro dela dizia que sim, que isso era a melhor decisão de sua vida, mas outra, dizia que ela estava perdendo a sua essência.

Um choro infantil chamou a sua atenção, um choro baixo, aparentemente de dor. Sons que pareciam vir de baixo da sua cama, em seguida, ela ouviu um estrondoso som de tiro, e o choro aumentava. Ela sentou na cama, e a cada movimento pequeno que ela fazia, o choro aumentava, ficando cada vez mais alto. Ela ajoelhou e olhou em baixo da cama, não havia ninguém! Realmente, Meg estava ficando louca.

Ela se sentou no chão, e uma figura infantil se sentou em sua frente. Havia um buraco grande em seu peito, ela estava vestindo uma camisola branca, seus cabelos loiros amarrados em marias-chiquinhas brilhavam na luz da lua.

- Tá doendo aqui. - Ela apontou pro buraco em seu peito e em seguida tocou na mão gelada de Mégara.

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⏰ Last updated: May 05, 2021 ⏰

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