Capítulo 33: Eu nunca estive apaixonada

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Pov Rafaella

— Você.

Você. Você. Você.

Significado de você: aquele a quem se fala ou se escreve. Sua origem encontra-se na expressão de tratamento de deferência vossa mercê, que se transformou sucessivamente em, vosmecê, vancê e você.

Uma palavra tão simples, mas que pode deixar até a pessoa mais serena em caos total. Você.

— Eu...— tudo que consegui fazer após Bianca revelar quem foi a primeira pessoa que ela notou na faculdade foi sorrir. Sorri sem saber onde enfiar minha cara, que agora estava vermelha e eu tenho certeza disso. Por que eu fui perguntar?

Minhas mãos suavam dentro do bolso do sobretudo e notando esse desconforto nada aprazível, as tirei de lá. Bianca não falava nada. Muito menos eu.

— Eu lembro de ter descido do carro na parte de trás do campus. Então eu vi uma garota extremamente irritada, embaixo daquela enorme árvore que tem lá. Ela estava com alguns livros no colo, mas sua cara era a pior de todas, como se aquele dia não fosse dela. Um garoto se aproximou e isso a irritou mais ainda, quase fiquei com dó dele. Menos de cinco minutos depois ela levantou e saiu batendo o pé, se olhar matasse... muitas pessoas não estariam vivas agora. E eu estava apenas admirando a árvore até ela esbarrar em mim e acabar com a minha bolha perfeita. Diogo logo apareceu, pedindo para ela prestar atenção. Ela sequer ligou.— o ventinho que batia em meus ouvidos me deixava ainda mais extasiada do que eu poderia ficar. Bianca tinha esse largo sorriso no rosto, sua feição era nada menos do que nostálgica.

São Paulo estava quente como o inferno, e isso não melhorava meu humor. Em nada! Como Daniel não acha importante os estudos para o exame final? Só por que aconteceria em seis meses? É pouco tempo! E sob a centenária árvore que o campus abriga, lá estava eu... completamente irritada.

— Linda...— desde quando eu deixei ele sentar ali?

— Se eu quisesse falar com você, não estava aqui! Me deixa.

— Só não quero que você pegue muito pesado... você está tão preparada que é quase uma ameaça para todos nós.

— Isso deveria limpar a sua barra?— finalmente olhei para ele.

— Sim...?

— Ótimo. Não deu certo.

Se não posso ter paz nem embaixo da árvore centenária, em um dia de calor como hoje... melhor não ficar. Então levantei realmente brava e saí dali sem olhar para trás.

— Assim você derruba todo mundo, Kalimann!

Sem olhar para frente também.

— Então você sempre esteve ali. Literalmente.— e ainda assim eu não vi.

— Não é como se eu fosse exigir pelo menos um pedido de desculpas...— ela continuava sorrindo.— Eu só queria saber o que estava te deixando tão brava... quase levou meu ombro com você.

— As provas finais... foram escandalosas, lembra?— sorrimos ao relembrar a loucura que foi aquele fim de ano.

— Claro que sim!

— A propósito... desculpa por ter esbarrado em você.

— Desculpas aceitas, Kalimann. Agora vai dormir, amanhã será um belo dia.

— Assim do nada?

— Como assim do nada?

— Eu tenho vinho... e histórias de faculdade, histórias essas que provavelmente você estava junto e eu não notei.

My Interpreter (Rabia Version)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora