01_ Você não pode me abandonar naquele inferno...

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Rain Miller

Senti o meu cobertor ser arrancado de cima de mim pelo meu pai, revirei os olhos percebendo que a minha tentativa de fuga tinha falhado, miseravelmente. Pelo menos, parte dela, já que eu consegui ir para a festa e voltar.

A vida seria mais fácil se eu fosse um ninja, ou se eu nem tivesse nascido.

É cedo demais pra começar com as piadas pesadas?

- RAIN, EU SEI QUE VOCÊ TÁ ACORDADA, LEVANTA DA DROGA DESSA CAMA AGORA. - Ordenou.

Abaixem o volume, as cenas a seguir contém muita gritaria de velho que precisa fumar um ou pelo menos cheirar um pó.

Antes de eu me sentar na cama, enfiei o meu celular debaixo do travesseiro com medo deles inventarem de pedir ele.

Se eles decidirem pegar o meu celular, vão ver um nude meu logo de cara na tela de início.

Um perigo constante mas um prazer também.

Eu tenho que admirar a obra de arte que eu sou.

Eu ainda estava com o vestido que usei para sair, com a maquiagem borrada e com os cabelos bagunçados. Eu tive que voltar correndo e os meus pés devem estar parecendo carvão, já que eu estava descalça quando fugi da festa.

Longa história, mas resumindo, o dono da boate tem uma filha, a filha não gosta muito de mim, e eu não me importei de jogar uma mesa nela, literalmente.

- Bom dia meu pai querido, acordou cedo né? - Brinquei com um sorriso.

- Garota, você não sabe o quanto eu to me controlando pra não...

Pra não me comprar uma casa bem longe dessa cidade? Viu, gente? Ele é um amor!

- Válter. - Chamou a minha mãe, impedindo o meu pai de possivelmente me xingar em 3 línguas diferentes.

Nada que eu já não esteja habituada, até porquê eu xingo ele na minha cabeça em 5 línguas diferentes.

- VOCÊ FOI EXPULSA MAIS UMA VEZ. - Reclamou o meu pai, já vermelho pela irritação.

Finalmente...

Eu to quase chorando de emoção.

- O quê? - Comecei a atuar, escondendo o meu sorriso vitorioso. - Eu não acredito... Deve ter sido um engano.

- VOCÊ TACOU FOGO NO ESCRITÓRIO DA DIRETORA, RAIN, VOCÊ QUER MESMO QUE EU ACREDITE QUE ESSE NÃO É O QUINTO ESCRITÓRIO QUE VOCÊ COLOCA FOGO? - Gritou o meu pai em pânico.

Em minha defesa, a diretora era uma vadia comigo.

Só porquê eu fui expulsa de outras quatro escolas, não significa que eu não sou legal ou não posso ter boas notas.

- Eu não fiz nada. - Menti, dando o meu máximo para esconder o sorriso.

- Você é simplesmente impossível, eu não entendo como você é minha filha, o Lorenzo nunca faria algo assim. - Protestou o meu pai, usando o meu irmão, mais uma vez como um argumento.

- Eu não sou ele. - Falei rapidamente, mudando o tom da minha voz para um tom frio.

- Claro que você não é ele, ele era bem melhor que isso, e outra, ele está morto. - Me lembrou.

O meu pai age como se eu não soubesse disso. Como eu poderia me esquecer, se eles me lembram todos os dias o quanto o meu irmão perfeito morreu por minha causa?

Trazer o nome "Lorenzo" pra uma conversa, é pedir para que eu me feche completamente e aja como uma idiota.

- Você é o único que precisa aceitar que ele morreu. - Soltei com raiva e o olhar do meu pai escureceu.

O Colégio InternoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora