Capitulo 5

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Sophie Rockenbach

Já faz duas semanas que Lorenzo propôs que nos casássemos. Confesso que me assustei no começo, pois não imaginava que um italiano fosse querer uma mulher como eu ao seu lado. Eles preferem às inocentes e bom, eu sou, digamos, cruel.

Fui treinada desde pequena a matar, torturar e sou grata aos meus pais por terem me criado assim. Pro mundo eu sou apenas a princesa da máfia, mas quando a Camorra precisa de um assassino, aí é que eu entro.
Minha identidade com Unerträglich é muito segura, pois os que veem o meu rosto, jamais verá outro. Sou a última imagem em suas cabeças, o último cheiro que sentem, a última mão que os toca, os tortura e eu amo isso.

A sensação do sangue escorrendo por minhas mãos, os gritos, o desespero. Mas o que me excita mesmo é a expressão de seus rostos enquanto nego misericórdia, é como uma droga que estou viciada. Irônico da minha parte, pois foi exatamente por isso que passei aos 14 anos.
O desespero em nossos olhos, as lágrimas rolando por nossos corpos, se misturando com nossos sangue e suor. Os gritos, isso foi o pior, os gritos não cessavam e hoje o que eu mais amo em escutar são os gritos dos meus torturados. Seria cômico, se não fosse trágico.

Não sei exatamente o por que aceitei me casar com Lorenzo, apesar de ser bem parecido comigo na questão máfia, na vida pessoal somos bem diferentes.
Lorenzo e o típico homem cafajeste, mas que sabe dar amor a quem merece, se vê isso pela forma que trata seus irmãos. Sei pouco deles, mas o que sei é que seus pais morreram quando ele tinha 15 anos e seus irmãos 10. Assim, com tão pouca idade, Lorenzo teve que se tornar chefe da famiglia e em pouco tempo, obteve o respeito de todos os que duvidaram dele.
Se tornou conhecido como il diavolo*, pela forma que tortura e lidera a Casa Nostra.

*o diabo

Apesar de saber que não será um casamento onde terá amor, sei que haverá respeito, pois as leis da máfia alemã e italiana são bem parecidas, já que a Camorra foi construída com a ajuda dos italianos no século XVll .
Umas dessas leis é não trair sua esposa, pois se ela não pode confiar no homem que dorme ao seu lado, porque a famiglia deveria confiar? E isso me deixa tranquila, não é por que não o amo que eu tenho que ser corna e eu mataria cada uma que entrasse no meu caminho.

Sou tirada dos meus pensamentos com o piloto do jatinho informando que já vamos pousar. Estou chegando em Sicília pra ser apresentada pra Famiglia.
Desço do avião e sou recebida por uma ruiva muito linda, creio que seja irmã de Lorenzo, a genética realmente é muito forte.

-Benvenuta in Sicília, cara cognata! -diz com um abraço apertado
(Bem vinda a Sicília, querida cunhada!)

-Grazie!

-Me desculpe, esqueci que somos mais calorosos que vocês.

-Não se preocupe, tenho uma mãe bem calorosa também. - dou um sorriso e ela retribui

-Antonella Rossi - me estende a mão e eu pego num cumprimento

-Sophie Rockenbach

-Eu seu, fiquei encarregada de investigar tudo sobre você - diz orgulhosa e inflando o peito enquanto entra no carro, uma BMW X6 preta,  sento no banco  traseiro ao seu lado.

-Você fez um ótimo trabalho. - pisco pra ela

-Bom, eu sou ótima no que faço, assim como você! - ela pisca de volta - Sou uma hacker eficiente.

-Pensei que fosse a Consigliere.

-Também. Sou oficialmente a consigliere da família, mas quando Lorenzo precisa de um hacker nos assuntos que só nós podemos saber, bem...

-Chegamos senhoritas - o motorista nos informa e descemos do carro.

-Daqui a duas horas o jantar estará pronto. Pode se trocar no meu quarto, Lorenzo ainda não chegou, mas estará aqui na hora certa.

-Obrigada Antonella.

A mansão é linda, típica italiana. Achei que o jardim mais bonito que já tinha visto era da minha cafeteria preferida, eu estava errada.
A casa fica numa pequena ilha cheia de pedras. Estou apaixonada por essa mansão, definitivamente vou amar morar aqui.

O inferno que há em mim Livro 1 O legado Rockenbach-Rossi Onde as histórias ganham vida. Descobre agora