Prólogo

989 37 3
                                    

— Quem é essa? — a garota perguntou em frente ao computador.

— Rebeca Sanchez, condenada a mais de 60 anos de prisão por vários crimes.

— Como ela foi de uma mulher linda para um monstro deformado?

— Ateou fogo no próprio corpo.

— Como foi o passado dela?

— Bem complicado e sofrido. — pegou uma pasta de uma prateleira — Aqui está toda a história dela, de cabo a rabo e com depoimentos de algumas pessoas, inclusive dela mesma contando com as próprias palavras o que aconteceu. — mostrou para a jovem.

— Quero ler.

— Certeza, senhorita?

— Absoluta. — continuou encarando o computador — Deixe essa pasta separada, estou indo para a escola.

— Como quiser, senhorita.

— Obrigada. — pegou a mochila e se retirou do escritório.

...

Rebeca estava na cela olhando a foto mais recente de seu neto e lendo onde Aurora dizia que tinha caído o primeiro dente de leite dele e também com uma letra esgarranchada estava escrito: Eu te amo, vovó.

— Não deveria ficar se escondendo, menina. — uma senhora comentou na beliche.

— Olha como eu fiquei, Luísa... — Rebeca virou para ela falando com dificuldade por conta das queimaduras que deixaram traumas na região de sua boca.

— É apenas exterior, o que importa é como você está por dentro. — sentou ao lado dela — Se tiver fé, ou um pouco de esperança, pode ser que você volte a conviver em sociedade.

— As pessoas vão ter muito mais medo de mim pela maneira que estou, se for pra ser solta e as pessoas ainda continuarem correndo, prefiro continuar presa. — guardou a foto e a carta com a mão meio trêmula.

— Que besteira você foi fazer, menina...

— Eu não sei o que eu tinha cabeça, estou tão arrependida... Eu queria muito uma vida normal, eu queria ser uma mulher digna, ter meus filhos, um trabalho de respeito, um marido que me amasse... — começou a chorar — Ninguém vai me querer assim...

— Ai... Rebeca... — alisou o ombro dela carinhosa.

— Eu queria que minha filha se importasse mais comigo... Todavia não é recomendável que ela venha me ver...

— Eu ainda tenho esperança e acredito em você, meu anjo. Você vai conquistar seus sonhos ainda. Prometo. — segurou a mão de Bárbara.

...

Na fazenda, Santiaguinho estava com o pai pintando uma tela no jardim todo sorridente e Aurora assistia de longe toda carinhosa enquanto escrevia a próxima carta para a mãe.

— Fernanda, seria bom se tivéssemos um filho, para que seu pai tivesse mais um netinho e para Santiaguinho ter um priminho pra brincar.

— Ai, Eduardo, essas coisas são complicadas, eu não sinto que me realizei o suficiente para ser mãe agora, temos tempo para pensar nisso.

— Você anda meio distante de mim...

— Não só de você, é de todo mundo... Ando precisando de um pouco de paz pra respirar, o trabalho tá bem complicado.

— É, eu tenho percebido mesmo. — cruzou os braços pensativo.

— Bom, eu vou voltar para o escritório reler um relatório. — se virou e entrou.

Reaprendendo a CaminharOnde as histórias ganham vida. Descobre agora