17_ A arte do contato visual.

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Rain Miller

- Como você não lembra disso, meu amor? - Perguntou o Marcus frustrado.

Não se enganem pelo "meu amor", ele tá me xingando faz uns 30 minutos por eu não entender esse árabe dele.

Eu tenho quase certeza que ouvi ele falar italiano enquanto me xingava.

- Você estudou isso nos anos anteriores. - Me lembrou.

- Nos anos anteriores, eu dormia o dia todo. - Expliquei. - Eu não to entendendo nada... - Choraminguei.

- Amato padre, sto avendo un attacco di cuore per questa donna. Merda. Cazzo. - Sussurrou o Marcus surtando.

- Eu não aguento mais! - Reclamei enfiando o rosto no caderno cheio de letras e números e o Marcus riu.

Com a cabeça ainda grudada no meu caderno, eu senti a mão do Marcus deslizar pelas minhas costas.

Ele traçou um caminho com os dedos gentilmente, do meu ombro até a minha cintura, fazendo aquelas voltas frias se animarem no meu estômago.

A sua mão quente tocou a minha que estava na mesa e eu levantei o meu rosto pra encarar ele.

- Vem... - Chamou se levantando.

Eu me ajeitei confusa na cadeira e encarei o Marcus, que fechava todos os livros e cadernos. Ele arrumou tudo que estava na mesa e depois estendeu a sua mão pra mim.

Hesitante, eu peguei a sua mão e ele começou a me guiar.

- Para onde você está me levando? - Perguntei quando senti ele apertar a minha mão.

- Vamos fazer algumas coisas do tipo "a gente não devia fazer isso". - Respondeu sorrindo pra mim de lado e eu devolvi o sorriso animada.

O Marcus continuou me levando pela biblioteca, e só então eu notei que éramos as últimas pessoas dentro dela. Quando ele parou, eu notei aonde estávamos.

A janela.

O Marcus abriu a janela e me deu espaço pra pular.

Quando eu fui pular, ele me ajudou para que eu não morresse de uma trágica queda, em seguida ele pulou também e fechou a janela.

Subimos aquela escada e logo estávamos no topo do terraço.

Me virei para encarar o Marcus com um sorriso e ele se aproximou.

- Tem um pouco do diabo nos seus olhos de anjo, sabia? - Falou me olhando curioso.

- Ah por favor, até o diabo teria medo de ver o que eu vi. - Soltei começando a andar pelo terraço.

Eu caminhei até uma ponta do terraço e me sentei ali, observando o Marcus se sentar também.

- Eu gosto mais do mundo quando ele ta invertido. - Falou o Marcus com um sorriso e eu ri confusa.

- Você cheirou tang? - Questionei ainda rindo.

- O de morango é maravilhoso e apenas deita. - Respondeu e eu encarei ele ainda mais confusa. - Apenas deita! - Encorajou.

Deitando na pedra fria, eu inevitavelmente tive que encarar o céu escuro, cheio de estrelas e com a lua subindo.

O Marcus se deitou do meu lado e a gente ficou algum tempo em silêncio apenas encarando o céu.

- Se você pudesse pintar qualquer coisa do mundo, o que você pintaria? - Perguntei com um sorriso.

- A minha mãe, eu acho. - Respondeu rindo. - E você?

- O céu. - Respondi baixinho.

- Por que o céu? - Questionou curioso.

- Não tem arte mais bonita nesse mundo que o céu. E além do mais, eu acredito que o céu foi pintado pelos mais talentosos e desconhecidos artistas, eu admiro a obra deles todos os dias. - Expliquei sentindo o olhar do Marcus sobre mim.

Eu encarei ele de volta.

E a gente ficou assim, um olhando para o outro. No silêncio da noite, tudo que dava para escutar eram os meus batimentos cardíacos se alinhando com os dele.

As nossas mãos e corpos, levemente se tocando e aquecendo.

O olhar dele penetrando o meu enquanto respirávamos lentamente em sincronia.

A arte do contato visual.

O Marcus subiu a sua mão até o meu rosto e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

Ele tocou minha bochecha com carinho e eu senti como se as estrelas do céu estivessem dançando sobre a minha pele.

Eu peguei a sua mão no meu rosto e por um segundo fechei os olhos aproveitando aquele momento.

Quando abri os olhos, me obriguei a sentar e o Marcus fez o mesmo me encarando confuso.

- Vamos? - Sugeri e ele assentiu um pouco decepcionado.

Logo estávamos nos corredores e fomos obrigados a passar mais uma vez por aquela sala de música.

O Marcus ao notar o meu olhar, falou.

- Eu posso conseguir a chave.

- Chave? - Repeti confusa.

- Da sala de música. - Respondeu. - Eu consigo notar o jeito que você olha para aquela porta sempre que passamos por aqui. Não seria difícil conseguir a chave pra você. - Explicou e eu sorri sem mostrar os dentes tentando esconder a minha animação.

Nós nos despedimos assim que ele me deixou na porta do meu dormitório.

Eu entrei com um sorriso no rosto e de repente fui puxada.

continua...

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qnd tiver 5005 comentários eu posto o próximo cap ainda hj

tradução pro negócio que o Marcus falou em italiano:

- Pai amado, eu to tendo um ataque do coração por causa dessa mulher. Merda. Porra.

- bea.

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