DEZESSETE

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Juliette Freire.

Ela me olhou, erguendo uma sobrancelha.

- Faça.

- A mãe do Bil alguma vez deu em cima de você? - Ela se enrijeceu.

- Por que isso agora?

- Eu quero saber.

- E você não sabe?

- Não, eu não sei. Por favor, me diga. - Ela sorriu, irônica.

- Você viveu anos com a sua sogra. Não sabe como ela era?

- Sei que sempre foi boa para mim. Nunca pude falar nada dela, ela era a melhor amiga da minha mãe.

- Isso é passado, Juliette. Por que foi desenterrar isso agora?

- Por que eu só fiquei sabendo ontem. Bil acordou e falou.

- Falou o quê?

- Ele pensou que eu fosse a mãe dele e me acusou de dar em cima de você. Isso aconteceu mesmo?

Sarah acomodou-se melhor contra o meu corpo, puxando a minha perna sobre o seu quadril. Acariciou a minha coxa distraidamente.

- Sua sogra era uma caçadora. Ela queria um homem rico que realizasse todos os seus caprichos, mas gostava de rapazes e garotas mais jovens. Casou com meu pai e se divertiu muito por aí sem que ele soubesse. Inclusive com conhecidos meus. Durante uma época me teve como alvo preferencial para sua sedução. Mas a única coisa que eu sentia por ela era desprezo.

- Por ela, por Bil e por mim.

- Todos vocês eram iguais, Juliette. Meu pai foi um bobo por se deixar enganar tanto.

- Nunca enxerguei a mãe do Bil desse jeito.

Ela não disse nada e continuamos nos olhando. 

- Você acha que eu sou igual a ela, não é?

- Tenho certeza.

Não havia muito que retrucar. Eu sabia disso e não podia fazer nada. Nosso relacionamento envolvia sexo e dinheiro e eu era casada. Como não ser comparada com a minha sogra? No entanto, saber disso não melhorava o modo como eu me sentia. Desejei que tudo pudesse ter sido diferente entre nós.

Era estranho ficar ali, tão à vontade com Sarah, nua, satisfeita, quando eu sabia que ela me desprezava. Eu também devia desprezá-la, por ter cobrado sexo em troca de dinheiro que eu precisava tão desesperadamente.

No entanto, aqueles momentos com ela eram os mais prazerosos que eu tinha em anos. Era uma fuga da vida horrível que eu vinha levando.

...

Nós nos arrumamos separadas para ir ao jantar de negócios. Sarah disse se tratar da comemoração sobre a assinatura de um contrato com alguns artistas famosos, que se apresentariam em uma de suas casas de show.

Deixei os cabelos soltos, com leves ondulações nas pontas. Apliquei rímel nos cílios já compridos, tornando-os mais escuros e espessos. Foi incrível a diferença em meu olhar; meus olhos pareceram mais intensos e brilhantes. Nos lábios carnudos apliquei um batom vermelho.

O vestido caiu perfeitamente. Marcava, sem ser vulgar, os seios redondinhos, a cintura fina e os quadris arredondados. Com a sandália de tiras finas, o traje chique e lindo ficou completo.

Sentia-me outra mulher, linda e sensual. Há anos não sabia o que era me arrumar e me admirar. Quase não acreditava que aquela imagem no espelho fosse minha.

CHANTAGEM - SARIETTEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora