VINTE E QUATRO

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Sarah Andrade.

Logo depois que Thaís desligou na minha cara eu suspirei alto e me joguei na cama novamente.

Será que Juliette contou para Carla o que aconteceu aquele dia?

Ela não deveria ter feito isso.

Juliette é muito idiota se acha que consegue me fazer de boba. As coisas acontecem do jeito que eu quero e na hora que eu quero, sempre foi assim e vai continuar sendo.

Peguei meu celular que estava ao meu lado na cama, disquei o número e no segundo toque ela atendeu.

- Imagina a minha surpresa quando vi que era você. - Uma voz fina preencheu meu ouvido. - Está com saudades, querida?

- De você, sempre. - Digo galanteadora. - Bom dia, Viviane.

- Bom dia, Sarah. Como você está?

- Estou bem. Estará ocupada essa noite?

- Essa noite? - Murmurei um sim, escuto sua risada baixinha no outro lado da linha. - Não, por que? Quer que eu vá para sua casa? - Diz ainda risonha. - Se quiser posso ir agora.

- Pocah, Pocah controla-se. - Conti minha risada. - Pode me encontrar naquele lugar hoje?

- Que pena que você não quer minha companhia nessa manhã nublada de sábado. Nós poderíamos fazer tantas coisas...

- É uma proposta tentadora, mas continuarei com a minha palavra. Nos vemos mais tarde... Ah! Convide seu amigo Filipe, talvez ele goste do nosso programa.

- Convidarei. Até mais, Sarah. Amo você.

- Também amo você. - A linha ficou muda, joguei meu celular em cima da cama.

- É Juliette, hoje você vai pagar por não ter ficado com a boca fechada.

Me ajeitei melhor na cama, e passei a olhar o teto do quarto e um pequeno filme da minha vida começou a passar pela minha cabeça, e eu tive a pequena impressão de que fiz tudo errado... De novo.

Eu tenho consciência das coisas que fiz com a Juliette, mas quem ela pensa que é? Eu havia deixado bem claro que sempre que eu a quisesse, ela deveria estar disponível para mim, então ela não tinha nada que trazer sua filha para dentro da minha casa, eu tive que insistir para podermos transar a primeira vez aquele dia e eu não iria insistir uma segunda vez por causa de uma pentelha que já estava até dormindo.

Se hoje eu sou assim, fria e calculista é por culpa da Juliette, não só culpa dela, é claro, mas uma grande parcela sim. Eu sei que afasto muitas pessoas por isso, mas isso é uma forma de me auto-defender, eu quero que as pessoas tenham medo de mim. Eu levo tudo a ferro e fogo porque assim eu sei que vou ter o respeito delas. Todas as vezes que eu fui boa e tentei fazer as coisas certas tentaram me passar para trás. Um exemplo é a Vitória. Eu realmente gostava dela, ainda gosto na verdade, mas agora não é pelo modo carnal. Ela não precisava ter feito nada daquilo e foi isso que me deixou fora de mim, fazendo eu chegar e ameaçar ela e sua família.

Eu não gosto de ser feita de boba, eu posso ser tudo, menos isso. Eu posso ser o diabo, um monstro horrível, uma pessoa sem coração, tudo que você possa imaginar, menos boba. Porém como todo ser humano é fraco, eu também fui e Vitória quis se aproveitar da minha fragilidade, onde que ela acabou pecando, porque eu sou fraca, mas também não devia ter me subestimando.

Sei que depois que as investigações foram encerradas por faltas de prova, Vitória acabou sofrendo muito, os pais fugiram e deixaram ela praticamente sozinha, ela estava grávida e seria mãe solteira, porém acabou sofrendo um abortando espontâneo, ela havia perdido todo o luxo que estava acostumada, ou seja, ela estava me odiando por ter estragado a sua vida perfeita, isso não é uma suposição, sei que ela realmente me odeia, Thaís me falou isso inúmeras vezes, me disse que se Vitória pudesse me matar, ela mataria. Fui obrigada a rir quando a Braz me disse isso, a loira não teria toda essa coragem, ela não é louca a esse ponto.

CHANTAGEM - SARIETTEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora