VINTE E CINCO

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Juliette Freire.

Durante o sábado, meu dia foi rotineiro, em casa com Bil inconsciente, Cecile animada, brincando e falando sem parar, a presença de Mary e o papo com a Carla, que apareceu aqui alegando que não queria ficar em casa sozinha, já que Thaís havia saído cedo de casa para poder ir em uma reunião com uma cliente importante. 

Limpei a casa, até ficar exausta e tudo brilhar. Eu estava mais calada que o normal, mas fora isso ninguém havia reparado que eu me sentia mudada desde aquela madrugada.

O celular tocou por volta das 07:00 p.m, quando eu lia um livro na sala e Cecile tinha ido dar banho no cachorro de Carla, obviamente junto com ela na casa dela. Eu tremia ao atender. Não falava com Sarah desde quarta-feira de manhã. Ainda sentia muita raiva dela e medo. Mas também uma estranha saudade, que chegava a doer.

- Alô.

- Oi, Juliette. - Parecia que eu não ouvia a voz dela a décadas. Apertei o celular com força. - Estou esperando você.

Pensei em dizer não, mas tinha um contrato a cumprir.

- Certo. - Falei com a mesma frieza que ela. - Rodolffo já está a caminho? 

- Sim. Esteja pronta. - E só. Guardei o celular, com aquela odiosa vontade de chorar novamente me engolfando.

...

Cheguei ao apartamento dela com os nervos em farrapos. Após o nosso último encontro, eu a temia e não sabia o que esperar dela. Muito menos aquela emoção forte e estonteante misturada com medo que senti quando ela abriu a porta e eu a olhe. Todo meu ser reagiu com sentimentos violentos e desconexos de vergonha, dor, paixão, luxúria.

Não dissemos nada. Entrei, trêmula e nervosa. Não sabia como ela me trataria dali por diante ou como eu deveria me portar. Parei perto do sofá, com o olhar fixo a minha frente. Fiquei surpresa ao ver várias lingeries espalhadas pelo sofá, de todas as cores e formatos.

Sarah parou ao meu lado, fitando-me fixamente.

- Camilla tem suas medidas na loja. Mandei que ela escolhesse algumas peças para você e enviasse para cá. Tire as roupas e experimente-as.

Não olhei para ela. Eu sentia sua frieza congelando-me.

 "Daqui por diante você vai ser tratada como a puta que é."

Aquelas palavras proferidas por ela no nosso último encontro, voltaram nítidas a minha mente. Então era assim. Ela mandava e eu obedecia. Aquela ligação que havia começado a se formar entre a gente havia sido rompida. Eu seria só mais uma obediente prostituta. Larguei minha bolsa, sentindo-me também fria. Desabotoei a blusa, o velho sutiã, a calça. Tirei tudo. Nua, só os cabelos densos e compridos me cobriam um pouco. Então a olhei, bem dentro das íris esverdeadas.

- O que quer que eu coloque primeiro? - Disse fria, sem demonstrar nenhuma emoção, esperando que aquilo acabasse logo.

Os olhos dela brilhavam muito, como se estivessem consumidos por chamas. Desprezo e algo mais estavam ali. A voz saiu gelada.

- Escolha você.

Olhei novamente para as peças. Peguei a mais próxima, sem me importar. Era um conjunto de meia calça preta, até o meio das coxas, onde era rendada, fio dental preto e sutiã meia taça preto e rendado, com bojo transparente.

Sentei-me na poltrona, sob o olhar dela, e vesti-me. Quando fiquei pronta, me levantei e a encarei.

- Quer que eu desfile agora? - Indaguei sarcástica e secamente.

CHANTAGEM - SARIETTEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora