02. my name is fucking Alex!

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A menina sentou-se na cadeira da cafeteria após pedir algo para comer, suas mãos tremiam por conta da pressão baixa e da raiva que sentia do guitarrista. Eles passaram 10 minutos dentro do carro, mas devem ter se xingado até as suas próximas cinco gerações. Ela não entendia o porquê dele estar sendo um enorme cuzão, nas suas cartas ele era sempre cordial, educado.

"Humpf, não acredito que chamei essa coisa para tocar conosco", ele resmungou, terminando de comer o resto da paciência da garota.

"E por que não? Hm?", ela se levantou com raiva, arrastando sua cadeira para trás, batendo suas mãos na mesa e indo para frente, encarando o guitarrista, os outros três olharam preocupados. "Por que eu tenho peitos?", ela repetiu a frase do homem dita mais cedo. "Ou por que você tem medo de buceta?", a garota enfiou a mão no bolso da jaqueta, tirando sua identidade do bolso e a bateu na mesa, na frente de Aarseth. "A porra do meu nome é Alex, caralho!", dessa vez ela gritou, sua voz saindo de um jeito gutural e profundo, como na fita. Øystein se encolheu.

"Eu vou na porra do banheiro antes que eu mate esse gnomo de jardim e faça um filme snuff disso", ela disse, se recompondo e saindo da sala.

Na identidade, estava correto, Alex Dahl, assim como na carta. Os três olharam para Øystein, deixado encolhido na cadeira e com uma cara de cu.

"Bem, eu não a culpo por isso", Jørn disse, dando uma risada debochada da cara do seu guitarrista enquanto pegava a identidade da garota entre os dedos.

"Ela já tinha falado várias vezes que era uma garota", Per completou, dando de ombros.

"Calem a porra da boca", Øystein falou, se arrumando na cadeira.

"O que faremos com ela?", Jan perguntou.

"Jørn está certo, ela foi a melhor nas fitas", Pelle falou.

"Talvez a gente possa tirar algo disso", Øystein completou. "Toda aquela merda de The Runaways e Blondie, talvez ela possa trazer mais público".

"Achei que nosso foco era não ser mainstream", Jan comentou.

"É, mas precisamos de dinheiro", o guitarrista completou, um barulho baixo de vidro sendo quebrado foi ouvido ao fundo.

Øystein estava errado e ele sabia disso, mas sendo o grande filho da puta que ele era, não iria admitir isso e iria dar as piores das desculpas. Ele de fato havia gostado da demo que lhe foi enviada, tinha escutado tanto que já sabia a letra, apenas tinha ignorado o jeito que a garota de referia, achava que era um cara com fetiche estranho ou algo assim, não achava que garotas gostassem, ou até mesmo se encaixassem na cena Black Metal, era algo brutal, feito para chocar, fazer as pessoas odiarem isso. Garotas bonitas como Alex não tinham lugar ali.

Alex voltou, com o passo pesado e sua mão direita pingando sangue sentou-se silenciosamente, os quatro olharam para o sangue que derramava na mesa mas antes de perguntarem o que aconteceu, uma garçonete chegou com a comida.

Alex pegou seu misto frio e café preto e comeu olhando para mesa, ninguém falou nada, mesmo que olhassem fixamente para ela. Entraram no carro após pagarem, a garota parecia antipática comparado ao momento que chegou.

"Uma chance", Øystein falou, do nada no meio do caminho. "Eu te dou uma chance, Alex, se você foder com as coisas, você está fora", ela deu um leve sorrindo, soltando ar.

O carro parou em frente à uma casa de classe média alta, aparentemente de família.

"Onde estamos?", perguntou a garota.

"Na minha casa", o guitarrista respondeu.

"Vamos ensaiar hoje?", Axel perguntou.

"Não, Alex deve estar cansada da viagem", Øystein novamente.

"Então o que faremos hoje?".

"É final de semana, não é?", respondeu sorrindo.

Era tradição que todo final de semana participassem ou dessem festas, dependia de quem estivesse com a casa livre, Alex pensou que talvez fosse uma boa ideia uma festa, assim ela poderia conhecer melhor os outros e as pessoas da cena.

"Existe algum hotel aqui perto?", Alex perguntou.

"Tem um no bairro ao lado, se quiser posso te deixar lá depois", Jørn falou, abrindo o porta-malas, Alex tirou apenas uma mala, pequena com algumas roupas para caso quisesse tomar banho. "Mas por que?".

"Eu prefiro assim, sabe, manter minha integridade física", respondeu num tom de humor mas falando sério.

"Não há lugar aqui mesmo, Pelle já está dormindo no porão", Pelle olhou para Øystein com um pouco de vergonha. "Merda, minha mãe está em casa".

Por um instante Aarseth tinha esquecido disso. Avisou para sua mãe que traria um amigo, não uma garota cujo a aparência era totalmente fora dos padrões aceitáveis noruegueses da época, Alex, além do cabelo azul, tinha alguns piercings no rosto e orelha. "Qual o problema?", perguntou. "Não me diga que o neném não pode trazer garotas para casa".

"Argh, cala a boca garota", ela deu uma risadinha enquanto ele abria a porta. "Mãe, voltei!".

Uma mulher meio baixa, com cabelos loiros e algumas marcas de expressões faciais sai de uma porta branca, puta merda, ela é igualzinha ao Øystein, pensou Alex, incrédula com a semelhança. "Oi querido, onde está seu amigo?".

"Então...", ele tentou começar a explicar, mas logo foi interrompido.

"Aqui", a garota sai de trás dos meninos, mesmo que eles fossem baixos, ela era mais baixa ainda. "Eu sou Alex Dahl, prazer", ela cumprimenta a mulher mais velha com um sorriso, estendendo a mão para ela.

"Oh, olá, eu esperava um rapaz, mas... Tudo bem, bem vinda a Noruega", o choque foi tão grande que a mulher sequer notou os adornos estranhos da garota, ou se tiver notado, preferiu não falar nada. "É bom ver esses meninos saindo com garotas as vezes", Alex sorriu, se Øystein não ia gostar dela, a família dele iria. "Bem, estou fazendo o almoço, sentem-se aí para esperar".

"Precisa de ajuda? Meus pais me ensinaram a cozinhar bem cedo", Alex se ofereceu, recebendo um sorriso genuíno de volta, normalmente os garotos só queriam ir para o porão, sequer perguntavam se podiam ajudar.

"Tudo bem querida, não precisa!", a mãe Aarseth respondeu sorridente. "Aliás, a cor do seu cabelo combina com seus olhos", atrás de Alex tinha um Øystein bastante bravo.

"Muito obrigada! O corte do seu cabelo valoriza bem o seu rosto", a mãe soltou uma risada boba e agradeceu, voltando para o lugar que veio.

Øystein saiu da sala em passos pesados, bufando e os outros o seguiram, Jan e Per a olharam com uma cara de "que porra foi essa?".

"O que? Estou garantindo meu lugar na banda", falou baixo para que apenas os dois a escutem.

QUARTZ EYES, per ohlin (PT-BR)Where stories live. Discover now