TRINTA E QUATRO

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Sugiro escutarem a música Don't Blame me quando eu mandar.

Narradora.

Questionamentos. Todo e qualquer indivíduo, em algum momento da sua vida, questiona-se sobre a origem da sua existência, sobre o real sentido da vida, e de onde brota a motivação que o anima a seguir adiante, mesmo que seja por tempo limitado. Quem diz que nunca questionou suas decisões de vida esta mentindo. Vai dizer que você nunca se perguntou o por que de se sentir atraída por homens e não mulheres? Ou ao contrário? Ou por que o céu é azul? Alguns questionamentos tem respostas embasadas na ciência, outras são por interpretação, e algumas nunca vão ser respondidas.

Quando chegaram na cozinha Sarah logo tratou de começar a preparar o café delas, enquanto Juliette se acomodava em uma das três banquetas de couro preto que ficava em frente à ilha no meio da cozinha.

Sarah estava cozinhando animada, cantarolando uma música calma que combinava perfeitamente com o ambiente leve que as duas se encontravam.

Bom, leve para Sarah, porque para Juliette muitas coisas pipocavam em sua cabeça, e conforme mais nervosa ela ficava, mais rápido ela comia os biscoitos que Sarah havia colocado sobre o móvel.

Juliette sentia que seu coração poderia pular da boca a qualquer momento, a sensação de angustia e nervosismo lhe deixava com um gosto amargo na boca e ele só sumiria quando elas realmente esclarecessem todas as coisas pendentes na relação delas.

Primeira coisa era saber por mais quanto tempo teria que ficar com Sarah por causa do contrato. Segunda era saber o que Thaís e Sarah conversavam no dia do enterro de Nil, ela havia ficado com uma pulga atrás da orelha depois de ver as duas discutindo naquele dia. Terceira coisa que rondava em sua cabeça era saber se foi Sarah que depositou todo aquele dinheiro em sua conta, Juliette simplesmente não conseguia ver outra maneira de isso ter acontecido, e ela queria saber o porque do dinheiro estar lá, já que o combinado era apenas os dez mil dólares. Quarta e última coisa, era saber o porque de Vitória ter aparecido morta de uma hora para outra.

Para Sarah, tudo estava saindo conforme o planejado, ela sabia que estava novamente conseguindo reconquistar o coração de Juliette e ela não mediu e também não iria continuar medindo esforços para que isso acontecesse. E tudo só melhorou com a morte de Bil, Sarah iria usufruir do sentimento de perda da Juliette para conseguir fazê-la se apaixonar novamente por ela.

Quando Thaís a disse que Juliette estava apaixonada por ela, no dia que a brasileira foi em sua cobertura lhe ameaçar, foi como se ela sentisse uma faca sendo cravada em seu coração, ela se arrependeu no segundo seguinte que sua amiga proferiu aquelas palavras, mas a magoa também era grande para ela, porque ela não queria que os sentimentos das duas fossem recíprocos só agora, ela queria que eles tivessem sido há dez anos atrás.

Tudo poderia estar sendo diferente naquele momento, sem contrato, sem vinganças, sem chantagens. Elas poderiam perfeitamente ser uma família feliz, como naquele dia em que Juliette levou Cecile para sua cobertura.

Sarah de vez em quando se pegava imaginando como seria ser mãe da menininha, imaginando as duas passeando nos parques, levando e buscando Cecile na escola e perguntando como tinha sido o seu dia, ajudaria ela a fazer os deveres de casa. Sarah iria fazer todas as vontades da pequena só para ver ela feliz e com um sorriso banguelo no rosto, como o que ela viu no sonho que ela teve.

Aquele maldito sonho. Sonho que fazia ela se acordar assustada nas últimas noites.

Nos dias em que ficou afastada de Juliette, ela ficava se perguntando se aquilo havia sido algum tipo de sinal, porque se fosse um, ela havia odiado. Ela não queria ser acusada pela morte de Vitória, mas todas as suspeitas caiam para cima dela. Nem mesmo Thaís, sua melhor amiga e advogada, não conseguia mais acreditar nela.

CHANTAGEM - SARIETTEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora