TRINTA E CINCO

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Juliette Freire.

Assim que coloquei meus olhos naquela fotografia eu paralisei, fiquei sem reação. Como aquilo poderia ser possível?

Eu sabia que aquela criança não era a minha filha. A minha Cecile.

Sabia porque, primeiro: Era uma foto antiga.

Segundo: Cecile não conheceu Evandro pessoalmente. Quando ela nasceu fazia seis anos que ele havia falecido. Ela conhecia ele somente pelas fotos que tinham espalhadas pela minha casa ao lado de Ana, mãe de Bil.

E por último, e não menos importante: Sarah havia feito a vasectomia quando soube que eu estava grávida do meu primeiro filho.

- Puta merda! - Levantei minha cabeça assim que Thaís falou, e olhei para as duas mulheres a minha frente.

Aquela criança só poderia ser a Sarah. Não tinha outra alternativa.

- Por que vocês tão se olando com essas caras? - Ceci perguntou pulando, tentando tirar o porta-retrato de minhas mãos. Tirando-me dos meus devaneios.

- Certo! Isso foi informação demais para a minha cabeça! - Thaís falou coçando a nuca, pensativa. - Existe alguma possibilidade da Cecile ser filha da Sarah?

- Não! - Respondi depressa, um pouco nervosa. Era impossível... Nos envolvemos no passado, mas não passou de uma troca de beijos e amassos. Sarah estava tão bêbada naquela noite que acabou por dormir antes do ato.

Mas como a semelhança entre a minha filha e Sarah poderia ser explicada?

Fixei meus olhos nos de Sarah e ela continuava com a mesma expressão, não demonstrava nenhum tipo de reação, ela parecia estar perplexa com o que tinha acabado de ver diante de seus olhos, mas então uma lágrima solitária começou a escorrer por sua bochecha e um sorriso mínimo se formou em seus lábios.

- Do que você está achando graça, Sarah? - questionei intrigada e um pouco raivosa, Sarah nada respondeu, simplesmente pegou o porta-retratos de minhas mãos e saiu em direção a sala de jantar, indo se sentar em uma das cadeiras. Thaís ainda sem entender nada virou-se para mim e perguntou:

- Você tem certeza que Cecile não é filha da Sarah? É cara de uma focinho da outra... - Falou gesticulando com as mãos.

- É impossível, Thaís! Não tem como isso ter acontecido, nunca transamos antes desse contrato e mesmo se tivéssemos transado não teria como eu ter engravidado dela, ela fez vasectomia assim que descobriu que eu estava grávida do meu primeiro fi..,

- Ai Juliette, às vezes você é tão inocente! - A brasileira me interrompeu, enquanto revirava os olhos. - Fique sabendo que uma mulher ainda tem chances de engravidar durante três meses após o parceiro ter feito a vasectomia... Então, você tem certeza que nunca se encontraram nesse tempo? - Me encarou séria, mas nada falei. Parecia que se eu falasse o que aconteceu comigo e com Sarah no passado em voz alta só iria fazer eu me sentir ainda mais suja do que já estava me sentindo. Eu não queria admitir que tinha me envolvido com a mulher que estava no cômodo ao lado anteriormente. Queria esquecer disso, como eu e Bil havíamos combinado quando reatamos.

- Não precisa me esconder nada. Eu sou sua amiga, Juliette. - Disse Thaís se aproximando de mim. – A única coisa que eu quero é que você fique bem com toda essa situação. Eu sei que você está passando por um turbilhão de coisas, que está confusa, eu sei de tudo e eu vou te ajudar. - Tentou me confortar, conseguindo com êxito. Sabia que Thaís e Carla eram as únicas pessoas que eu poderia confiar naquele momento.

- Bom... Eu e Bil ainda há quatro anos atrás, antes de saber que não tínhamos mais dinheiro, convivíamos com algumas pessoas do mesmo ciclo social de Sarah, pode ser que tenhamos nos esbarrado em alguma festa... E antes disso, quando estava separada de Bil, eu e ela nos encontramos em um bar, bebemos muito e acabamos por ficar, mas nem sequer transamos, ela havia bebido mais do que eu, e estava mais bêbada obviamente e acabou dormindo quando tive atender o meu telefone que estava tocando dentro da minha bolsa.

CHANTAGEM - SARIETTEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora