Chocolate

Dia Solitário

Naquele dia nublado o céu estava lindo, tudo estava calmo e parecia que nada havia acontecido. Inesperada foi a morte do papai. Na noite anterior ele estava sorridente, tocou no piano sua música favorita (coisa que ele só fazia quando estava feliz), dançou com sua esposa Morgana, contou histórias de nossa família, e por fim, jogamos dominó. Ainda não dá para acreditar que, as pessoas se despedem antes de morrer, de uma maneira oculta, mas acredito que ele estava fazendo isso.
Ninguém sabia de fato o que havia ocorrido, até que saiu o atestado de óbito e foi declarado que a morte dele tinha sido suicídio. Ele foi encontrado no escritório da fábrica, em cima de sua mesa, amarrado à uma corda.
Minha família ficou sem reação com a notícia e Morgana aparentava estar calma, porém, seus olhos refletiam o medo, e de sua boca, palavra nenhuma saía. Depois de um tempo, ela apenas se pronunciou à respeito do velório.
No dia seguinte, a preparação do enterro foi algo simples; estávamos no Boa Viagem (um dos melhores cemitérios da cidade), pensei que o lugar iria estar cheio, mas ninguém compareceu ao local e meu pai era uma pessoa adorável. Eu estava completamente arrasado, todos nós estávamos. Não conseguia descrever a dor que estava sentindo naquele momento, pois meu pai, minha única inspiração estava alí, naquele caixão. Um pouco de mim foi com ele e tudo que foi construído...
Não tinha ninguém para nos confortar, foi naquele instante que percebi quem são os leais amigos.