capítulo 7

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— Vá em frente, eu duvido que faça isso. — Ele dá uma risada, como quem dissesse: desafio aceito.
E me arrependo das palavras ditas há segundos atrás.

— Está bem, espero que não se arrependa depois.  — Thomas Collin solta meu pulso e vai embora me deixando sozinha. 

Rapidamente sinto cada um de meus nervos queimando. Não sei dizer ao certo se de raiva ou medo. Faço o máximo para conter a vontade de dizer: "Ei, eu estava brincando. Não faça isso."

Agora tudo está em silêncio, e eu só consigo pensar, e processar tudo que acabara de acontecer.

Por um momento, eu penso que isso poderia ter sido evitado, se eu tivesse demorado só mais três minutos. Só três minutos. Tenho quase certeza, que três minutos fariam diferença.

Eu não teria o encontrado, e talvez teria o resto da manhã, em paz, sozinha, apenas sozinha, e não ter que me preocupar se Thomas realmente iria cumprir com sua palavra, e me forçar a me arrepender do que disse.

Talvez eu esteja arrependida, mas realmente arrependida de ter saído do meu dormitório essa noite. Talvez ter saído essa noite, possa me impedir de sair durante o resto das noites, ou até ser expulsa por quebrar uma regra.

Mas isso já não importa, o que importa, é se ele realmente iria me dedurar para os monitores.

Espero por alguns minutos para que possa ir embora, eu não iria gostar de encontrá-lo novamente. Espero um, dois, três, cinco minutos. Só então sigo em frente, de volta para o residencial.

Durmo por algumas horas, antes do despertador tocar. Como todas as noites, eu havia dormido pouco. Como sempre, os corredores do prédio, sempre bem silenciosos, pela manhã.

Tudo que posso ouvir, é o barulho da água lá fora sendo disparada pelos regadores que ficam encarregados de molhar a grama durante todas as manhãs.

A minha janela, tem visão para o lago e as árvores do bosque. As árvores filtravam a luz e proporcionavam uma bela vista.

Faço um coque firme em meus cabelos, na intenção de que não fique tão visível que ele está quase em pedaços. Faço o coque com bastante dificuldade. Após quase quinze minutos, tentando deixá-lo o mais invisível possível.

Me sinto culpada pelo o que fiz com meu cabelo, mas entendo que foi "necessário". Sem querer, acesso um pouco da minha dor, ao me lembrar de ontem.

Respiro fundo, tentando afastar aquilo da minha mente. Eu não quero sentir novamente aquilo, mesmo sabendo que isso vai e volta.

Acho que me sinto pior, ao saber que irei passar por isso novamente, mas eu realmente não quero sofrer antecipadamente. Afinal, eu não estou bem, mas o estado que me encontro, é melhor do que o que passei ontem.

Desço as escadas, indo diretamente ao refeitório, que ficava há mais ou menos, sete ou oito minutos do residencial feminino. Eu leio um livro enquanto caminho para o meu destino. O percurso até o refeitório era chato e enfadonho.

O refeitório está lotado, como em todas as manhãs. Cheio de alunos.

Faço minha bandeja de comida com ovos mexidos, panquecas, suco de laranja e uma maçã. Não costumo comer muito durante a manhã, normalmente nem sinto fome.

Odeio ter que comer pela manhã, mas segundo minha mãe, estou muito magra. Não gosto de ter que ouvir seus sermões cansativos nas férias, então pretendo comer, pelo menos duas vezes ao dia. Mesmo que não queira.

Me sento em uma mesa qualquer, e como enquanto leio. Não demora muito para alguém se sentar ao meu lado.

— O que está lendo menina estranha? — Thomas Collin me pergunta habitualmente. Ele olha a capa do livro que está em minhas mãos.

A última noiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora