DESTINO (MORRO) - Degustação

Capítulo 2

Aurora Mendonça📍

Assim que cheguei em casa escutei minha mãe Lúcia falando no celular.

— Certo... Amanhã a gente pode se encontrar ? Tá bom, no mesmo de sempre ?— estranhei o jeito que ela tava falando, tava forçando a voz, ela nunca fala assim — Ok até amanhã, tchau — passei direto pro banheiro e aproveitei pra tomar banho.

Depois de tomar banho e trocar de roupa, desci pra comer. Minha mãe tava de frente pro fogão e nem percebeu que eu já tinha chegado.

— Oi mãe, a comida já tá pronta ?— Vi no momento em que ela se assustou e deixou cair a colher — Nossa mãe viu alguma assombração?

— Desde quando você tá aí garota ?— ela tá muito nervosa, com certeza tem haver com aquela ligação.

— Cheguei quase agora e fui tomar banho — disse enquanto colocava a comida — Por quê?

— Hm... Escutou alguma coisa da minha ligação ? — olhei pra ela e vi que ela tava querendo me esconder alguma coisa.

— Não mãe, eu cheguei e fui direto tomar banho — sentei na mesa pra comer enquanto ela colocava a sua comida — Cadê a minha vó ? Ela não vai comer ?

— Ela foi no banco. Você sabe que estamos cheia de dívidas, desde que seu pai decidiu nos abandonar e fugir com aquela vadia amante dele as coisas ficaram difíceis — esse era um assunto muito complicado de se falar aqui em casa.

Meu pai foi embora quando eu tinha 4 anos com a amante dele, minha mãe quando descobriu ficou arrasada. Começou a beber e se esqueceu que tinha uma filha também pra cuidar, se não fosse pela minha vó que segurou essa casa não sei o que seria da gente. Ela vendia quentinhas na rua pra tentar pagar as contas daqui de casa e principalmente o aluguel, mas aí as coisas pioraram e o nosso aluguel atrasou por 4 meses, a dona queria expulsar a gente, mas o pai do Lennon não deixou, ele pagou o aluguel e queria ajudar aqui em casa também com a comida e as contas, minha vó não quis aceitar por mais que ele insistisse tanto. Ela preferiu pedir um empréstimo pro banco pra ajudar aqui em casa. Hoje em dia ela não trabalha mais por causa da sua coluna e fica em casa cuidando de mim.

Minha mãe conseguiu arranjar um emprego de faxineira, até hoje ela trabalha nisso. Ela desce lá pro asfalto e vai trabalhar, minha mãe faz muitas faxinas pra tentar pagar a dívida que até hoje não conseguiu pagar ela toda. Bom eu já até tentei arranjar um bico por aí, mas minha vó não deixa, ela diz que na minha idade é apenas brincar e estudar pra conseguir ser alguém no futuro.

— Mãe mais tarde eu vou na pracinha brincar com o Lennon, tá bom ? — levantei e fui lavar o meu prato.

— Você sabe que eu não gosto desse garoto tão próximo de você — toda vez era isso, ela tem uma implicância com o Lennon que eu não consigo entender.

— Mãe não começa, você sabe que o Lennon é o meu melhor amigo e não vou parar de falar com ele porque você não gosta dele e nem tem motivos pra isso.

— Tanto faz, só não traga esse garoto pra minha casa — revirei os olhos e fui subindo pro meu quarto.

Cresci junto com o Lennon ele faz parte da minha vida, não consigo imaginar outra pessoa ocupando o lugar que ele tem na minha vida. Nossa conexão e intimidade é muito grande, é como se ele fosse minha alma gêmea. Se eu penso em uma coisa na mesma hora ele pensa também é meio estranho o jeito que a gente se entende perfeitamente.