Capítulo 11

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Perigo ☣️

Cheguei em casa e já senti o cheiro da comida, não dá não cara, ela cozinha demais. Fui direto pra cozinha e vi fazendo a comida que eu me amarro.

Eai Maria, boa noite — deixei a minha arma na mesa e fui lavar a mão.

Tira essa arma da mesa menino — me bateu com a colher.

Calma Maria já vou tirar.

Peguei a arma coloquei no sofá e voltei pra cozinha.

Fui no mercado e comprei camarão — abri mó sorriso pra ela — Sei que você gosta de camarão e se pudesse comia todos os dias.

Maria já sabia que era a minha comida favorita, já mais vou negar um camarãozinho ainda mais com uma Heineken.

Começamos a comer e vi que ela tava triste com alguma coisa.

— Tá com essa cara aí por quê ?

Tentei falar com ela de novo mas não consegui — sei que ela tá se referindo a Aurora.

Nosso contato acabou tem anos, uns 13 ou 14 anos. Nos primeiros meses ainda falava com ela por ligação, mas o tempo foi passando e perdi o contato, nem mesmo ela faz questão de dá notícias pra sua vó, fico bolado vendo toda vez Maria assim triste porque sua filha e sua neta são duas egoísta que não fazem questão de saber como ela está.

Não faço mais questão dela na minha vida, mas acho uma sacanagem isso o que elas fizeram.

Lúcia não atende suas ligações ? — negou com a cabeça triste.

— Tenho medo de que tenha acontecido alguma com elas.

Que isso se preocupa não, se elas estivessem morta você já tava sabendo.

Você é um ótimo conselheiro Lennon — ela é a única que eu deixo me chama por esse nome.

Valeu pô, você sabe que essa é uma das minhas qualidades — tirei um sorriso dela — Aí ó te fiz até sorrir.

Depois de comer subi pro quarto aproveitei pra tomar banho.

Acendi um vendo da pequena sacada a minha favela, fruto do esforço do meu pai, ele deu a vida pra proteger sua favela. Continuo fazendo o que ele sempre me disse pra fazer e só pretendo sair daqui morto.

Depois de fumar me deitei na cama sentindo meu corpo aliviado, fechei os olhos e dormi.

(...)

— Mamãe — chamei por ela.

Mexia no seu corpo querendo de alguma que voltasse.

Porra mãe, não me deixa também —  falei tentando controlar as minhas lágrimas.

Escutei alguém entrando no quarto e olhei. Era o Carlos o meu tio.

Caralho o que você fez garoto — correu pro meu lado.

Eu não fiz nada tio, ela se matou — solucei chorando demais — Ela se matou na minha frente tio.

O corpo sem vida na minha frente, nenhuma razão passou na minha cabeça pra que ela fizesse isso na minha frente, o sangue da sua testa descia enquanto seus olhos estavam abertos parecendo me olhar.

Neguei com a cabeça fechando os olhos tentando tirar aquela imagem da mente.

Calma moleque — me olhou com pena — preciso que você vá até a boca e chama o neguinho, fala pra ele trazer o carro.

Olhei novamente pra minha mãe e vê aquela imagem dela acabou comigo. Ninguém merecia ver a sua mãe tirando a sua vida na sua frente.

(...)

Acordei novamente assutado.

Respirei fundo tentando controlar as batidas do coração, a dor no peito me incomodava me fazendo respirar devagar.

— Porra de novo não... — apoiei meu rosto nas minhas mãos — Caralho de pesadelo não que não me deixa em paz. — as lágrimas descia lentamente molhando minhas mãos.

Suspirei cansado, cansado desses sonhos, de tentar ter um pouco de paz nos meus pensamentos. Desde aquele dia eu não sei o que é ter uma noite de sono tranquilo, meus pensamentos me torturam dizendo que aquilo foi a minha culpa, que se eu tivesse dado mais atenção a ela aquela merda toda não teria acontecido. Estou exausto de tentar apenas sobreviver, de tentar afastar esses pensamentos.

Bolei mais uma maconha e fiquei olhando pro céu até começar a amanhecer, vi as horas passando lentamente enquanto as pessoas provavelmente estariam dormindo.

DESTINO (MORRO) - Degustação Onde as histórias ganham vida. Descobre agora