Capítulo 20

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Namjoon chegou em casa e encontrou Seokjin ao lado do telefone. Ele parecia em estado de choque.

— O que aconteceu?

— Chansung acabou de telefonar — disse, inexpressivo. — Pediu para você ligar de volta. 

Continuou imóvel, sem saber se desmaiava ou simplesmente desaparecia. Notou o rosto de Namjoon avermelhar-se de cólera, e um som que nunca escutara saiu da garganta dele, dando a impressão de que explodiria. Contraindo o maxilar, o alfa deixou cair a pasta com um estrondo e respirou fundo, soltando o ar com um assobio. 

— Ele disse algo mais? — perguntou. Seokjin apenas negou com a cabeça.

O alfa o empurrou para o lado, entrou em seu escritório e bateu a porta com força. Chocado, Seokjin não sabia o que fazer. A simples menção ao nome de Chansung poderia provocar tal reação em Namjoon? Apenas uma simples ligação e ele correu como um homem possuído! E por que lhe perguntara se o ômega dissera algo mais? Havia algo mais que Seokjin não poderia saber?

O ômega respirou fundo, precisava terminar o jantar, seus filhotes estavam com fome. Deu dois passos em direção à cozinha, mas depois paralisou. Sentia a raiva do alfa pela ligação que possuíam e ficou tentado a tentar espionar o que ele falava com o amante, porque com certeza ele já deveria ter ligado de volta para ele. Chegou a virar a cabeça em direção ao escritório, mas não teve forças de ir até lá. Seokjin não queria escutar algo que o machucasse mais.

Foi para a cozinha, e, por sorte, tirou os bifes do forno pouco antes que queimassem. Eles ficaram mais passados do que pretendia, mas não era algo que interferisse diretamente no sabor deles. Deixou tudo pronto e foi para a sala. 

Tirou Jungkook do andador, colocando-o nos braços, e pediu que os gêmeos fossem se preparar para o jantar. Jimin o obedeceu de primeira, mas Taehyung pediu para terminar o filme que assistia antes. O ômega, sem disposição para brigar com os filhos, apenas assentiu e se sentou no sofá.

Seokjin embalava Jungkook no sofá quando Namjoon voltou para a sala. Estava pálido e mais controlado, mas o ômega ainda notou emoção no brilho do olhar dele. 

Jimin correu para o alfa, e, em vez do abraço costumeiro, recebeu apenas um afago na cabeça. Taehyung esticara as pernas na frente da televisão, totalmente entretido com o filme que assistia. O pequeno Jungkook, sonolento, lançou um olhar carinhoso para o ômega mais velho e mergulhou no conforto dos seus braços.

Namjoon olhou fixamente para o marido.

— Quero que me desculpe. Ele já havia sido instruído para nunca ligar para cá.

— Não tem importância.

— É claro que tem! — ele disse com a voz alterada, e as três crianças olharam surpresas para o alfa. Namjoon passou a mão no cabelo, num gesto impaciente, se esforçando para se acalmar. — Taehyung, Jimin, por favor, brinquem um pouco com Jungkook enquanto converso com o omma.

Sem esperar resposta, Namjoon carregou o bebê e colocou-o sentado no chão, entre as pernas de Taehyung. Espalhou brinquedos ao lado dele e sorriu para os três que continuavam estáticos.

Levou Seokjin pela mão até o escritório, soltando-o só quando já estavam com a porta fechada.

— Ele foi avisado para mandar outra pessoa ligar se fosse urgente! Nunca poderia ter telefonado!

— Então acho que você deveria falar com ele sobre isso, não comigo. Eu apenas atendi o telefone da minha casa.

— Eu falei com ele agora, mandei nunca mais ligar para cá novamente. Me desculpe, Jin.

— Como eu já disse antes, não tem importância.

— Eu tinha prometido que nunca mais você seria magoado!

— Então você deveria... — engoliu as palavras acusadoras e andou pelo cômodo. — Se diz que terminou tudo, como ele ainda trabalha para você?

— Ele não é meu funcionário, trabalha para a consultoria jurídica que me assessora — ele explicou. — Transferi todos os casos para um outro advogado há meses.

— Você costuma vê-lo?

— Não, de jeito nenhum. Trato tudo diretamente com o meu atual advogado.

Seokjin não acreditou. Ainda estava fresca em sua memória a expressão no rosto do alfa quando lhe contou que Chansung ligara. Ainda podia sentir como ele o empurrara para o lado para retornar a ligação do outro ômega.

— Então por que ele ligou? 

Namjoon tomou fôlego para explicar.

— Acontece que ele era a única pessoa que ainda estava no escritório quando chegou uma informação urgente por e-mail. Eu precisava ser avisado o mais depressa possível, e só havia ele na sala!

— Por favor, eu gostaria que isto não voltasse a acontecer. Da próxima vez, peça para que liguem para o seu celular, sei que devem ter o seu número por lá. — acrescentou, num tom impessoal que encerrava o assunto.

O silêncio a seguir era indício de confusão.

— O problema é que — o alfa começou com cautela — preciso sair já. Houve uma questão legal com o contrato de Daegu e tenho de voltar ao escritório para resolver pessoalmente.

O caso Lee, o caso Daegu, não havia diferença!

— Mas é lógico que precisa ir! — ele concordou, irônico. — E eu preciso dar o jantar das crianças. Com licença.

Passou por ele decidido a sair do aposento, mas Namjoon interrompeu-o.

— Não pense bobagem. Vou direto ao meu escritório. Chansung já encaminhou o e-mail para lá. Não vou e nem quero vê-lo, entende?

Sim, ele entendia. Namjoon queria um voto de confiança.

— Namjoon — chamou, virando-se novamente para encarar o alfa. —, aonde você passou o seu cio?

O alfa o encarou confuso, até que entendeu a linha de pensamento do ômega.

— Passei sozinho, em um hotel no centro. Yoongi pode confirmar o que eu digo, eu pedi que ele me levasse lá e instruísse que ninguém fosse até o meu quarto por conta do meu estado. Dois dias depois, foi ele também que foi me buscar.

Seokjin analisou o alfa de cima a baixo, buscando quaisquer vestígios de mentira ou hesitação, mas Namjoon parecia seguro do que havia dito. Ele sabia que precisava confiar no marido, mas aquilo não era tão fácil assim.

Por fim, o ômega apenas assentiu e saiu do cômodo.


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Quando Namjoon voltou para casa, as crianças já estavam dormindo. Seokjin estava deitado e pôde escutar a movimentação do marido no andar de baixo. Fechou os olhos e fingiu estar dormindo para não ter que conversar com o alfa. Por sorte, conseguiu adormecer antes que Namjoon fosse para o quarto.

No dia seguinte, o alfa lhe informou que precisaria ir a Daegu na segunda-feira, tentar acertar os últimos detalhes do contrato que estava fechando. Mesmo sem falar nada, Seokjin não conseguiu esconder o descontentamento com a viagem do marido. Novamente, sua mente levantava hipóteses ruins sobre os reais motivos daquela viagem. 

Depois de um fim de semana horrível, durante o qual trocaram poucas palavras, Seokjin, por fim, sentia-se aliviado quando Namjoon saiu de casa com a sua mala. Passar um tempo longe do alfa talvez não fosse tão ruim assim.


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Oii, gente. Primeiro capítulo do ano, espero que gostem!

Despedaçados | NamjinOnde as histórias ganham vida. Descobre agora