Capítulo 17 - A maldição

42 8 38
                                    

Durante a madrugada, uma tempestade atingiu o município de Odda, acumulando neve nos telhados das casas e nas estradas. Os moradores teriam um longo dia de trabalho pela frente.

O céu da manhã estava marcado por um vermelho vibrante, não era exagero comparar a paisagem com uma pintura renascentista. Embora o sol estivesse presente, seu calor não era o suficiente para afastar a onda fria que havia se instalado.

Vanessa recebeu alta logo no início do dia, com recomendações de repouso que provavelmente não iria seguir. Os enfermeiros se despediram da paciente com certa tristeza, sentiriam falta dos assuntos o casal rendia pelos corredores.

No decorrer da viagem, nenhuma conversa foi o suficiente para prender a atenção da detetive que estava aérea em seus pensamentos. Mas o silêncio vindo do chalé quando se aproximaram era o preocupante a ponto de causar receio até mesmo no lenhador que estava sempre desleixado.

Entrando com um pé na frente do outro, Vanessa resolveu investigar melhor a casa.

Ao entrar na sala de estar, se deparou com Khalan e Willow abraçados no sofá. Os olhos arregalados enquanto a manta que ficava sobre o móvel, cobria suas cabeças como um escudo protetor. Ao verem a detetive parada na porta, ambos levantaram num pulo.

— Vanessa!— Willow gritou, correndo em direção a sua amiga e a abraçando com força.— Você viu o apagão? Eu achei que fosse ser meu último dia na terra!

A piloto se agarrou em sua amiga, logo sendo seguida do químico, que também a abraçou Era visível que algo havia acontecido durante aquela noite.

— Esse chalé parecia o cenário de um filme de terror! — Khalan completou de maneira exagerada. Durante poucos segundos ele desviou o olhar em direção ao lenhador. — Sem ofensas...

Como se compreendesse o desespero do tailandês, Aaron balançou as mãos no ar o livrando da culpa pelo comentário. Estava tão acostumado com aquele estilo de vida que sequer considerou a má adaptação dos seus hóspedes.

— Parece que vocês tiveram uma noite agitada. — Vanessa comentou observando as expressões cansadas nos rostos de seus amigos. — Podemos continuar essa conversa na mesa do café da manhã?

— Eu não acho que temos muito tempo...— Willow continuou agarrada a jaqueta da detetive como se fosse um gato assustado.

— Mas o que aconteceu de tão ruim assim?— Aaron perguntou com um meio sorriso, enquanto jogava suas chaves no aparador da entrada e esticava suas costas. A cadeira do hospital não havia sido um bom lugar para dormir na última semana.

— Gritos!— A piloto brandou, com o cenho franzido.— Os mesmos gritos daquela noite que vocês sumiram no meio do mato!

As bochechas da australiana se avermelharam pela ansiedade de tocar no assunto, mas o lenhador apenas balançou os ombros de forma relaxa.

— Existem muitos animais por aqui, e graças a neve eles tentam procurar locais mais aquecidos. É normal ouvir barulhos que se assemelham a gritos.— Com a voz rouca, ele respondeu a pergunta.

— Ou, nós podemos sair para dar mais uma olhada. — A detetive afirmou, vendo os olhares assustados dos dois. — Teremos mais chance durante o dia de qualquer forma.

Tanto Khalan quanto Willow pareceram aliviados com a decisão tomada por Vanessa. Por mais absurda que parecesse aquela história, a oficial jamais deixaria de acreditar em seus amigos. Se fosse apenas um susto eles poderiam rir depois, mas caso o contrário, não pagaria pra ver.

— Vocês dois estiveram sob muito estresse ontem a noite, deveriam tirar o dia de folga. — Ela sugeriu revezando os olhar entre as pessoas presentes na sala. — Podemos tomar conta do assunto enquanto vocês passam o dia na cidade.

Red Pills [EM ANDAMENTO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora