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Sexta feira. O dia que costumo acordar de bom humor, mas hoje não foi um deles.

Depois de ontem, eu acordei me sentindo perdida. Porquê eu simplesmente não consigo ter controle de mim quando se trata dele? meu caráter foi pra casa do caralho.

Não consigo entender o por quê estou deixando as coisas chegarem nesse ponto, com o passar dos anos achei que tinha aprendido a lidar com meus sentimentos. Mas não, não sei. Continuo agindo como a mesma Alyssa de anos atrás e isso não está sendo bom pra mim.

Eu estava super bem com Jack...mas só foi ele aparecer pra tudo desmoronar.

Isso não é justo!

-Eaí, já escolheu com qual dos vestidos vai amanhã? - Jessica pergunta assim que entra em meu escritório. - Nossa, que cara é essa?

-Transei com ele de novo.

Diferente da outra vez, ela não estava mais surpresa. Pelo visto ela já se conformou que tem uma amiga mau caráter.

-É inacreditável o quanto sexo te deixa mal humorada. Isso não é algo comum. - Zomba e eu cruzo os braços reprovando a brincadeira. - Ok, foi só pra descontrair. Mas eu não tenho muito a dizer, você já sabe que é errado tudo isso que está acontecendo. Não te julgo mas também não vou passar a mão na sua cabeça, pois isso não é coisa que uma de verdade faz. Só te aconselho a ser mais sincera consigo mesma, pois enquanto estiver mentindo pra si mesma...jamais vai conseguir ser transparente com os outros.

Suspiro entendendo tudo, concordando totalmente com ela.

-Por que não pede um tempo pra ele? Jack é compreensivo, ele vai entender. - Opinou. - Você precisa desse tempo para entender seus próprios sentimentos.

-Também acho.

-Se for possível, tira essas coisas da sua cabeça pelo menos por esse fim de semana. Amanhã é o grande dia e você precisa brilhar. - Pisca e sai.

Fico ali com meus pensamentos me sufocando, passo a mão pela cabeça e bufo.

Recebo uma mensagem e vejo pelo visor quem era.

"Boa tarde Aly. Queria almoçar com você hoje, conversar sobre uma coisa. Te pego daqui a 10min?" -Jack.

Meu coração disparou e eu fiquei sem reação.

Depois de pensar bem, confirmo.

Assim que ele chega eu mal consigo olhar na cara dele por medo. Ele parecia um pouco quieto demais e eu também estava.

-Pensei em fazer um lanche na praça, sei que você gosta. - Comenta e eu apenas assinto. - Chegamos. - Ele estaciona seu carro e a gente sai.

Sentamos no banco e a praça estava movimentada. Crianças brincando, pessoas passeando, alguns dando volta com o cachorro, e outros fazendo o mesmo que nós, sentados no banco conversando. A diferença era que estávamos em silêncio.

-Vai querer um cachorro quente ou burritos? - Perguntou se prontificando a ir buscar nosso "almoço".

-Burrito.

Ele concorda e sai, volta depois de poucos minutos e entrega meu burrito com um copo bem grande de refri, do jeito que eu gosto.

-Bom...não sei porquê você está tão quieta, parece até que já sabe. - Diz ele e eu finalmente o olho. - Eu não faço ideia de como te dizer isso, mas...enquanto estive em Nova York, conheci uma garota numa noite em que saí com uns colega de trabalho.

Meu coração estava tão acelerado, e eu não sabia no que pensar e nem como agir. Tudo piorou aqui dentro.

Ele abaixou a cabeça, parecia procurar um jeito de continuar, e eu estava cada vez mais nervosa. Tão nervosa que deixei a droga do refrigerante cair, então ele finalmente tomou coragem de voltar a me olhar e continuar falando.

-Nós transamos. Eu estava bêbado, mas não justifico minha infidelidade. - O nó na minha garganta se formou e eu fiquei em choque.

Puta merda que caralho é esse? por que tudo resolveu ficar de cabeça pra baixo?

Por que eu simplesmente não podia aceitar isso? porquê saber que ele também foi infiel me machucou? sendo que eu fui infiel DUAS vezes. E nem tive a capacidade de falar pra ele como ele está tendo de me contar isso agora.

Mas doeu. Eu criei um afeto grande pelo Jack.

Meu olhos se encheram de lágrimas e ele suspirou.

-Eu fui um babaca, me perdoe. Mas não é só isso....ela está grávida de dois meses, eu descobri isso na última viagem que fiz para Nova York, ele conseguiu me achar no mesmo bar em que nos conhecemos. - Ele estava sempre viajando pra lá, como eu fui tão idiota de achar que ele realmente não tinha tempo? é óbvio que tinha. Tinha tanto tempo que até mesmo fez um filho. - Fala alguma coisa.

-Você só transou com ela uma vez? - Pergunto com a voz embargada. Ele abaixa a cabeça e nega. - Você gosta dela?

-Eu gosto de você!

Não consigo segurar o choro, eu sei que pode parecer um drama do caralho. Talvez seja também....mas isso me magoou de verdade. Sei lá, eu tinha a imagem perfeita dele, não imaginava que isso aconteceria, eu duvidava mais de mim do que dele. Tanto que me senti um lixo nessas duas vezes que traí ele.

Mas não posso julga-lo, porque fiz o mesmo. A diferença é que ele já estava fazendo bem antes de mim.

-O que você vai fazer agora? como vai acompanhar ela nesse momento?

-Eu vou estar sempre por lá...porque agora é mais do que o trabalho né. É um filho que vou ter. - Mesmo aparentemente arrependido com tudo, ele parecia feliz por essa nova fase da vida dele. Ser pai. - Ainda vou falar pros meus pais, eles gostam muito de você, com certeza vão ficar espantados por saber que vão se avós mas que você não é a mãe.

Minha vontade era de correr pra minha casa e ir chorar debaixo do chuveiro pela grande bagunça que minha vida está se tornando. Me sinto perdida e a ponto de entrar num colapso.

-Parabéns pelo bebê, tenho certeza que você vai viver a melhor fase da sua vida agora. Ter um filho é uma coisa inexplicável. - Falo com a voz tremula e me levanto, limpo minhas lágrimas e ele me olha com pena.

-Eu não queria que terminássemos dessa forma. - Diz se levantando e tenta se aproximar de mim, mas eu me afasto rapidamente.

-Preciso ir, Jackson. - Digo com a voz afetada e meu jeito desnorteado e desesperado enquanto corro para longe dele já demonstra o quão mexida eu estava.

Isso pode parecer hipocrisia para muitos, e pode até ser, já que eu também cometi o mesmo ato que ele. Mas bom, era um conjunto de coisas que aconteceram nesses últimos tempos que me desestabilizou totalmente e agora sempre engatilham minha ansiedade.

É uma droga não saber controlar o que sinto.

Conhecendo O Amor 2 - O reencontro.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora