ORDÉM E ESPUMAS

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Banho de espumas em uma banheira de hidromassagem. A água morna fazia o meu corpo estremecer graciosamente. Se eu fosse uma poeta ou se no mínimo alguém me lesse, eu descreveria exatamente aquela sensação.

Ternura com gosto de champanhe.

A mesma água doce que lavava o meu corpo possuía um sabor salgado de lágrimas. Mas eu não estava chorando, não mais.

As unhas dos pés tingidas de vermelho. Anéis de ouro e prata ao redor dos dedos da mão. A minha pele era tão clara quando a espuma. E, as bolhas de sabão, refletiam as luzes do ambiente.

Um jazz tocava no fundo da suíte e da alma. Eu estava desfrutando da minha companhia um pouco embriagada.

Em determinado momento eu deixei o meu corpo escorregar pela banheira. Eu conseguia sentir o jato de água morna borbulhar nas laterais do quadril. Eu fechei meus olhos por alguns segundos.

— Aí está você, encrenqueira.

Eu sorri ainda com os olhos fechados quando ouvi a voz de Bruce Mackenzie preencher todo o vazio.

— Chegou cedo em casa. — As palavras saíram mais lentas e arrastadas do que o normal. O álcool estava impregnado nas minhas veias.

— E por isso você resolveu comemorar com champanhe?

Eu finalmente olhei para ele, fria.

Bruce tinha a garrafa em mãos e parecia estar lendo o rótulo.

— Quer uma taça? — Provoquei, deslizando ainda mais pela banheira. Agora a água estava na altura do meu queixo.

— Não, Jade. — Bruce respondeu simplesmente, devolvendo a garrafa ao seu lugar de origem na borda da banheira ao lado da taça de cristal. — Mas eu estou feliz que você esteja desfrutando desta agradável banheira quando, na verdade, deveria estar tentando me explicar o que porra aconteceu hoje. 

— Do que está falando?

— Não se faça de idiota. — Cruzou os braços. Parecia estar irritado. — Estou falando da forma como você tratou uma das mulheres mais influentes do país, a Magareth Violet, CEO da marca Violet Cosmetic's.

Eu franzi o cenho e encarei a sua figura embaçada de pé ao meu lado. Estava tentando lembrar quem era essa tal fulana.

— Ah!, você está falando da racista que tentou humilhar a minha amiga em um restaurante hoje mais cedo. — Eu falei empolgada, como se tivesse ganhado um brinde. — Mas como você sabe?

Bruce me encarou por alguns segundos em total silêncio. Talvez ele estivesse me amaldiçoando.

— Porque você tocou no meu nome, Jade. — A sua voz soou baixa e sombria. — Você realmente não faz ideia do problema que causou. Agora eu tenho que me encontrar com aquela mulher desagradável.

— Ela é uma grande filha puta e você é a porra do dono do mundo.

— Sim, Jade, eu sou. — Bruce esfregou a barba, irritado. — Mas nesse meio sobrevivemos de contatos e, adivinhe só, eu e a Violet temos uma parceria. Espera, você sabe o que isso significa, Jade? Parceria. Somos sócios, porra.

— E como eu ia adivinhar?

— Era só lembrar que eu sou a porra do dono do mundo, como você mesmo diz. E, aliás, o que você estava fazendo em um lugar como aquele? — Ele tinha as sobrancelhas franzidas e uma expressão pesada.

— Eu estava almoçando com uma amiga que, a propósito, foi humilhada por sua sócia pelo simples fato de ser negra. — Respondi suavemente, mas a frase em si era quase que acusativa.

J∆DE (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora