Volterra - Parte II

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Lucian abre os olhos, atordoado. Dormira apenas algumas horas, já que a quantidade de tranquilizantes aplicada fora bem menor que da última vez, mas sua mente continuava a funcionar em câmera lenta.

O cherokee olha para um lado e não vê nada além de mesas repletas de equipamento médico e de pesquisa, olha para o outro lado e encontra Kiary, encostada à parede. Ela se aproxima da maca, apanhando um tecido qualquer de uma bancada, e começa a limpar o nariz de Lucian, que sangrava devido à reação da injeção.

― Seu olfato está diferente agora, um pouco abaixo da média de um humano comum. O cheiro de um vampiro será nulo para você de agora em diante.

― Saia daqui, não preciso de sua ajuda! – Vira o rosto, sentindo-se ainda dopado.

― Pare de reclamar! – agarra o rosto masculino, terminando de limpar o sangue. – Prepare-se, pois as experiências não terminam por aqui...

Valeska entra no laboratório silenciosamente, mas Kiary não se deixa intimidar pela presença da vampira e continua o que estava fazendo.

― Pode ir agora, Kiary, sua vigilância não é mais necessária! – ordena.

A cherokee lança um olhar furioso para a doutora, mas resolve sair, não seria viável gerar desconfianças quanto a sua lealdade a Aro.

― Muito bem, Lucian! Estamos novamente a sós. – Apanha outra seringa da bancada. – Este é o experimento para bloquear a audição aguçada, meu objetivo é deixá-lo como o de um humano... Estava perto de conseguir aperfeiçoar a vacina, mas o último lobisomem morreu antes do teste final, agora é a sua vez de experimentar a versão aprimorada dela.

A vampira se aproxima do lobisomem, agarrando seu rosto e virando-o de lado com violência, sentindo que Lucian fazia força no sentido contrário, tentando impedi-la de aplicar o conteúdo da seringa.

― Se ficar calmo e colaborar comigo, sua resistência de lobo não permitirá que seus tímpanos se danifiquem quando aplicar a injeção, mas se não ficar parado, os furarei e ficará surdo para sempre. A escolha é sua...

Lucian deita a cabeça de lado, vencido. Nenhuma das opções era agradável, entretanto, optara por deixá-la fazer seu trabalho antes que algo pior lhe acontecesse... Valeska introduz a agulha dentro do ouvido do lobo até alcançar seus tímpanos e aplica o líquido ali, segurando-o alguns minutos naquela posição, para depois repetir o processo no outro.

Não demora muito para o cherokee sentir o torpor em seus ouvidos, como se alguém os tivessem tapando ou algo assim. Era certo que aquela vacina já estava aperfeiçoada e que, agora, sua audição se igualava a de um humano normal... Até quando isso duraria? Até quando ficaria vítima daquelas experiências? Será que nunca mais veria seu imprinting? E o seu filhote, será que nunca chegaria a conhecê-lo?

Uma lágrima solitária escorre de seus olhos ao lembrar-se de Leah. Quanta saudade sentia de sua garota, quanta tristeza sentia por ser privado do crescimento de seu filho, que vazio imenso a distância lhe causava...

― Está me ouvindo agora? – sussurra a doutora próxima a ele, retirando-o de seus devaneios.

― É claro que estou não sou surdo.

― Tecnicamente, você ficou surdo se comparar ao seu estado antigo. Estou sussurrando desde o outro lado do laboratório e somente agora é que me ouviu... O inibidor de audição está aperfeiçoado, pode descansar por hora, amanhã começaremos os estudos sobre a fonte de seus poderes... Sem injeções, eu prometo! – Sorri irônica.

Valeska se afasta, sentando-se em sua mesa de estudos, onde fica a analisar tudo o que descobrira e conseguira fazer até aquele momento. Lucian, por alguns instantes, achou que o deixariam em paz, mas logo constata que não, ao ouvir a porta do laboratório se abrir de forma barulhenta.

LeahOnde as histórias ganham vida. Descobre agora