Capítulo 1

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   O calor extremo faz a imagem do chão se distorcer, esse é um dos verões mais quentes das últimas décadas, eu estou correndo todo suado, minha camiseta já está completamente molhada, eu sigo por entre as vielas e passo pelos becos, desço as escadas mais escadas, cada vez mais para baixo, eu sabia que estava quase em casa por que quando olho para e cima e não vejo mais sol e seu calor é substituído pelo ar abafado e pesado se tornando difícil até para respirar, sem contar o fedor. A paisagem se era substituída pelo cinza concreto e tudo seria extremamente escuro se não fosse o neon iluminando as propagandas de produtos que eu não tinha dinheiro para gastar, eu corro até mesmo no verão para esquecer dos meus problemas.

   Há muito tempo aceitei que, quem nasceu pobre iria morrer pobre. Eu acabei de fazer os meus dezoito anos, e não tenho nenhum emprego isso faz eu me sentir inútil um vagabundo. Não sei fazer nada de especial além de malhar dia e noite, o meu pai já vem falando de me por fora de casa por diversas vezes.

   Chego em casa cansado, meu pai acabou está no sofá, deve ter acabado de chegar dos seus 2 turnos de 6 horas, e provavelmente vá dormir por muito tempo. Meu neurotransmissor se conecta com a casa depois de passar pela porta.

- Roberta, horas. Eu digo

   Roberta era uma IA feita para gerenciar as casas no subsolo com diversas funções,cozinhar, ligar e desligar dispositivos eletrônicos, gerenciamento de ambiente, sem ela provavelmente todo o ambiente dentro da casa ficaria cheio de gases tóxicos mais pesados que o ar tornando assim impossível sobreviver aqui.

- Agora são 18:48. Ela responde logo após a minha pergunta.

   Estou atrasado deveria estar na igreja as 19:30, vou tirando a roupa enquanto corro para o
banheiro.

- Roberta ligue o chuveiro, temperatura em 30 graus.

Entro no banheiro fecho a porta, jogo minhas roupas suadas em uma cesta.

- Roberta prepare a minha roupa para igreja. Digo isso enquanto entro no banho. Essa era uma das funções da Roberta, na qual ela deixa roupas pré-definidas na frente para facilitar na hora de vestir.

   Após terminar meu banho, seco-me rapidamente, visto minha calca, coloco minha camisa deixando três botões abertos para não morrer no calor, coloco os meus sapatos, guardo meu palito e gravata na mochila. Sem mesmo comer saio correndodo quarto olho para a sala e vejo que meu pai ainda não se moveu no sofá.

  Pego meu hoverboard subo nele e saio voando escadas acima o mais rápido possível. Vou passando por todo o caminho que fiz enquanto corria, porem agora já era por volta de uma 19:05, e a essas horas as ruas já estão quase que completamente tomada pelas prostitutas seduzindo os canalhas que deixaram as esposas na casa, os homens que saíram dos seus trabalhos já estão bêbados, os traficantes já começaram a vender os seus produtinhos. Escolho passar por uma parte mais complicada do trajeto, porem ali era um ótimo lugarpara cortar o caminho.

   É uma viela mais estreita que outras, passando por um beco eu escuto um grito feminino, desde pequeno me ensinaram a sempre ajudar os necessitados, afinal era pra ser uma boa pessoa que eu ia para a igreja toda a semana.

   Institivamente paro e volto. Não conseguia ignorar alguém que precisa de ajuda, ainda encima do meu hoverboard, entro no beco, ao final dele vejo três homens cercando uma moça. Tiro das costas a minha mala, e acelero o meu hoverboard ao máximo, quando o homem do meio me olha acerto a cara dele com a mala, ele perde o equilíbrio e cai no chão, os outros dois correm ajudar ele a se levantar, eu estendo a mão para menina, que agarra a minha mão. Puxo ela para cima do hoverboard tentando fazer com que ela não se sinta desconfortável evito segurar ela pela cintura, habilmente faço uma volta no beco usando as paredes, quando já estou de costas para os homens e começo a acelerar, estamos quase saindo do beco e parece que vamos conseguir fug....

   O mundo fica em câmera lenta, o meu apoio nos pês simplesmente desaparece. Ergo meu olhar para a menina e vejo um... sorriso? Ela me empurra para fora do meu próprio hoverboard, caio e começo a rolar no chão, até acertar uma parede com forca. Meu corpo está doendo, vejo que estou sangrando. Acho que quebrei algum osso.

   Do fundo do beco os três homens vêm em minha direção, preciso me levantar agora e sair daqui. Me levanto com muita dificuldade. O homem que acertei parece furioso.

- SEU MERDA, EU VOU ACABAR COM A TUA RAÇA. Ele vem gritando e se preparando para uma briga. Eu nunca briguei antes na minha vida, o máximo que sei de combate vem de Mortal Kombat 22, um clássico nada realista, que joguei várias vezes. Ergo meus braços igual os lutadores de UFC que eu assisti umas vezes.

   Ao ver que me preparo para brigar, ele começa a correr na minha direção, quando chega perto, ele consegue me acerta um chute na boca do estomago.

- AHHHG! Com minha mão esquerda empurro a perna dele para baixo que faz ele se aproximar de mim, me dando a chance para encaixar um gancho com a direita, após o golpe ele recuar... 

- Então é assim que você quer brincar? Vocês dois, se preparem, vamos ensinar uma liçãozinha a esse merda.

   Após dizer isso, os dois que estavam só assistindo pegam de dentro das suas roupas uma barra de ferro. O homem do meio veste um par de luva com diversas pontas de metal.

- Não matem ele. Falou a voz feminina sentada em cima do hoverboard olhando para nos.

- Sim senhora. Falou o homem do meio com um sorriso malicioso no rosto. Eles correm para cima de mim novamente, dessa vez eu sabia que se recebesse o primeiro golpe seria o meu fim então também vou avançar para cima do homem do meio é a minha única chance de sobreviver. Acerto nele uma cotovelada e com sucesso e uso meu peso para derrubá-lo, ao mesmo tempo sou acertado pelas barras de ferro nas costas, mas a adrenalina faz eu ignorar a dor. 

   Começo a distribuir um monte de soco com todas as minhas forças no verme abaixo de mim, porem para cada soco que eu dou recebo dois golpes com os bastões de metal. Porem continuo socando ele e cada soco que dou, me sinto melhor, ver como a caradele está sangrando e como ele reage com os socos é de certa forma muito satisfatório....

- ACABEM LOGO COM ELE. Grita aquela vagabunda, foi a última coisa que escutei antes de algum daquelas dois merdinhas acertar a minha cabeça, os sons ficaram abafado, minha visão embaçou, uma dor insuportável invade meu sistema nervoso, as minhas forças finalmente acabaram.

- AAHhm! Foi a última coisa que consegui gritar antes de cair inconsciente.

O Ciclo Da MaldadeOnde histórias criam vida. Descubra agora