05_ Bolsa de estudos.

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Eliza Claire

Como castigo, fomos colocados na sala de espera sozinhos, enquanto o diretor terminava de acalmar os pais que viram a nossa briga depois da peça de teatro.

Eles tiveram dois shows de graça e ainda reclamaram... Na minha época, a minha mãe me jogaria da janela.

Segurei o saco de ervilhas congeladas com mais força e suspirei.

Esse garoto me deu uma surra, mas eu espanquei ele ainda mais.

O Theo ouviu o meu suspiro e se virou para me encarar, já que ele estava sentado na cadeira de metal do meu lado.

Ele tinha um papel no nariz, provavelmente pra tentar parar o sangramento, mas o papel já estava encharcado de sangue e o seu olho tinha uma mistura de verde com roxo acontecendo.

Eu revirei os olhos desviando o olhar dele e ele riu desacreditado.

- Você quase quebrou o meu nariz. - Ele comentou e eu notei a voz rouca dele.

- Você mereceu. - Eu respondi e percebi que a minha voz também estava rouca.

- Eu mereci? - Ele perguntou desacreditado, soltando o saco de gelo que ele segurava contra o seu olho esquerdo. - Eu mereço flores, não um uma louca se jogando pra cima de mim e me batendo enquanto tá sentada no meu colo.

Depende de qual sentido você tá falando...

- Você realmente consegue ser pior que isso ou tá fazendo o máximo pra me irritar? - Perguntei honestamente revirando os olhos.

Eu estava dando tudo de mim pra apenas encarar a pintura de flores na minha frente e não o Theo.

Eu tinha medo de encarar ele e sentir pena, porque ele é um dos seres vivos nesse mundo que menos merece pena.

- Eu devia ter te jogado pra fora do palco quando tive oportunidade. - Ele murmurou e eu me virei com raiva pra ele.

É impressionante a facilidade que esse garoto tem de simplesmente me irritar.

- Eu devia ter enfiado a minha unha no seu olho quando tive oportunidade. - Devolvi a provocação e ele me encarou também irritado.

Os seus olhos brilharam com a provocação e eu vi ele estalar a língua antes de responder com um sorriso.

- Você briga igual uma barata. - Ele insultou e eu soltei uma risada desacreditada.

- Fala o cara que quase desmaiou com um soco no nariz. - Argumentei.

- E fala a garota que só precisou de um puxão de cabelo pra ficar bamba. - Ele respondeu no mesmo tom e eu semicerrei os olhos.

- Eu devia ter chutado as suas bolas com mais força. - Desviei o olhar.

- Eu devia ter batido a sua cabeça mais fundo no chão. - Ele se virou também.

Pelo canto do meu olho vi o Theo tirar o papel cheio de sangue do seu nariz e colocar outro limpo.

No segundo seguinte, o diretor apareceu em uma das portas e nos encarou com o olhar severo.

Logo em seguida, já estávamos nos acomodando na sua sala com tons de marrom.

Aquela sala de espera me lembrava de um hospital, mas a sala do diretor parecia a casa de um vô.

- Eliza Claire e Theo Cooper. - O diretor pronunciou os nossos nomes nos encarando e eu respirei fundo.

- O cabelo do senhor está absolutamente incrível, eu diria que esse corte realmente foi feito pra si. - O Theo elogiou e eu olhei pra ele chocada.

Esse garoto não tem nada além da audácia e ele está mais do que feliz com isso.

- O seu nariz parece quebrado e está sangrando mais que o mar vermelho da minha mulher. - O diretor falou simplesmente apontando para o Theo e ele desfez o seu sorriso na hora.

- Eu garanto que a pessoa que causou isso perdeu alguns fios de cabelo também. - Ele soltou e eu me virei rapidamente pra encarar ele desacreditada.

- Você é um ótimo aluno, Cooper. - O diretor confessou e eu revirei os olhos.

- Eu fico honrado do senhor ter notado o meu esforço. - O Theo sorriu orgulhoso.

- Essa briga vai ficar no seu registro. - O diretor avisou e o sorriso do Theo caiu mais uma vez.

- Então era suposto eu ficar parado e deixar ela me matar na porrada? Porque, acredite ou não, essa garota queria me estrangular com a gravata enquanto estava vestida de árvore. - O Theo se defendeu e eu levantei uma das minhas sobrancelhas olhando para o chão.

Tecnicamente, ele mentiu. Eu estava usando metade da fantasia de árvore, já que ele não se importou de arrancar a fantasia toda durante a briga.

- Mas você obviamente deve ter feito alguma coisa pra provocar isso. - O diretor comentou e eu sorri.

- Obrigada! - Finalmente falei e o diretor me lançou um olhar mortal que fez o meu sorriso sumir.

- É a sua primeira semana aqui e você já espancou um aluno. - O diretor disse com um tom reprovador.

- Ela não me espancou! - O Theo interviu e eu olhei pra ele com desgosto. - Foi uma briga justa. - Ele corrigiu.

- O seu olho tá ficando inchado e tem sangue pingando na sua calça. - Avisei e ele olhou assustado para a calça que não tinha nada.

- Eu não vou perguntar como a briga começou, porque não vai mudar nada. Eu também não vou expulsar ou suspender ninguém, vou apenas dar um castigo. Mas esse é o último aviso para os dois: não quero nada de briga no colégio. Caso queiram brigar, façam fora daqui e filmem porque eu quero ver tudo. - O diretor terminou com um sorriso.

Eu e o Theo encaramos o diretor com uma cara de bunda até ele parar de sorrir e desviar o olhar pra outra coisa envergonhado.

- Vocês podem ir, os pais já estão na sala de espera pra buscar vocês. - O diretor avisou.

Antes de me levantar, vi o Theo hesitar um pouco em levantar e estremecer assim que o fez.

- Eu vou sofrer bullying da Brenda por meses... - Ouvi ele sussurrar.

- Espero que vocês consigam se recuperar do castigo juntos, a tempo de concorrerem para a bolsa de estudos. - O diretor fez a sua voz soar mais uma vez e eu e o Theo nos viramos quase automaticamente.

- Juntos? - Soltei com nojo.

- Bolsa? - O Theo questionou ao mesmo tempo que eu.

continua...

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qnd tiver 4444 comentários eu posto o próximo cap ainda hj

to humilde hj

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