Thoughts (Jenlisa G!P)

Capítulo 04

Point of view by Lalisa Manoban

- Obrigada, tenha uma boa noite.

- Até amanhã, Lalisa.

Assenti para Maria, assim que a mesma me entregou a bandeja do jantar. Segui até o meu alojamento, fechei e tranquei a porta, me sentei na cama e comecei a comer enquanto olhava para a janela, percebendo os primeiros pingos de chuva, beberiquei o caldo da sopa e me senti um pouco cansada.

Terminei o jantar, coloquei a bandeja mais em um canto e segui até o mini banheiro que ali tinha, o banho frio foi rápido, racionando a água, mas me deixando limpa o suficiente para mais uma noite de sono. Fechei as cortinas, apaguei a luz e me deitei, fechei os olhos.. mas como desejei nunca mais ter que fecha-los..

- Ah.. não fique com essa carinha.. está tudo bem.. aqui é um lugar bonito! Não vê?

- Seria.. se você ainda estivesse comigo..

- Pessoas tem que ir, e eu tive que ir.

- Não.. você tinha que ficar, comigo.. você ainda tinha tanto.. tanto pra fazer.. tanto pra realizar..

- Vou fazer isso em outra vida, eu te prometo. E quando eu reencarnar, iremos nos encontrar, vai ficar tudo bem!

- Espera.. aonde você vai?

- Eu preciso ir agora, os portões lá em cima estão abertos, preciso descansar e você também. Estou com você, o tempo todo. Adeus.

- Não.. não.. volta por favor.. volta..

Não.. ela não voltou.. mas o sol sim.. mais um dia, sem ela.

- Bom dia, Kim Jisoo. Estou de volta, assim como prometido.

- Muito obrigada, doutora Lalisa. Ela está lá em cima, de novo.

Subi os degraus da longa escada, seguindo até o último quarto a esquerda, coloquei a minha maleta mais ao canto, perto da porta e me sentei na ponta da cama novamente, como o dia anterior, ainda não sabia exatamente aonde a paciente se escondia, mas tentava deixar a minha voz o mais clara possível, para que ela me escutasse, de qualquer lugar.

- Olá, Jennie, sou a Lalisa. Estou aqui de novo. Talvez hoje você queira conversar comigo, não é?

Aguardei pacientemente alguma reação em algum canto do quarto, mas isso não aconteceu.

- Bom.. hoje é dia três de dezembro, estamos chegando perto do natal, minha parte favorita do natal é a comida, e a sua parte favorita, Jennie?

Silêncio. Então olhei para Jisoo, que estava parada na porta, a mulher me olhava com súplica, me pedindo ajuda a cada segundo.

- Hum.. você já fez biscoitos natalinos? Eles são gostosos. Ah, e bonecos de neve, você já os fez? Acho muito, muito difícil fazer um, mas no final ficam bonitinhos até. Ou alguns ficam bizarros. Depende da forma que você faz, não sei - olhei para os lados, em procura dela, mas nada - Ela saiu do quarto hoje?

- Não, não quis tomar o café e assim que fui abrir a porta pra você, ela correu e se escondeu.

- Jennie, você não se alimentou hoje? Isso é muito ruim, você pode acabar ficando doente, e não seria legal passar o natal doente, não acha? Como poderá abrir os presentes de natal doente? Vamos fazer um acordo? Se você comer hoje, te trago um presente amanhã. Só que você só poderá abrir no natal, então, todas as vezes que comer, te tratei um presente, assim terá vários presentes para abrir no natal, o que acha?

Eu ouvi um pequeno barulho, como uma batida, vindo do armário, dei um sorriso pequeno e assenti no mesmo segundo, sabendo que aquele era o sinal que ela estava fechando um acordo comigo.

- Então eu vou voltar amanhã, e deixarei um presente, apenas se você comer, café, almoço e jantar, tudo bem?

Mais uma batida, aquilo era um avanço.

- Tenha um bom dia, Jennie.

Peguei a minha maleta, e segui Kim Jisoo até o andar debaixo, apertei a sua mão em despedia e mais uma vez, ela me agradeceu.

- Estarei aqui, amanhã, no mesmo horário, Kim Jisoo.

- Até amanhã, doutora Lalisa. E mais uma vez, obrigada.

Desci no ponto na frente do hospital, me identifiquei e logo entrei, encontrando tudo um completo caos. Lindsey gritava, com as mãos no ouvido debaixo de uma mesa, enquanto Chaeyoung tentava inutilmente se comunicar com a velha senhora. Corri até elas e empurrei minha irmã um pouco mais para o lado, me ajoelhei na frente de Lindsey e fiz de tudo para que ela olhasse para mim.

- Sou eu! Sou eu, a Lisa! O que aconteceu? - simbolizei entre as libras, Lindsey tentou explicar apavorada.

"As bombas! As bombas! Muitas bombas! Do lado de fora! Bombas! O ditador está chegando!"

Eu parei e escutei, entendi.

Os relâmpagos de uma possível tempestade.

- Lindsey, olha! Olha, é a chuva! Se lembra? Inverno, chuva, irá chover agora. Não tem ditador, não tem bomba! Não tem mais nada disso aqui. Bem aqui, é um lugar seguro, é uma casa segura.

"Ele irá me pegar, igual pegou os meus pais.. porque eu sou uma judia.. ele irá me levar para o campo.. não deixe, não deixe ele me levar por favor!"

- Nunca deixarei ninguém, ninguém levar você - garanti, me colocando debaixo da mesa junto a ela, me sentando bem na sua frente - Somos melhores amigas, você sabe. Se você for, eu vou junto com você.

"Você é a minha amiga?"

Finalmente.. ela finalmente olhou em meus olhos, e o meu sorriso, foi o mais caloroso possível a ela.

- Eu sou sua amiga, e sempre serei - mostrei, levantando meu dedinho para ela, que tímida, ergueu o seu dedinho meio enrugado com a unha pintada da cor nude e sem força, ela os entrelaçou - Está segura?

"Estou segura"

- Podemos sair?

"Podemos sair"

Com muito cuidado retirei ela debaixo da mesa, a guiando até o seu quarto, lhe entreguei seu remédio e a deitei para que descansasse um pouco, acariciei devagar seus fios brancos e sorri quando ela pegou no sono.

- Café?

- Não, obrigada.

- Como consegue fazer Lindsey te ouvir? Quer dizer, porra ela é surda, você entendeu.

- Eu entendi, Rosé - dei uma leve risada - Eu não sei, ela confia em mim, isso torna tudo mais fácil. Eu sou sincera com ela e cumpro as minhas promessas, isso faz ela confiar mais em mim.

- Esse emprego realmente é pra você, mana.

- Talvez seja.

Dei de ombros, voltando a encarar os flocos de neve que caiam do lado fora.