Collins

Capítulo 59

Respiro fundo, observando cada passo que Gabe da em minha direção. Ele sorri como um louco, agradecido por ouvir seu nome sendo aclamado pela sua coragem. De longe Mia tenta se soltar dos braços de Sam, os olhos azuis cheios de desespero e o lábio inferior preso em meio aos dentes.
Bom, isso tem que acabar logo.
Um breve momento de distração é o suficiente para que eu sinta a lâmina fazer um pequeno corte no meu braço esquerdo, o rápido movimento do meu corpo não foi capaz de evitar que esse imbecil me acertasse.
Certo, já chega dessa palhaçada !
Dou um passo para frente, dando um soco na garganta de Gabe antes que ele tivesse tempo para tentar me machucar novamente, seus olhos se abrem ao máximo enquanto ele tenta respirar e meu coração quase explode dentro do peito ao tomar a faca de suas mãos. Jogo a mesma no chão, molhando os lábios ligeiramente antes de começar a socar a cara de Gabe repentinamente até ouvir seus joelhos tocarem o chão. Ver meu sangue não só manchar minhas roupas mas também a sua pele me causa uma estranha sensação que eu descreveria como  ... Formidável, sentir a dor se fincar em minha mão direita se torna um combustível para a minha raiva só aumentar.
- acaba com isso de uma vez Grayson ! 
Suspiro pesado, sentindo algumas vértebras da minha coluna se encontrarem com a expansão dos meus pulmões. O sangue ainda escorre em meu braço e dessa vez, eu tento controlar a ira dentro de mim. Gabe está largado no chão, vomitando toda a cerveja e qualquer merda que ele tenha bebido - ou cheirado - em cima da tapeçaria cara, o que me faz notar que ele não passa de um pobre coitado louco para subir em um palanque não o pertence. Passar a imagem de valentão sempre foi o seu foco e agora ele está ali, humilhado em meio a todos aqueles que poderiam o colocar aonde ele acha que merecia estar.
- se quer entreter a sua plateia Joseph, suba no palco e faça o seu show. Eu tô fora.
Saio empurrando qualquer um que esteja no meu caminho, contando os passos até chegar na minha garota. Ela me abraça forte e eu correspondo fervorosamente, sentindo a raiva dentro de mim se esvair o meu corpo ao inalar o seu perfume. Agora nada mais importa, as vaias para Gabe, os gritos de Joseph para organizar a próxima briga, a música alta voltando a tocar. Nada mais importa quando Mia está aqui, com os braços ao redor do meu pescoço e a testa encostada na minha. Por mais que eu queira rir ao saber que ela esta na ponta dos pés, me controlo ao vê-la encarar fixamente os meus olhos.
- eu estou bem amor.
- estaria melhor se não tivesse levado isso adiante Andrew.
- desculpe amor, eu não resisti. - sorrio de leve para ela, puxando seu corpo para mais perto. O perfume penetrando fundo em meus pulmões - tem noção de como você esta incrivelmente cheirosa ?
- droga Andrew ! Eu estou falando sério, você esta sangrando porra !!
Ok, ela realmente esta brava comigo agora !
- certo, me desculpa amor. Eu não fiz por mal, só queria ajudar um amigo. - ela abaixa a cabeça, me deixando sem contato visual por um segundo antes que eu solte sua cintura e levante seu queixo. - Logan estava com problemas, eu protejo aqueles com quem me importo. Você melhor do que ninguém deveria saber disso.
Eu sei que ela vai demorar um pouco para pensar em uma boa resposta, então decido a puxar para fora da sala enquanto uma nova briga não começa. Faço um sinal com a cabeça para que Brandon arraste Sam conosco, já que o mesmo estava quase voltando para o meio da bebedeira novamente. Balanço a cabeça negativamente, rindo baixo enquanto observo Sam fazer um pequeno drama para enfim ouvir que o namorado tem a dizer e quando eles chegam até nós fico um pouco curioso para saber o que tinha dentro das bebidas da casa. Claro que Joseph não brincaria em serviço quando se trata de divertir ao máximo seus convidados e continuar com a fama que tanto gosta, drogas nunca foram um problema, nem mesmo as surpresas escondidas nos vários quartos da casa ou no seu sótão. Surpresas estas que eu estava implorando aos céus para Mia não ceder a curiosidade de descobri-las.
De qualquer forma, tudo o que acontecer dentro dessa casa ficará apenas entre os convidados, entre as pessoas que realmente viveram cada segundo da bagunça mais esperada do ano.
- eles estavam nos chamando para ir ao inferninho morango ! Disseram que é a melhor parte da festa ! - Sam não para de choramingar nos ouvidos da ruiva, a qual agora está agarrada a ele em busca de lhe dar algum conforto.
- o nome já me sugere muitas coisas Sam, e uma delas é que pessoas solteiras não são bem vindas.
O pensamento certeiro da Ruiva me deixa inquieto sobre o quanto da festa ela teria conhecimento, algo que com certeza eu vou perguntar mais tarde. Talvez depois de terminarmos o que foi começado no quarto antes de toda a merda acontecer.
- eu queria pelo menos olhar, não arrancaria pedaço de ninguém.
Ele realmente parece chateado por estarmos indo embora sem que ele pudesse conhecer o inferninho, mas os olhares de Brandon para mim são de puro agradecimento por estarmos dando o fora daqui.
- se ele realmente soubesse o que rola naquele sótão... - meu amigo sussurra ao meu lado, enfiando as mãos nos bolsos para pegar a chave de seu carro enquanto a frase fica no ar.
- acho que teríamos problemas para tirá-lo de lá. - completo.
Mia enfia Sam dentro do carro e o ajuda com o cinto de segurança antes de inclinar um pouco o corpo e depositar carinhosamente um beijo na testa do loiro, apreciar seu bumbum empinado me faz relembrar de como ela estava animada no quarto lá em cima, sentando devagar em mim enquanto seus dedos apertavam meus ombros.
Eu preciso dela logo !
Brandon toma seu lugar no banco do motorista e antes de dar a partida faz um carinho com uma das mãos na cabeça de Sam, e sim, ele está tão bêbado que nem irá lembrar disso amanhã mas Brandon não se importa. Demonstrar que o ama é o bastante para aquecer seu coração.
- Brandon consegue ser tão fofo.
Automaticamente meus olhos se voltam para a garota ruiva ao meu lado, cruzo os braços e entorto a cabeça levemente para a direita.
- eu também posso ser fofo, quer ver ?
A puxo para perto com delicadeza, a mantendo dentro dos meus braços com a cabeça deitada em meu peito. Sua risada angelical consegue fazer eu me sentir deslocado. Do que ela está rindo afinal ?
- sabe que você fica lindo quando acha que está competindo com alguém ?
Os olhos dela transmitem seu divertimento pessoal em querer me deixar com ciúmes, sabendo que Brandon não me traz nenhuma insegurança.
- acha mesmo que eu sentiria ciúmes do Brando ? - digo quase indignado, me divertindo com a situação. - creio que você não faz o tipo dele.
Ver sua boca se abrindo em perfeito " Ó " me deu muitas coisas pra pensar, o que me faz querer mais do que nunca sair daqui e correr para casa. Seja a dela ou a minha.
Com uma das mãos em suas costas a direciono até o carro, abrindo a porta e a fechando logo que ela se acomoda no banco do passageiro. Dou a volta e entro de uma vez, ligando o rádio e fazendo uma leve careta de apreciação ao acertar a rádio.
- não sabia que você gostava de rap.
Olho de canto para ela ao finalmente sair com o carro, me perguntando que tipo de música ela achou que eu ouvia.
- sou bem eclético meu amor, escuto tudo o que achar plausível para o momento.
- então eu veria você batendo cabeças em um show de rock ? - a piada não soa engraçada, mas por algum motivo me faz rir.
- provavelmente não, rock é um pouco demais pra mim.
- adoraria ver você com aquele visual, acho que roupas pretas ficam bem em você.
As bochechas dela começam a ganhar um tom avermelhado, dando a entender que a minha ruiva não é mais tão inocente assim.
- o que exatamente você chama de " aquele visual " ? - pergunto curioso, atiçando a imaginação dela a se perverter um pouco.
Mia parece pensar detalhadamente em algo, a forma com que morde o lábio inferior é a prova que eu precisava para saber que sim, a ruivinha tem pensamentos eróticos comigo.
- quase como a sua roupa na festa a fantasia, entende ?
- não, seja mais específica.
Ela xinga baixinho antes de molhar os lábios com a língua, deixar Mia envergonhada é um dos meus maiores prazeres. Ver como seu corpo reage ao imaginar certos tipos de coisa, como suas mãos suam e ela as esfrega nas coxas para amenizar o formigamento entre as pernas.
- eu adorei o jeito com que você se vestiu, só não amei por que havia garotas demais em cima de você. Mas te ver daquele jeito, me deu o que sonhar naquela noite.
- bom, a maquiagem também está inclusa nessa sua fantasia ?
- seus olhos ficaram bem mais intensos, o verde quase gritante em meio as sombras.
O barulho do celular dela tocando acaba interrompendo nossa conversa,  ela procura o aparelho dentro da pequena bolsa escura e atende assim que o encontra.

-alô ? ... Sim, eu já estou indo para casa vovó, aconteceu alguma coisa ? ...

Entro em nosso bairro com velocidade, passando pela portaria e diminuindo conforme a conversa corre.

- vovô, fica calmo ! Verônica vai entrar em contato, só dá um tempo pra ela. ... Sim, eu sei que você só quer ajudar, mas agora não de pode fazer nada além de esperar. Eu já estou chegando. Fica calmo e toma seus remédios caso sinta alguma dor, ok ? Eu te amo.

- o que aconteceu ruiva ? - pergunto preocupado, sentindo que ela ficou tensa logo que desligou.
- Verônica foi embora de repente após receber um telefonema de um parente e o vovô ficou sem saber o que fazer. Eu fico preocupada com ela, mas também com ele.
- o coração, não é ?
- sim.
Paro o carro na frente da garagem e salto do veículo assim que Mia faz o mesmo, largando sua bolsa no banco e levando consigo apenas o celular.
- quer que eu vá com você ? - pergunto alto antes que ela atravesse a rua.
- isso parece pessoal demais Andrew, eu te ligo depois.
Assim ela volta correndo até mim, colocando os braços ao redor do meu pescoço e me dando um beijo caloroso.
- eu te amo Grayson.
- eu te amo ruiva.
Mia me solta, correndo de volta para o outro lado da rua e me deixando ali, parado ao lado do carro com o coração nas mãos.