15_ Você é insubstituível, amor.

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Eliza Claire

Tropecei em um carrinho cheio de livros, quase derrubei um casal, matei uma barata no sapateado, deixei todas as minhas folhas de anotações caírem e tive que apanhar cada uma igual uma ratazana enquanto xingava, tudo isso apenas pra conseguir chegar na mesa da biblioteca.

E esse garoto nem se deu ao trabalho de me dar um olhar.

A falta de humildade do Theo vai levar ele pro inferno.

- Eu estava me perguntando se você daria as caras hoje. - O Theo falou sem me encarar enquanto lia um livro.

Eu estava sofrendo porque o vaso entupiu logo quando eu lancei um tolete de 3 dias.

É que o meu cu fica tímido as vezes.

Eu coloquei as minhas anotações na mesa e suspirei.

- Desculpe o atraso. - Falei baixinho e o Theo levantou o olhar pra mim.

- Eu sempre vou perdoar você. - Ele sorriu de lado com sarcasmo e eu revirei os olhos.

O Theo estava sentado no seu lado habitual de sempre e eu me sentei em uma das pontas da mesa, deixando apenas uma cadeira entre nós.

- Vamos começar a trabalhar. - Ele anunciou largando o livro e eu percebi que não era um livro sobre economia.

Corte de Espinhos e Rosas.

Arregalei os olhos em choque e o Theo me passou algumas anotações.

- Não me pergunte como, mas eu consegui algumas informações que podem ser importantes para o nosso trabalho. - Ele contou e eu observei ele desconfiada. - Tá bom, o meu pai convidou o diretor pra jantar e ele contou algumas coisas.

Eu soltei uma pequena risada me ajeitando na cadeira e observei o Theo com atenção.

O Theo hoje vestia uma camiseta preta com uma frase em inglês e uma calça preta, a correntinha e os seus anéis pareciam ter sumido. Notei o seu cabelo um pouco mais arrumado que ontem, mas também vi uma pequena marca no seu pescoço.

Eu não sabia identificar se aquilo era um chupão ou uma mordida.

Eu não acredito que o Theo realmente vê a xereca ou o bilau de alguém...

Eu nem consigo imaginar ele transando.

Por um breve momento, eu deixei a minha mente imaginar a cena dele transando, mas logo parei com uma careta de nojo que fez o Theo me encarar confuso.

- Aparentemente, os responsáveis pela bolsa querem ver coisas relacionadas com comida e marketing digital. O que te dá um ponto porque você pensou em fazer uma empresa de brigadeiros. - Explicou.

Eu sorri orgulhosa e o Theo voltou a falar.

- Você nem deveria ficar tão feliz, como você disse, você não tem certeza do que quer fazer. - Ele lembrou.

- Na verdade, agora eu sei o que eu quero fazer. Eu vou fazer uma empresa de suco de laranja. - Sorri puxando a folha que eu fiz uma montagem da Inês Brasil bebendo um suco de laranja com o nome Eliza. - Eu tenho até uma musiquinha pra tocar nos comerciais.

O Theo me encarou como se eu fosse uma criança idiota enquanto puxava a folha da minha montagem.

- Você quer um dia alaranjado? Beba sucos Eliza contra Bolsonaro. - Cantarolei baixinho.

- Isso soa terrível. - Consegui ouvir uma risada escapar dos lábios do Theo.

- Eu não ligo, é a empresa que eu vou fazer. - Puxei a montagem da mão dele. - Ou talvez eu faça uma empresa de brigadeiros. - Murmurei.

O IntercâmbioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora