FIRST DATE - PART ONE

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TIMOTHÉE

— Keith, você acha que eu errei em não ter contado que estou morando com você?

— Acho.

— Pensei que você seria mais fofo que o Andy.

— Ah, só um minuto — disse, sorrindo. Em seguida, com uma voz irritante de desenho animado, repetiu: — Acho.

Aquele diálogo se repetia em minha mente, fazendo com que minhas mãos suassem com o nervosismo — que também era causado pelo fato de estar prestes a ter um encontro com Jehane.

Eu não sabia o que era ter um encontro com alguém por quem me apaixonara. Todos os outros — nem tantos, se eu comparasse com outras pessoas da minha idade — foram apenas encontros, no sentido mais simples da palavra.

Aquele, no entanto, era mais do que duas pessoas querendo se conhecer melhor. Para mim, o encontro com Jehane significava uma tentativa, um passo em direção ao futuro — que era incerto, mas isso não nos impedia de desejar que estivéssemos juntos nele.

— O que foi? — ela perguntou, de repente.

— O quê?

— Você não para de estalar os dedos.

— Eu estou... Então, eu estou nervoso.

— O que houve?

Ri de maneira involuntária — e esquisita, porque eu estava nervoso e, na maior parte do tempo, era um esquisito.

— Se você estivesse prestes a ter um encontro consigo mesma, entenderia o motivo do meu nervosismo.

Ela ficou em silêncio por algum tempo.

As luzes da cidade iluminavam o seu rosto enquanto o carro percorria as ruas, e eu poderia observá-la pelo resto da minha vida — ou pelo resto da noite, já que existiam milhares de histórias que eu ainda queria viver com Jehane. Ficar preso em um carro para sempre me impediria de vivê-las.

— Você é muito bom com as palavras — disse, finalmente.

— Não sou, não, e você sabe disso.

— Eu quis dizer que você é bom porque as palavras vêm direto do seu coração, mas, nesse caso, você está deixando algo de fora.

Talvez meu coração tenha parado ao ouvir aquilo.

Talvez ela já soubesse, e estivesse fazendo aquela coisa que os homens diziam que as mulheres faziam: dar uma corda para que eu me enrolasse até me enforcar.

Talvez eu estivesse paranoico.

— Como assim?

— Quando você está nervoso apenas por minha causa, começa a gaguejar, ficar vermelho e coçar a nuca. E olha para baixo, se também estiver com vergonha. Mas agora você também está estalando os dedos. E também não para de enxugar as mãos na calça. Ou seja: são dois novos sintomas de uma vez. Fiquei preocupada.

Sorri, porque ela sempre reparava em coisas que eu não conseguia ver — mesmo antes de nos conhecermos — e, também, porque se preocupava comigo.

Mas também fiquei com medo — pelos mesmos motivos.

— É que... Então... Eu preciso falar com você sobre algumas coisas e... Mas...

— Não precisa ser agora.

— Obrigado.

Jehane apoiou a cabeça em meu ombro, e o seu gesto fez com que eu me sentisse aliviado.

THE FAME || Timothée Chalamet Where stories live. Discover now