12. Eu estou morrendo

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Pov Hannah

...Dois meses depois


Tessa e eu voltamos uma vez para a casa dela, mas isso aconteceu só para que ela me mostrasse o seu porão repleto de armas e explosivos de todos os tipos. Algumas coisas eu não fazia ideia do que eram ou de como usar, mas ela me explicou sobre cada uma delas.

Depois disso, nós passamos das "aulas" teóricas para as práticas. Agora eu já sei como caçar com o arco e como me defender com ele. A morena também está me ensinando combate corporal. Ela é muito boa nisso, talvez treinasse alguma luta antes do mundo acabar.

-Você fazia alguma luta em academia antes do mundo acabar?- pergunto ofegante.

-Não- ela responde enquanto desviava de um golpe meu.

-Então onde aprendeu essas coisas?- tento me aproveitar da distração da conversa para tentar desarmar a mulher, mas falho.

-Eu fazia parte da força especial da marinha junto com o meu marido- ela me acerta um golpe e eu cambaleio para trás- nós éramos Navy SEALs.

-Que!?- saio da posição de ataque e olho surpresa para ela. Eu sabia da importância desse grupo militar- como você nunca me disse isso antes?

-Você nunca me perguntou- ela dá de ombros e vem para cima de mim me obrigando a entrar na posição de ataque novamente.

Continuamos com a luta pelo resto da manhã eu consegui desarmar ela pelo menos umas três vezes. Meu corpo fica doído, mas eu gosto disso, me sinto mais forte. Já ela, eu acho que ela trata isso apenas como um passatempo. A tarde chega e nós entramos no intervalo para comer o esquilo que caçamos mais cedo.

-Você conheceu o seu marido antes de entrar para os Navy SEALs ou depois?- pergunto enquanto mordo o esquilo assado.

-Depois- ela diz sem levar os olhos para mim- nos conhecemos lá dentro.

-E como era lá?- pergunto interessada.

-Terrível!- ela me olha e faz uma careta me fazendo rir- mas conheci muita gente lá que se tornou importante para mim- a mulher diz com o olhar nostálgico.

-Sinto muito por eles- dou um meio sorriso.

-Talvez eles estejam em algum lugar por aí ainda- ela dá de ombros.

-Talvez...

Concordo vendo ela dar outra mordida no animal. Suas mãos trêmulas chamam a minha atenção enquanto seguram a carne escura. Eu poderia dizer que desde que eu a conheci, sua tremedeira parece ter aumentado, mas pode ser só coisa da minha cabeça. Não sei se já temos intimidade o suficiente para isso, mas mesmo assim decido perguntar:

-Por que suas mãos tremem?- a mulher para de mastigar e me olha séria.

-Eu estou doente- ela olha para as suas próprias mãos.

-Tem algum remédio para isso?- pergunto curiosa.

-Não...- ela abre um sorriso decepcionado- tive a sorte grande de herdar uma doença muito rara que o meu tio teve.

-Como se chama essa doença?- sinto pena dela.

-Esclerose lateral amiotrófica ou ELA, como quiser chamar- ela olha hipnotizada para o movimento de abrir e fechar que seus dedos fazem- é a doença que o Stephen Hawking teve, mas acho que não vou ter a sorte de viver tanto quanto ele.

-O que? Como assim?- a olho confusa.

-Resumindo, essa merda zoa com as partes do meu cérebro que são responsáveis pelos meus movimentos, mas deixa intacta a parte que me deixa consciente- ela aponta para a própria cabeça com o indicador- ou seja... Daqui a algum tempo eu não vou conseguir falar, comer ou andar, mas vou estar bem acordada para ver e sentir tudo isso me matar.

HANNAH | Livro Dois | Daryl DixonWhere stories live. Discover now