capítulo 21

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— Sinto muito. — ele fala sem olhar para mim.

— Tudo bem.

Dói tanto que tenho a sensação de que esse sentimento desordenado e repulsivo nunca poderá ir embora. Nunca em toda a minha vida me senti assim. Diria que é o sentimento mais doloroso que já pude experimentar. Dói mais do qualquer coisa. Até mais que meu joelho ferido.

A brisa cortante faz meus cabelos agora leves, grudarem em meu rosto. O que Thomas fez, não mudou o que eu sinto por ele. Eu deveria estar com raiva, mas ao invés disso estou machucada. Queria poder odiá-lo, mas não consigo. Só consigo chorar, só isso.

— Por que tinha que ser justo com ele? — pergunto a Brandon, sem nem perceber que acabei de me contradizer do que estava alegando há segundos atrás.

A princípio ele não interpreta o que eu quis dizer com essa pergunta, mas após um tempo raciocinando, compreende.

Pensa bem antes de dizer:
— A gente não escolhe com que acontece Scarllet. Às vezes, o nosso coração nos trai. — ele fez menção para pegar a minha perna. Estendi para ele, e ele pôs gentilmente sobre a sua.

— Você já gostou de alguém alguma vez?

— Não. Quer dizer, senti borboletas no estômago hoje mais cedo, porém nunca cheguei a esse ponto. — Brandon analisa meu joelho e assopra com delicadeza. — Mas, não se culpe por isso — ele continua.

— Você não pode controlar o que sente por alguém. Ninguém nunca desejaria estar apaixonado pela pessoa errada. E essa é a moral da história. É assim por diante. Mas o que posso dizer? — respira fundo.
— A maioria das pessoas anseia pelo desejo da paixão, mesmo que machuque. É assim com ele também. Ele anseia por ser amado, mesmo que machuque quem o ama. Acha que fazendo as pessoas o amarem, vai tirar o vazio que existe dentro dele. Ele quer ser amado mas não sabe como agir. Talvez não saiba nem como amar. Por isso magoa todo mundo que chega perto. Você foi só mais uma vítima Scarllet.

O que Brandon diz faz sentido. Eu deveria ter percebido os sinais. No final, sou só mais uma idiota que se apaixonou por Thomas Collin. Não há diferença alguma entre mim, Alisson, Olívia, Elena e o resto das garotas. Pensei que seria diferente comigo. Pensei que eu seria diferente. Pensei que eu nunca seria tão burra ao ponto de ver ele com outros olhos. Me sinto escrava das minhas emoções.

— O que devo fazer? — pergunto enquanto me forço a esconder minhas lágrimas.

— Esqueça ele. Não vale à pena. Não garanto a você, que ele irá desistir de fazer você chorar. Você o rejeitou muitas vezes. Talvez esse seja o motivo de ter feito isso.

— Eu não o rejeitei. — digo cautelosamente.

— Sim, rejeitou. Muitas vezes. Quando não quis ficar perto dele, quando não quis dormir com ele. Até mesmo quando jogou uma bandeja em seu rosto. — soltou uma risadinha. — Ele é cheio de si e quando encontrou alguém que não conseguiu impressionar, deve ter ficado maluco. — analisa meu joelho.

—  A minha mãe sempre me disse que homens agem como crianças, quando estão apaixonados. Está claro que ele tem uma certa fraqueza quando o assunto é você. Não estou justificando o que ele fez. Só estou dizendo que essa pode ser uma possibilidade.

— Não, não é. Quando gostamos de alguém, a última coisa que fazemos é machucar. — digo mesmo sabendo muito pouco sobre isso.

— Você está certa. No entanto, deve se lembrar que pessoas confusas e despreparadas, também sofrem as consequências de gostar de alguém. Elas não sabem como agir e por isso magoam. O meu pai amava minha mãe, o meu pai de verdade. Mas ele não sabia como amar, então a deixou sozinha com dois filhos. — disse ele me abraçando de lado, então deitei minha cabeça em seus ombros.

A última noiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora