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Ela de quatro
É uma obra de arte.

LEONARDO 🚬

Eu estava feliz, minha mãe tinha acabado de sair do meu quarto depois de uma longa conversa que me fez um bem enorme. Ela não poupou elogios para a Beatriz e isso me deixou muito feliz.

Mas não posso dizer que estou feliz só por causa disso, agora eu tenho a mulher mais perfeita do mundo ao meu lado e ela se declarou para mim. Juro que senti que iria morrer de felicidade, parecia que meu coração ia sair pela boca a qualquer momento.

Quando eu ouvi ela dizendo tudo aquilo para mim, podia jurar que estava sonhando. Foi o momento mais mágico da minha vida, eu me senti incrível, o homem mais sortudo do mundo.

E mesmo estando em uma cama de hospital me sentindo um moribundo, eu estou feliz.

Muitas emoções em tão pouco tempo; perdi a Beatriz, falei mal do meu pai na frente de todo mundo, reencontrei minha mãe e tirei ela daquele lugar horrível, sai de casa, fui atrás da Beatriz, cuidei dela, bati no pai dela, Levei um tiro, quase morri, Beatriz se declarou para mim e eu me declarei para ela e agora estamos juntos.

A minha vida daria um roteiro de filme.

Me ajeitei na cama sentindo meu corpo doer, a enfermeira disse que demora até dez dias para o corte nas minhas costas se cicatrizar, ela falou que já está bem melhor e que é resultado da minha boa alimentação.

Compensar que eu sou fumante desde os quinze anos.

Lorenzo entrou no quarto e eu encarei ele confuso.

—O que você está fazendo aqui? — Perguntei.

—Não é óbvio? Vim ver você.

Ele passou por mim e se encostou na janela olhando para fora. Fitei o teto, eu estava fazendo o possível para ignorar a presença dele.

A Beatriz deve ter avisado, eu tenho certeza disso. Por mais que eu esteja com raiva, ela não tem culpa, só fez o que achou certo no momento.

Não entendo, ele não se preocupa comigo e isso está escrito na testa dele, para que vir até aqui?

—Vamos ser sinceros — falo chamando sua atenção — Você não veio até aqui para ver como estou, eu conheço você, fala logo o que quer.

Lorenzo sorriu negando e se aproximou um pouco mais, ele colocou as mãos nos bolsos da calça social preta enquanto me encarava.

—É isso o que você pensa de mim?

—Você me deu motivos para isso, desde quando eu me entendo por gente, você nunca se preocupou.

—Você é meu filho.

—Nunca me tratou como tal.

Ele suspirou e sentou nos pés da cama, levou a mão até a minha perna e passou a ponta dos dedos na minha tatuagem. Minha mãe disse que ele sempre quis ter uma, mas não fez em respeito ao pai que odiava esse tipo de coisa.

—Quero que volte para casa.

—Como é que é? — encarei ele incrédulo.

—Eu quero que você volte para casa — repetiu.

—Você só pode estar ficando louco.

—Leonardo, eu nunca falei tão sério em toda a minha vida. Eu tive medo de te perder, quando eu soube do que aconteceu, foi como se eu levasse um choque de realidade e enxergasse o que você significa para mim. Você é meu filho, a única coisa que eu tenho. Eu sei que errei muito e nada justifica as minhas atitudes, mas eu estou aqui de coração aberto para te pedir uma nova chance, quero que tenhamos uma boa relação de pai e filho, eu quero cuidar de você.

Só por uma noiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora