31_ Barbie sereia.

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Eliza Claire

- Só tem uma cama. - Contei.

Me virei assustada para o Theo e encontrei os seus olhos levemente arregalados enquanto ele notava a única cama presente naquele quarto.

Os seus olhos caíram em mim, mantendo contato visual e ele não disse nem uma palavra.

Apenas me encarou sem saber o que fazer.

Tem que existir alguma outra opção que evite o acontecimento terrível que seria me suceder a dormir na mesma cama que o meu inimigo...

Encarei o chão e considerei a opção, mas logo em seguida quase chorei pelas minhas costas de velha.

- A banheira! - Abri um sorriso vitorioso correndo para o banheiro que ficava no quarto de hotel.

Um de nós pode dormir na banheira na primeira noite e o outro na outra noite, pelo menos até eu arrancar o Adam do meu quarto de hotel.

Arrombei a porta mais rápido que o meu namorado traficante que tirou a minha virgindade e os meus olhos se arregalaram em terror.

Um chuveiro.

Voltei para o lugar que eu estava antes e encontrei o Theo plantado ainda lá.

Ele me encarava neutro enquanto eu enlouquecia.

- Por que você tá apenas me encarando? - Perguntei em pânico, irritada pela sua calma.

Se eu estou surtando, eu quero que todo mundo fique em pânico igual.

- É um péssimo momento pra admitir que eu não consigo tirar os meus olhos de você. - Ele afastou o seu ombro da porta e caminhou até mim sorrindo sem dentes.

Os seus passos atravessando o quarto eram calmos e cuidadosos. Quase como uma dança sombria que apenas ele sabia executar.

Era enlouquecedor presenciar e ser obrigada a assistir ele andar com a graça de um deus místico até mim.

Devo ter tomado toda força do meu corpo pra não recuar quando ele chegou perto de mim e me encarou com os seus olhos penetrantes.

Um passo era suficiente para juntar os nossos corpos, mas o Theo não tomou esse espaço e permaneceu tão distante e ao mesmo tempo tão perto.

- Você precisa pedir para a professora nos colocar em outro quarto. - Falei percebendo que eu estava prendendo a respiração.

- O hotel está lotado com pelo menos 5 turmas de alunos, você sabe que isso não vai ser possível. - Ele argumentou.

- Você consegue tudo que quer. - Apelei. - Às vezes, eu me encontro pensando que se você desejasse tocar os céus, você seria capaz.

- Eu prefiro tocar outra coisa. - Ele inclinou a cabeça para o lado e eu senti o meu sangue começar a ferver de ódio.

- Eu não posso dormir aqui com você. - Confessei irritada.

- Eu te dou permissão. - Sorriu sarcástico e eu quase tive vontade de gritar.

Nunca mais eu me atrevo a dizer que tenho o dom de irritar as pessoas, pois nesse quesito eu sei que acabei de perder para o Theo. Nesse e muitos outros.

- Ótimo! - Soltei irritada. - Eu faço isso sozinha. - Falei passando por ele, decidida a falar com a professora e implorar pra dormir em um armário de limpeza.

Prefiro dançar com uma barata do que dormir nos mesmos lençóis que o Theo.

Senti uma mão pegar o meu pulso me virando e me impedindo de sair do quarto.

O passo que separava os nossos corpos havia sido apagado e tudo que existia agora era o meu corpo e o dele se tocando.

Levantei o olhar para o Theo e ele não se importou de separar os nossos corpos.

- Eu realmente não entendo porque isso é tão importante pra você. Não é como se você estivesse se controlando pra não pular do meu lado da cama. Pular no meu pescoço? Talvez. Mas no meu pau... - Ele olhou pro lado dando de ombros.

Eu senti as minhas bochechas esquentarem e podia jurar que vi um sorriso nascer no canto da boca do Theo.

- A menos que... - Ele sussurrou me analisando.

- Não! - Me apressei a falar com os olhos arregalados.

Uma risada nasal escapou do Theo e quase de um jeito imperceptível, o seu corpo foi pressionado contra o meu. Prendi a respiração mais uma vez, mas o perfume dele já havia feito o seu caminho até o meu nariz.

- Prove. - Ele desafiou. - Prove que você não está nem um pouco tentada a me beijar.

Permaneci em silêncio, lentamente entrando em combustão pela vergonha e choque. Os dedos do Theo permaneceram no meu pulso e ele lembrando do seu toque no meu, fez questão de passar o seu dedão por uma veia minha com carinho.

Os seus olhos ainda esperavam por uma resposta enquanto a sua boca se estendia em um pequeno sorriso orgulhoso.

O Theo é um mentiroso e idiota, fiz questão de lembrar.

- Recue. - Ordenei e os olhos do mesmo pareciam ter saído de um transe que os meus gentilmente tinham oferecido.

A mão do Theo soltou o meu pulso e os seus pés deram um passo para trás, assim como eu mandei.

Agora late e fala que você é a Barbie sereia.

Respirei fundo abaixando o olhar.

- Eu devo ter caído no inferno sem querer. - Murmurei ainda fitando o chão do quarto.

- Mesmo com essa distância entre mim e você, eu também consigo sentir o calor do inferno agora. - O Theo murmurou de volta e eu subi o rosto indignada.

- Como você consegue estar tão calmo e ainda fazer as suas piadas nível Shrek? - Reclamei e o Theo revirou os olhos.

- A verdade é que nós temos o hábito de complicar coisas simples de resolver, e isso gera problemas ainda maiores. - Ele admitiu.

- Essa não é a verdade. - Neguei irritada. Talvez realmente fosse... - E eu realmente odeio a sua mudança de atitude comigo.

A última vez que ele teve essa mudança de atitude tão repentina de me odiar pra ser simpático ou até mesmo fazer brincadeiras, eu acabei sem um trabalho.

O Theo franziu a testa e semicerrou os olhos confusos pra mim.

- Sempre que penso em você, eu percebo o quão idiota você é, e eu odeio a quantidade de vezes que eu percebi que você é idiota. - Ele confessou com a voz arrastada de ódio, fazendo o insulto soar como um elogio.

Ele se aproximou, como se não conseguisse deixar o seu corpo longe demais do meu por alguns minutos.

- É essa atitude que você prefere? - Ele piscou e eu percebi um pingo de confusão no seu olhar. Parecia uma pergunta genuína. Ele realmente estava tentando saber se eu preferia ser tratada com ódio.

- Eu quero acertar um soco no meio do seu olho agora. - Suspirei cansada fechando a porta do quarto.

Puxei a minha mala para perto da única cama do quarto enquanto sentia o olhar do Theo queimar a minha nuca.

- Eu vou dormir do lado direito porque quero acordar e olhar para a janela. - Me virei pra ele. - Mantenha suas mãos longe de mim, até mesmo se eu começar a andar pelo quarto enquanto durmo e tentar me jogar da janela.

- Nunca falei que pretendia usar apenas as mãos. - Soltou quase ofendido e eu arregalei os olhos.

- Theo. - Repreendi brava.

- Você precisa conhecer algo chamado "sentido de humor", querida. - Ele riu.

continua...

O IntercâmbioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora