Capítulo 35 - Muita Coisa, Pouco Tempo

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Olha quem voltou em menos de seis meses 👀

(Apesar de uma parte de mim não querer escrever tão rápido agora que sei que estou terminando).

Bem, vou deixar vocês com o capítulo.

Boa leitura!
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O segundo semestre daquele ano se esgotou rápido demais. Ou no tempo exato. Nenhum dele saberia dizer com precisão.

Talvez Marceline conseguisse dizer melhor. O mundo parecia um pouco bagunçado, a ordem natural parecia remexida. Antes, havia a necessidade de sair juntando migalhas de alegria pelo o caminho, a sensação era a de tentar construir um castelo de areia só para ver o mar levá-lo no segundo que ela terminava de levantar a primeira torre.

E agora ela vivia tendo que reorganizar o tempo, porque tinha coisas demais acontecendo umas sobre as outras, se acumulando.

Precisava estar presente no estúdio, moldar o conceito daquilo que talvez fosse eternamente seu trabalho mais sensível, e a sensação de passar horas a fio naquela sala gelada repassando letra atrás de letra, acorde atrás de acorde, poderia ser exaustiva se não fosse tão eletrizante.

E no meio disso precisava fugir em algum momento, acelerar a moto quase no limite do permitido para chegar a tempo no prédio de Simon e tocar para ele a última música que tinha feito, e muito provavelmente seria descartada do álbum. Afinal, ele não seria aprovado com mais de 50 músicas.

E em algum momento tinha que estar em uma pista de boliche, parque ou restaurante com Hunson, ouvindo mais alguma história sobre ele, a mãe ou seu país de origem, e por mais que algumas delas pudessem doer, o que prevalecia era o sentimento de história recuperada, como se pelo menos um dos seus pedacinhos que pareciam para sempre perdidos tivesse encontrado seu caminho de volta para ela.

E quando chegasse em casa, precisava de energia para arrastar Bonnie até sua moto, pilotar até o High Line, subir no jardim particular e ficar ali, vendo a noite cair por cima da cidade. Gostava de notar a diferença entre as duas garotas totalmente perdidas que haviam sentado ali pela primeira vez quando comparadas com as duas que pelo menos sabiam onde queriam chegar agora.

Quando as férias chegaram, o primeiro mês foi totalmente dedicado ao trabalho de finalizar o quarto de Bonnie. Quando pronto, parecia muito com o que ela tinha na casa dos pais. Por um momento, ela sentiu um certo desconforto em pensar que só teria mais um ano para ficar ali antes de se formar e então dar início a própria vida.

Quando estava tudo pronto, e depois de choramingar muito por uma pausa nas gravações, Marceline tinha enfiado uma ideia na cabeça.

Queria passar férias no Brasil.

E Megan era muito ruim em dizer não para ela.

Então, no início de julho, Megan estava num avião, responsável por um grupo grande demais de adolescentes, com o apoio apenas de Hunson para não surtar de vez.

"Não pode ser tão ruim assim, pode?" - ele perguntou em algum momento no salão de embarque, quando ela deixou escapar um longo suspiro observando o grupo falando uns sobre os outros enquanto olhavam um itinerário de viagem.

"Acha que eles são agitados demais no estúdio? Espere até ver eles soltos no meio de um bilhão de novidades. Só pra avisar, Marceline é muito mais boca suja na língua mãe dela."

E a viagem foi bastante tranquila. Se você não considerar a vez que Marceline e Marshall quase conseguiram organizar uma fuga coletiva pelas escadas de incêndio do hotel porque ficaram sabendo de um baile funk a alguns (muitos) quilômetros dali. Ou a vez em que Marceline esqueceu que não estava nos Estados Unidos e começou a xingar uma atendente de loja mal educada em português. Ou a vez que Kevin alugou os ouvidos de Megan por uma hora seguida sobre como sentia falta de Marshall (mesmo que a decisão de interromper a parte colorida da amizade tivesse sido conjunta). Ou quando Keila arrumou problemas por flertar com o cara do serviço de quarto, claramente bêbada. Ou a vez que Marshall arrumou briga na praia com um cara aleatório, e Megan não sabia se ficava com medo que ele parasse no hospital, ou na delegacia por mandar o cara para lá. Ou a vez que Bonnie se enfiou num táxi de volta para o hotel porque tinha certeza que viu Marceline olhando outra garota, mas acabou num lugar completamente aleatório porque o motorista não falava inglês muito bem. Ou a vez que...

Agridoce - Bubbline AUOnde as histórias ganham vida. Descobre agora