Capítulo 36 - Nem Amargo, Nem Doce

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Olá, meus amores.

É dia 14 de março de 2022 enquanto escrevo essa linha. 21:37. Minha última refeição foi o almoço e minha mão está doendo de escrever rápido demais.

E eu tô triste e orgulhosa para um caralho.

Qual é mesmo a palavra pra quando algo não é nem extremamente ruim nem totalmente agradável? Tá na ponta da minha língua.

Enfim, vamos para o capítulo. Talvez você precise daquele lencinho pras lágrimas e tal.

Boa leitura!

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Rolling Stone, Edição Agosto de 2028

Entrevista por Karen Pierce

Sete anos atrás, o mundo via pela primeira vez a explosão de talentos e sucesso que a banda Marceline & The Scream Queens viria a se tornar. Inicialmente parte da cena indie de Nova York, a banda chumbou seu espaço na cena mainstream logo com o álbum de estréia, Agridoce.

Em menos de um ano, as paradas estavam encharcadas com a voz arrebatadora de Marceline, e não tinha quem não conhecesse pelo menos um dos singles que tocavam em todo lugar, a todo momento.

Agora, próximos de dar a primeira pausa longa depois de sete anos e quatro álbuns, os integrantes e pessoas mais próximas abrem o jogo para a Rolling Stone sobre o processo de criação daquele que é, ainda hoje, o álbum favorito da maioria dos fãs.


Marceline: Eu acho que é um pouco óbvio para quem está ouvindo o quanto esse álbum é pessoal. Do conceito às letras, tudo leva um pedaço meu, das consequências que minha história teve na nossa música, dos nossos problemas internos. Nunca foram problemas com a nossa convivência, porque a gente era, e ainda é, uma família. Mas sobre o peso que todo o resto da nossa vida inevitavelmente teve no nosso trabalho.

Priscilla: Eu vou ser bem sincera aqui. Quando ela apresentou o conceito, de início, eu achei genial. Quando entendi os motivos dela, quis dar um tapa nela para que nunca mais dissesse uma coisa daquelas.

Guy: Não era daquela forma que víamos Marceline. Não era como queríamos que ela se visse, e muito menos como queríamos que o público a enxergasse logo de cara.

Bongo: Eu entendia onde ela queria chegar. Entendia de verdade. Mas não concordava nem um pouco.

Keila: Tem essa coisa sobre conviver com a Marcy: ela vê as coisas como elas são, da forma crua e às vezes cruel que elas são. Quer dizer, antes ela era muito pessimista mesmo. Ela via a tragédia pintada em todo lugar. Mas a chegada de Bonnie não fez dela uma positivista, como a gente meio que queria lá no fundo. Ela só ficou realista. E a gente ficou um pouco baqueado com isso no começo.

Marshall Lee: Na real? Eu abracei aquela ideia de imediato. O conceito de criar um alter ego e um universo meio lúdico para o álbum, meio CryBaby da Melanie Martinez? Combinava com ela. O fato dela escolher um vampiro, por sentir que ela havia sugado a energia das pessoas à sua volta quando estava mal? Fazia sentido. E não estou dizendo isso de uma forma punitiva: eu estava sugando a energia dos outros na tentativa de levantar a dela também. Não é a toa que o meu personagem é um vampiro.
Ninguém viu o declínio da minha irmã tão de perto quanto eu. E a imagem do vampiro tem seu próprio significado para nós dois.
Demorou um pouco para convencer os demais, mas era um fato: àquele álbum era pelo menos dois terços sobre Marceline antes da sua melhora. Não fazia sentido esperar que ela se retratasse de forma positiva.

Agridoce - Bubbline AUOnde as histórias ganham vida. Descobre agora