Capítulo 3

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Reino da Coréia


As semanas que se seguiram foram as piores de Seokjin naquela casa. Todos na mansão, desde o cavalariço até o mordomo, sabiam dos planos da lady Kim, graças à tagarelice das meninas. Seokjin precisou de todas as suas forças para ignorar os murmúrios e olhares de pena dos criados quando passava por eles. Mais intolerável ainda era o olhar divertido de Jae-hyun, quando insistia em falar no destino dele. Não escondia que achava divertidíssima a situação do primo e sempre arranjava um jeito de atormentá-lo, falando na aparência de seu futuro marido: uma descrição cada vez mais maldosa que a outra.

Seokjin observava o constante entra-e-sai do sr. Gong, o homem que cuidava dos negócios da tia, e percebeu que a busca do noivo apropriado continuava. Com o passar dos dias, o humor da lady piorava, o que começou a dar esperanças ao ômega. Talvez nem o nome Kim fosse suficiente para compensar a falta de beleza e de dote do noivo... Talvez nunca aparecesse um alfa interessado.

Lady Kim andava tão preocupada em livrar-se do sobrinho pobre que não prestava atenção ao comportamento estranho do filho mais velho. Mas Seokjin não era cego. Há dias vinha prestando atenção nas atitudes do primo e nos acontecimentos.

O primeiro sinal foi a entrega diária de uma rosa branca. A flor chegava sem nenhum cartão, o que indicava uma homenagem secreta. Simplesmente, o portador dizia que era para o jovem quando entregava a flor ao mordomo. Quando a mãe perguntara o que significava aquilo, ele respondera que não sabia quem era o misterioso galante. Mas se a lady prestasse atenção no brilho dos olhos do filho e em sua expressão de enlevo, quando se julgava não observado, veria que isso não era verdade.

O segundo sinal foi o interesse repentino do primo pela leitura. O ômega passara a frequentar a biblioteca da cidade quase diariamente, quando sempre declarara a quem quisesse ouvir que preferia morrer a ler um livro.

Por acaso, Seokjin descobriu o causador daqueles acontecimentos estranhos. Lorde Choi. Um dia, vira-os no parque, sem que soubessem que eram observados. A proximidade dos dois, o modo envolvente com que o alfa inclinava o rosto moreno para Jae-hyun e o jeito derretido que o ômega erguia os olhos para ele denunciaram que havia bem mais que amizade entre os dois.

Seokjin jamais se imaginara capaz de sentir tanta raiva e revolta. Como aqueles dois se atreviam a encontrar-se em segredo, desafiando lady Kim e as convenções? Como Jae-hyun se atrevia a trair o noivo com um alfa que flertava com todos os ômegas que encontrava pela frente? A custo dominou o impulso de ir falar com os dois, desmascarando-os em público. Não podia fazer isso. A posição que ocupava o faria passar por louco e possivelmente iriam achar que era um mentiroso, malicioso, criador de escândalos.

Tratou de voltar para casa. Nada podia fazer para proteger a dignidade do homem por quem seu lobo nutria tão forte simpatia. Sentia-se tão aflito que nem se preocupou com o fato de que seria chamado à atenção por ter demorado mais que devia na compra que fora fazer para lady Kim.

Sabia que não tinha direito de interferir na vida do primo e do conde. A única certeza que possuía era que queria ver o alfa feliz, mesmo casado com o seu primo egoísta. A felicidade dele era importante para o ômega. Por quê, não sabia. Talvez por admirá-lo pela coragem com que lutava contra os japoneses, deixando para trás sua posição, arriscando-se sem levar em conta que poderia perder a vida. Ou, talvez, pelas descrições de seu jeito gentil e caridoso, diferente de outros nobres da região.

Não tinha explicação. Não conseguia definir o que acontecia com ele e com o seu lobo quando pensavam no alfa. Aceitava os tumultuados e desconhecidos sentimentos como tudo o que acontecia em sua vida: sem questionar.

O ômega do Conde | NamjinOnde as histórias ganham vida. Descobre agora