Capítulo 9

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Começava a amanhecer quando Namjoon saiu do cassino. Tinha os bolsos cheios de dinheiro. Ao olhar para sua carruagem, teve a primeira reação de um ser vivo. Com todo champanhe e vinho que tomara, se ficasse fechado dentro de uma carruagem sacolejante, certamente passaria mal.

— Vou andar um pouco — disse ao cocheiro.

O alfa concordou, em silêncio, e acompanhou o patrão, a certa distância, dirigindo a carruagem devagar.

Com o cérebro amortecido pelo álcool, o conde saiu andando sem destino, dirigindo-se para o bairro mais elegante da cidade. Por um momento, lembrou-se do que lhe contaram mais cedo. Naquela noite, ocorreria um baile na casa da família Kim, e lorde Choi era o convidado principal. Possivelmente, naquele momento, Kim Jae-hyun e Choi Seung-hwan já estavam noivos.

O conde recordou-se com amargura do dia em que vira a carruagem do lorde Choi saindo da casa dos Kim. No primeiro momento, não entendeu o que Choi poderia estar fazendo ali, mas, alguns dias depois, seus criados e amigos lhe contaram sobre as fofocas que rolavam pela cidade sobre Jae-hyun e Seung-hwan.

"Está triste por quê? Aqueles dois se merecem!" White bradou, bravo pela amargura e tristeza de seu humano. 

Mesmo concordando com o lobo, não era fácil para Namjoon lidar com aquela nova realidade. Ele ainda amava Jae-hyun, era doloroso saber que seu amado já estava com outro alfa. Suspirou, descontente, e tentou afastar os pensamentos sobre o ex-noivo. As palavras duras que ouvira do Kim na última vez que se encontraram ainda machucavam seu orgulho. Lorde Choi poderia ser um canalha, mas pelo menos ainda era belo, e tinha o completo movimento dos dois braços.

"Recomponha-se, Namjoon! Kim Jae-hyun nunca foi digno do nosso amor, ele nunca foi bom o bastante para ser nosso ômega." White disse firmemente, mas Namjoon ainda estava machucado demais para ver a situação como o seu lobo via. 

Desejou uma bebida naquele momento para afogar suas dores, então decidiu que, assim que chegasse em casa, pegaria uma garrafa do seu whisky favorito e o beberia antes de dormir. 

Tinha ainda algum discernimento para saber o que o esperava: teria uma dor de cabeça infernal e o estômago o castigaria pelo excesso de bebida mais tarde. No entanto, aquilo não o incomodava muito. Pretendia dormir o dia todo para curar a ressaca. À noite sairia de novo, protegido pelas sombras. 

Uma das vantagens da vida reclusa que vinha tendo era não ter compromissos, pensou com amargura. Não precisava acordar cedo e nem se preocupar com encontros entediantes. A escuridão e as sombras eram suas únicas amigas.

Tinha a sensação estranha de flutuar, enquanto ia em direção a sua casa apenas por instinto. O amanhecer era como o corar de uma donzela diante dos pecados permitidos pela noite. Enrolou-se mais na capa, procurando ocultar a face esquerda, num gesto que se tornara verdadeiro reflexo condicionado diante de qualquer luz. 

Naquele momento subia a ladeira que ficava nos fundos das casas que davam para a Brooke Street. Não reconhecer que estava perto da residência de Jae-hyun demonstrava o quanto ainda se encontrava bêbado.

Caminhava devagar e, de repente, um leve ruído acima de sua cabeça chamou-lhe a atenção. Uma trouxa de pano branco caiu de uma janela estreita e parou pouco acima da cabeça dele. Devia continuar andando, pensou. Mas ficou parado, curioso em saber o que era aquilo.

Olhava, fascinado, a figurinha esguia, pelo jeito um menino, saindo de costas pela janela e começando a descer por uma corda amarrada em alguma coisa dentro da casa. A corda era mais curta que o necessário, sua ponta ficando bem acima do chão. Ao chegar ali, o garoto ficou balançando-se loucamente, tentando tocar o solo com os pés, sem conseguir. 

O ômega do Conde | NamjinOnde as histórias ganham vida. Descobre agora