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Depois da noite em que Harry invadiu a minha mente durante o sono, acordei sem saber o que pensar. Passei a semana inteira me martirizando, afinal, ele não é Edward. Pode se parecer com ele, mas não é a mesma coisa. Por isso, foi uma decisão simples a de começar a ignorar meu vizinho, lê-se fugir dele.

Porém meu plano foi por água abaixo, pois aparentemente temos os mesmos horários de saída e chegada. No começo tentei evitar conversas e até mesmo olhares, mas assim como eu esperava, ele puxou assunto todas as vezes. Parecia que ele estava se esforçando para ser meu amigo, para me manter por perto e me perguntei, mais uma vez, se isso não era mesmo uma pegadinha.

Em uma dessas vezes, perdi a paciência por não estar conseguindo o resultado que eu queria, como se ele tivesse culpa de alguma coisa.

– Por que você quer falar comigo, afinal? – Estávamos esperando o elevador, que parecia estar na puta que pariu de tanto que demorava para chegar. E, como sempre, Harry estava tentando conversar comigo.

– Como assim? – Ele me dá um olhar engraçado e tenho vontade de socar aquele rosto bonito.

– Como assim o quê? Por que você puxa assunto comigo? Por que gosta de falar comigo?

Ele fica em silêncio por alguns segundos e parece estar pensando no que responder. Quando sua voz toma conta do ambiente, vejo que o único que merecia um soco ali, era eu.

– Não tinha pensado nisso até agora, mas você parecia triste, até mesmo perdido, em todas as vezes que te vi. Pensei que se pudesse te distrair um pouco dos seus problemas, talvez você desse um sorriso e teria um momento feliz no dia para pensar antes de dormir.

O elevador faz barulho avisando que chegou e ele entra sorrindo. Sigo para dentro, ele apenas aperta o botão do nosso andar e fica em silêncio, assim como eu. Quando estamos quase entrando em nossos apartamentos, ouço sua voz novamente.

– Não fique tão abismado com minhas palavras, Louis. Eu sou escritor, gosto de florear as coisas. Eu só estava preocupado.

– Mas você nem me conhece...

– Não preciso te conhecer para me preocupar. – Ele fala e entra em seu apartamento de vez.

Depois disso, eu parei de respondê-lo secamente e, mesmo tentando me manter longe, comecei a fazer o que ele me disse naquele dia: relembrar dos minutos de felicidade de cada dia. E ele sempre era um deles.

Aos poucos fui aceitando um pouco mais, afinal, era como ter Ed ali de novo, apesar de ser errado... Mas era mesmo tão errado assim? Eu poderia juntar o melhor dos dois mundos! A amizade de Harry, que parecia ser uma ótima pessoa, e o prazer de poder sentir como se o amor da minha vida estivesse ali de novo.

Não tinha como dar errado.

Né?

Pois é, ignorei todos os possíveis alertas em minha mente e deixei que ele se aproximasse. Pelo menos um pouquinho. Eu não perderia Ed mais uma vez. Quer dizer, Harry.

– Tenho certeza de que você me deixou ganhar!

Volto minha atenção para ele e o vejo prender seu cabelo em um coque e se esticar para pegar um pedaço de pizza da caixa que estava na mesinha de centro. Dou um sorriso pequeno, afinal, eu sempre deixei Ed ganhar...

Mas aquele era Harry. Harry, não Ed.

Respiro fundo mais uma vez.

– Por mais que eu queira, não posso ganhar sempre, não é mesmo? – Balanço as sobrancelhas em sua direção e ele ri alto, cobrindo a boca cheia de pizza com a mão e esse movimento quase faz meu coração parar.

.flashback

Ed gargalha escandalosamente ao meu lado e assim que percebe as pessoas nos olhando, coloca a mão na boca para esconder um pouco da risada.

– Pare de fazer isso. – Tiro a mão de seu rosto. – Pra que tampar um sorriso tão bonito desses?

– Olha só quem fala! Não dá um sorriso sem tentar se esconder.

– Ei, eu estou melhorando! Afinal, agora tenho um motivo perfeito para sorrir e quero que todo mundo saiba disso. – Ele se aproxima mais de mim e passa seu nariz em minha bochecha devagar.

– Você é muito galanteador, Sr. Tomlinson.

– Apenas com você, Sr. Jones.

Fecho os olhos ao sentir seu nariz agora no meu e nossas respirações se misturando antes dos nossos lábios se encostarem.

.flashback

Ainda estou pensando no beijo que dividi tantas vezes com Ed quando percebo que estou encarando Harry sem pudor nenhum. Sua bochecha se pinta de vermelho e observo quando ele vira o rosto para a televisão, apenas para esconder o pequeno sorriso que há ali.

Sei que preciso parar de comparar os dois, mas a semelhança é incrível e isso está afetando meu cérebro. É como se Ed estivesse aqui, mas sem estar de verdade e isso está me deixando maluco.

– Para de me olhar desse jeito. – Ele diz baixo.

– Desse jeito como? – Pergunto curioso com a sua resposta e tomo um gole da cerveja que estou segurando.

– Como se você quisesse me beijar.

Não pensei que ele fosse jogar uma dessas no meu colo tão fácil e tão abertamente. Por isso me ajeito no lugar, uma parte de mim está meio engasgada e a outra está tentando respirar, enquanto ele se aproxima desesperado, dando alguns tapinhas em minhas costas para me ajudar.

Antes que eu consiga me acalmar, ele vai até a cozinha, voltando com um copo de água. Sinto seu olhar em mim enquanto termino de beber e consigo acalmar a respiração.

– Tudo bem, não precisava ser dramático desse jeito. Sem falar sobre beijos com você. – Ele pisca para mim e rezo para me afogar com o restante da água que ainda estou engolindo.

Ok, isso vai dar problema.

empty | larry stylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora