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Passei duas semanas fugindo de Harry, mas dessa vez de verdade.

Depois da conversa com os meninos, que demorou a noite inteira, percebi que talvez eu não saiba o que estou fazendo e a última coisa que quero é magoar meu vizinho. Ele é tão honesto, bondoso, gentil... Não posso deixar que os meus problemas o afetem.

Por isso, estou decidido a terminar algo que nem começou e se isso significar nunca mais falar com ele, que seja. Preciso me curar do luto e isso não vai acontecer se eu tiver uma lembrança constante do que perdi ao meu lado.

Mas não consigo fazer isso de uma vez, sou muito mais fraco do que gostaria. Ao invés de continuar longe, decido ter uma última noite de filmes para me despedir do homem que me fez companhia e foi um pouco de luz no meio de tanta escuridão nos últimos meses.

Não vou dizer nada, pois não quero ter que me explicar, então o plano é convidá-lo, passar nosso último momento feliz juntos e nunca mais ser um fardo para ele.

Por tê-lo afastado nos últimos dias, tinha certeza de que ia ouvir poucas e boas quando o convidasse para a noite de filmes, mas me surpreendi ao ouvir apenas a confirmação de que ele viria.

Deixo tudo preparado para que não falte nenhum doce ou pipoca e sou tão idiota que separei 'O Diário de Uma Paixão' para assistirmos como despedida. Quero deixá-lo feliz pelo menos uma última vez antes de sumir de sua vida.

Sua presença é leve e faz meu interior tremer de nervoso assim que ele entra na sala. Se está incomodado com alguma coisa, não me fala, apenas continua distribuindo sorrisos e risadas ao meu redor, como se eu fosse imune aos seus encantos.

Mas não sou.

Nos arrumamos no sofá e dessa vez ele não coloca a cabeça em meu colo, mas se senta perto o suficiente para apoiar a cabeça em meu ombro, o que não me incomoda. Se for para ser sincero, até gosto.

Só que seu cheiro começa a me distrair. Seu shampoo doce começa a me tirar de órbita e tenho vontade de despejar tudo o que estou sentindo em seu colo, falar até que sua cabeça fique tonta para depois ele me mostrar a simples explicação por trás disso tudo, mas sei que esse cenário não existe.

Então os pensamentos de contar tudo começam a sair e outros piores tomam seu lugar. Fecho os olhos e imagino como deve ser dormir e acordar todos os dias com esse cheiro ao meu redor. Poder enfiar o rosto em seu pescoço e deixar pequenos beijos ali até que sua pele se arrepie e um som baixo saia de sua garganta.

Meu corpo começa a responder aos meus pensamentos e não consigo me conter ao virar lenta e suavemente a cabeça para deixar o nariz mais próximo de seu cabelo. Respiro fundo e deixo que todas as imagens se formem em minha mente e sinto minhas mãos formigarem de vontade de tocá-lo.

Seria bom demais se não fosse nossa última noite juntos, mesmo como amigos.

Meu Deus, é nossa última noite, o que estou pensando?! Não posso fingir que está tudo bem e pensar em um monte de besteiras desse jeito, como se fosse possível que essas coisas acontecessem entre nós.

Meu corpo que estava relaxado até segundos atrás, começa a tensionar e, mesmo tentando disfarçar o nervosismo, não faço um bom trabalho, já que ele percebe. Se afasta um pouco, ainda perto o suficiente para que eu possa enxergar algumas pequenas sardinhas em seu nariz.

– O que foi, Lou? Está tudo bem?

Tudo o que imaginei entre nós dois passam pela minha mente junto com a ideia de contar a verdade, de sair correndo ou de só dar de ombros e continuar assistindo o filme, mas o que eu faço é muito pior.

Me inclino e colo nossos lábios.

Por alguns segundos, me mantenho ali, sem me mover, sem respirar, sem pensar. Quando cai a ficha do que estou fazendo, me afasto e encaro seus olhos que agora estão arregalados e acompanho quando leva a mão aos lábios, talvez tentando provar que o que fiz foi real.

– Me desculpe, Hazz. Eu não deveria ter-

Logo minhas palavras fracas são cortadas pelas suas mãos em cada lado do meu resto e seus lábios nos meus. Sem pensar duas vezes, o puxo para perto pela cintura e colo nossos corpos, sentindo suas mãos deixarem o lugar delas, me tocando no peito e depois subindo até minha nuca. O beijo é novo, com sensações diferentes, mas boas. Muito boas.

Assim que nossas línguas se tocam, sinto meu corpo inteiro se arrepiar e aperto mais sua cintura. A batalha que travamos deixa tudo com um tom de desespero e de necessidade, como se todo esse tempo estivéssemos esperando para que isso acontecesse.

Quando o ar se torna necessário, me afasto levemente para beijar a linha de seu maxilar e dou uma leve chupada no final dele, arrancando um suspiro de sua boca. Ataco seu pescoço em segundos e percebo que estou perdendo o controle. Sinto falta de contato, sinto falta de sentir e sei que ele vai me fazer sentir novamente.

– Lou... – Meu nome sai de sua boca da forma mais sensual que já ouvi e tudo se torna ainda mais quente. Não quero mais senti-lo, agora é questão de precisar.

Uma única noite. Faço a promessa de que esse seria um adeus e amanhã posso sumir de sua vida antes que eu faça alguma besteira maior. Mas existe alguma besteira pior que essa?

Nossas bocas voltam a se encontrar e não sei como chegamos ao quarto, mas não faço o menor esforço para acender as luzes, deixando apenas a luz da rua entrar pela janela e não nos deixar no breu completo.

Caímos na cama e ele rapidamente se senta em meu colo, tirando a blusa e a jogando em qualquer canto do quarto. Aí está uma das maiores diferenças entre ele e Ed. As tatuagens. Enquanto o corpo de meu antigo namorado era imaculado, o de Harry traz vários desenhos, palavras e linhas. E é lindo.

Fico hipnotizado por um instante e passo os dedos carinhosamente pela borboleta em seu estômago, traçando cada uma das linhas fortes dela e sei que Harry me observa. Passo para as andorinhas e faço a mesma coisa, tentando demonstrar com esse carinho que tudo nele é perfeito, cada um de seus detalhes. Até que eu paro para prestar atenção em seus braços.

Os pregos, a âncora, a rosa... Nossas tatuagens de completam, como nunca prestei atenção nisso antes? Assim que coloco meu pulso ao lado do seu e ele nota o que estou pensando, seus olhos brilham e ele se abaixa para aproximar nossos lábios. E dessa vez é diferente.

É Harry que está comigo quando nossas peles se encostam, quando beijos são distribuídos e quando nada mais importa além dos sons que saem de sua boca.

É Styles que finalmente enche meu quarto de vida e de calor.

Quando nossos corpos buscam descanso e tentamos recuperar nossas respirações, tenho certeza do que está acontecendo.

– Estou apaixonado por você, Harry.

empty | larry stylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora