𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐀 𝐏𝐑𝐈𝐌𝐄𝐈𝐑𝐀 𝐄𝐒𝐐𝐔𝐈𝐍𝐀, 𝖪𝖺𝗓𝗎𝗍𝗈𝗋𝖺 𝖧𝖺𝗇𝖾𝗆𝗂𝗒𝖺.

𝓞𝓷𝓮: ℱ𝓁ℴ𝓇ℯ𝓈?

Leio a mensagem em meu celular e passo a mão em meus cabelos negros suspirando cansado. Yasu quer encontrar-se comigo na boate de sempre, para conversarmos, e já imagino muito bem sobre o que.

Me sinto um idiota por deixar que esse assunto me abale. A garota nunca precisou de ninguém, e é claro que não seria diferente comigo. Mas mesmo assim eu queria que aquilo o que tínhamos durasse. No fundo nós sempre queremos... Sempre queremos que tudo vire mútuo, calmo e sincero.

Separo uma roupa, e entro no chuveiro permitindo que a água quente relaxe meus músculos. Deixo minha mente vagar por alguns instante. Talvez eu estejam destinado a ficar sozinho, afinal, todas as pessoas que amo se afastam, somem, o que é totalmente compreensível, visto que sou apenas um cara bagunçado, uma bagunça, um desastre, e hoje todos buscam pela paz, um porto seguro, um lar. Bom, eu definitivamente não sei ser essas coisas...

Desligo o chuveiro, vestindo meus trajes: camisa social azul marinho com os três primeiros botões abertos, calça de alfaiataria preta, correntes pratas e minha jaqueta de couro. Desço as escadas e escuto o latido de meu cão.

— É amigão, parece que será apenas nós dois de novo. - acaricio calmamente o pelo de meu companheiro - que por sinal Yasu o odeia - e pego as chaves em cima da mesa, saindo logo em seguida.

Ao chegar na garagem, entro em meu Mercedes preto dando partida no carro. Passo pela portaria do condomínio e aumento o volume do som, king for a day, Pierce the veil soa estridente pelo som, suspiro fundo e acelero  o máximo possível. Alguns diriam que sou algum tipo de suicida, mas quem já participou de rachas, sabe que vale a pena correr riscos de vida pra experimentar a liberdade que a velocidade traz.

Como a boate era um pouco longe, levei cerca de trinta minutos para chegar. Quando chego, estaciono meu carro perto da entrada e adentro o estabelecimento.  Analiso o ambiente: várias bebidas, garotas, jovens insatisfeitos com suas vidinhas medíocres procurando um meio de fugir da realidade... é, eu realmente me encaixo perfeitamente aqui. Dou uma volta, até chegarno bar, onde avisto a garota: cabelos completamente descoloridos com as pontas em um tom de roxo escuro, roupas que deixariam qualquer um fora de controle, belos e cruéis olhos castanhos...

— Yasu - ela vira-se pra mim, sorrindo.

— Olá gatinho - tentou me tocar, mas eu recuei. Quanto mais contato, mais torturante será pra mim.

— Fala logo, Yasu... Qual a sua decisão? -fui direto ao ponto, sentindo minhas mãos soarem pela ansiedade.

— Kazu, o produtor se interessou pelo seu talento com a guitarra. Vamos poder viajar juntos! Não é maravilhoso? - Sorriu animada colando seus lábios nos meus.  Interrompo o beijo de maneira afoita, Yasu continua com os braços ao redor de meu pescoço.

— Se o produtor não tivesse me notado, você iria para a França mesmo assim? - perguntei baixo, olhando em seus olhos cruéis.

— Por que isso importa agora? Pra que pensar em algo que não aconteceu e...