𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐀 𝐏𝐑𝐈𝐌𝐄𝐈𝐑𝐀 𝐄𝐒𝐐𝐔𝐈𝐍𝐀, 𝖪𝖺𝗓𝗎𝗍𝗈𝗋𝖺 𝖧𝖺𝗇𝖾𝗆𝗂𝗒𝖺.

𝓣𝔀𝓸: 𝒬𝓊ℯ𝓂 𝒹𝒾𝒶𝒷ℴ𝓈?

Deslizo a mão pelo tecido macio e sedoso sentindo um cobertor quentinho sobre mim. Com certeza não estou em casa, pois essa cama parece uma nuvem, e não uma tábua. Lentamente abro meus olhos de maneira preguiçosa, recebendo uma claridade incomoda.  Me levanto devagar e observo o ambiente ao meu redor: paredes cinzas, móveis pretos, guitarras, quadro de animais... Minha memória voltava vagamente.

Os caras quase me pegaram.
Eu dormi na casa do tal Kazutora.

Puta que pariu! Eu dormi na casa de um estranho e agora preciso ir embora correndo para que não seja necessário encará-lo novamente.

Fui ao banheiro e fiz minha higiene matinal, limpando os dentes com o dedo.  Procurei um pedaço de papel e uma caneta nas gavetas do criado, encontrando post-It's; escrevi um bilhete de agradecimento:

"Muito obrigada pela ajuda. Adeus"

Troco de roupa em um flash e pego minha mochila no canto do quarto. Fechei a porta colando o recado na mesma, e saio silenciosamente na esperança de não acordar o garoto.  Quando tenciono descer o primeiro degrau da escadaria, ouço um rosnado estranho, e olho para o lado assustada, vendo um cachorro gigante com uma expressão nada otimista no meu ponto de vista.

— Ai. Meu. Deus. - Ele começa a vir em minha direção, e eu só penso em uma única coisa... Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Mesmo assim saio em disparada pelo corredor, com o animal me seguindo. Abro a primeira porta que vejo, mas ao mesmo tempo o cachorro me alcança fazendo com que eu entre com tudo e caia no chão.

— Que raios está acontecendo aqui?!- ouço uma voz perguntar ao mesmo tempo que recebo uma lambida. Percebo então que entrei, acidentalmente, no quarto de Kazutora.

— Desculpa, é que... Ah ele tá me esmagando - me refiro ao cão.

— Dragon! - o moreno estala os dedos levantando se da cama e o animal o obedece indo em sua direção - Você tem probleminhas, garota. Tudo isso por conta de um cachorro...

— Olha o tamanho dele porra! - resmungo saindo do chão. Dragon se aproxima novamente de mim esfregando a cabeça em minha canela - Ah, você é bonzinho! - acaricio seu pelo dando um sorriso de orelha a orelha. - Que cachorro mais querido e bonzinho!

— Isso é estranho. Geralmente ele não é tão receptivo... - observa Kazutora - O que você faz de mochila à essas horas?

— Eu estou indo embora. Como o prometido - digo ainda olhando Dragon.

— E iria sem se despedir? Ah, estou decepcionado... - diz ironicamente - Mas se eu fosse você esperava a poeira abaixar. Aqueles caras vão atrás de você.- Alerta tomando um semblante sério.

— Não posso. Já fiquei mais que o suficiente, não quero incomodar.

— Pare de ser boba, garota. Essa casa é enorme. Não vou nem notar sua presença. - Fala passando a mãos nos cabelos escuros bagunçados.