39_ Eu te amo.

66.4K 7.1K 9.9K
                                    

Eliza Claire

- Quem fez isso com você?

O Theo levantou o seu rosto e eu notei os seus olhos arregalados pela pergunta, demonstrando que ele foi pego totalmente de surpresa.

Ele permaneceu em silêncio enquanto os seus olhos pulavam de um olho meu para o outro. Era evidente que os seus olhos gritavam de medo, aterrorizados por eu ousar fazer aquela pergunta.

Não é algo que se pergunte...

- Eu não posso... - Ele respondeu baixinho, com a voz falhando.

A sua voz estava arrastada e grossa, deixando claro que ele tinha acabado de acordar, sem contar pelo pânico que ela agora apresentava.

- Eu preciso que você converse comigo e que me conte isso. - Pedi tocando a cicatriz que eu havia tocado antes, só que dessa vez, o Theo não recuou. Ele estava em choque demais com a minha pergunta para recuar.

- Eu... - Ele negou com a cabeça e os seus olhos se arregalaram.

- Por favor. - Soltei, também surpresa por eu estar me submetendo a essa palavra.

- Eu imploro... Me pergunte sobre qualquer outra coisa, menos isso. Você sabe que eu responderia e daria qualquer coisa que você pedisse. Me pergunte sobre a minha cor favorita, experiências sexuais, o que eu senti quando te vi pela primeira vez, sobre a Brenda ou o Adam e até mesmo sobre a minha mãe, mas não me faça responder isso. Por favor. - Ele tocou a minha mão livre com as suas, implorando.

Abaixei o olhar para as suas mãos levemente trêmulas segurando a minha com carinho, apesar daquele toque ser resultado do pânico.

As sobrancelhas dele estavam em uma luta interna e os seus olhos piscavam em uma velocidade irregular, tudo me deixando confusa, até que eu vi lágrimas se formando nos olhos dele, mas o Theo rapidamente as afastava enquanto piscava os olhos.

Eu engoli seco, levando a minha mão que estava no seu ombro até a lateral do seu pescoço, perto da sua garganta, onde eu podia sentir o seu batimento cardíaco.

Dei um breve sorriso reconfortante para o Theo e me aproximei dele, passando o meu outro braço pelas suas costas e tocando a sua pele.

Eu abracei o Theo com hesitação, e ele, também com incerteza, segurou a minha cintura.

Fechei os olhos sentindo a temperatura quente em que o corpo dele estava e fiz questão de passar as minhas unhas pelas costas nuas do Theo. Com o meu movimento, o Theo pareceu finalmente perceber que estávamos nos abraçando e apertou a minha cintura, me puxando mais pra perto.

O cheiro de menta que saia do cabelo do Theo fez o seu caminho até as minhas narinas e eu senti o Theo fazer carinho na minha cintura de forma lenta, se focando na borda da minha blusa branca que subiu e tocando a minha pele.

Eu depositei um beijo no seu ombro, propositalmente beijando a cicatriz que eu vi e toquei alguns segundos antes, e como resultado, o Theo estremeceu se encolhendo contra mim.

A minha boca estava próxima do seu ouvido agora e eu sussurrei o que já sabia:

- Foi o seu pai, não foi? - Soltei, sentindo o carinho na minha pele parar e o corpo do Theo ficar paralisado contra o meu.

Quase de um jeito imperceptível, a sua respiração acelerou.

- Theo, você pode confiar em mim. Me deixe carregar um segredo seu... - Pedi ainda no abraço.

O Theo me afastou na hora e me encarou em pânico.

O meu corpo foi rapidamente preenchido pelo frio da noite e a ausência das mãos do Theo em mim, me fazendo engolir seco e respirar profundamente.

O IntercâmbioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora