Capítulo 30

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Um presente.

Olivia

Não era um jantar romântico, mas ter um almoço com Harry era tão bom quanto. O restaurante era de comida japonesa e bem pequeno, eu já comi vários pratos daqui, mas sempre por entrega, nunca havia realmente estado no estabelecimento. A decoração era toda em vermelho e branco, e as mesas estilo baixo de madeira, junto com algumas almofadas para que nós pudéssemos nos sentar.

Já confortável, e agora olhando em volta, não pude deixar de notar que o lugar estava vazio. A única mesa ocupada era a nossa. Pensei que isso tivesse algo haver com os acontecimentos na cidade, mas minha dúvida foi rapidamente respondida.

— Eu aluguei o salão por uma hora. Não seria legal se alguém te visse aqui.

Ergui as sobrancelhas, realmente impressionada.

— Isso foi bem atencioso da sua parte.

— É o meu trabalho te proteger. Seja isso de um assassino, ou por hora, dos tabloides da cidade. — Ele me entregou o menu. — O que vai querer?

Eu olhei as opções disponíveis, notando pelo canto do olho um atendente se aproximar da mesa.

— Que você pare de me tratar como um trabalho e confesse que realmente tem sentimentos por mim? — Não... nem em um milhão de anos eu não falaria algo assim. Ainda mais com um estranho logo ao nosso lado! — Uramaki de salmão e... um temaki de camarão.

Entreguei o meu menu ao atendente, e Harry deu um leve sorriso para mim antes de fazer o mesmo com o seu menu, como se aprovasse a minha escolha.

— Vou querer o mesmo que a senhorita.

— E para beber? — O atendente questionou.

— Para mim pode ser água com gás. — Respondi prontamente, não estava com vontade de beber suco ou refrigerante.

— Pra mim também então. — O atendente fez uma leve saudação reverencial e se afastou da mesa, nos deixando a sós. Só então, Harry pareceu se dar conta de uma grande dúvida. — Você gosta de comida japonesa, não é?

Eu sorri.

— Você não deveria ter me perguntado isso antes? Imagina se eu odiasse? Ou fosse alérgica a peixe ou frutos do mar? A sua sorte é que eu amo sushi.

— Alérgica eu sei que você não é, pois sua única alergia é a amendoim. Mas realmente, me desculpe. Da próxima vez serei mais atencioso.

Eu apenas assenti, sorrindo feliz por ele ter se lembrado desse importante detalhe, assim como pela sua menção a uma próxima vez. Saiu de forma tão natural, que acho que ele nem se ligou no que havia dito, mas eu sim, e não conseguiria esquecer tão cedo.

Não demorou para que os nossos pedidos chegassem. E assim, nós começamos a comer e conversar em uma energia surreal de boa. Não havia um peso sobre nós em relação ao caso, ou qualquer preocupação que não fosse um ao outro. Conversamos sobre coisas normais como as nossas infâncias, vidas, e gostos em geral. Segundo ele, Andrew e Sophia, a sua falecida mãe adotiva, não gostavam de falar sobre o passado dele, pois gostavam de tratar Harry como se ele realmente fosse seu filho legitimo, e não, adotado. Ele só foi descobrir que era adotado quando a mãe já estava de cama, lutando contra o câncer. Ela lutou por quase dois anos, até falecer em casa mesmo quando tinha trinta e três anos e Harry tinha dez anos. Ele falava com um enorme carinho sobre a sua mãe, mas isso parecia não se estender para o Andrew. Havia muita tensão entre os dois, mas ele não entrou nesse assunto. E nem eu perguntei, não queria pesar o nosso almoço.

ENIGMA (concluído)Where stories live. Discover now