De repente, nós!

Capítulo 28

LUA POV

Pedir pro Bruno sair do quarto da gente foi uma das decisões mais difíceis que tive na noite, uma das porque essa noite foi inteiramente complicada. O sono não bateu, meu coração parecia saltar em cada possibilidade que eu analisava, pensei em tudo e todos mas nada me deixava ser por cento satisfeita,  fico frustrada por perceber que não conseguiria chegar na tão objetiva meta, que era equilibrar o amor e a razão. Fico à noite toda martelando as milhões de possibilidades que a vida tem dado pra mim e nada vira algo concreto, quando percebi já era 5 da manhã, o sol já estava nascendo e eu e meu sono estavam perdidos por aí. Percebo que não iria conseguir descansar mais, além de ter o trabalho eu também precisaria ter uma conversa com o Bruno. Me levanto e vou ajeitar meu café, antes disso passo no quarto da bela, entro e vejo só aquele anjinho dormindo tranquilamente, acomodo o lençol no seu corpo de forma mais confortável e saio, fico me questionando onde será que o Bruno estava, se ele tava bem, sabia bem o quanto ele era impulsivo e podia fazer besteiras. Vou pra cozinha e começo a preparar um café, faço uma nota mental de que se ele não chegasse antes das 6 eu iria buscar ele nem que fosse no fundo do posso. A atitude não é necessária, até porque escuto o barulho da porta e sinto o cheiro dele invadir a cozinha, olho pra ele e decido que aquela era a hora certa de falar tudo que eu pensei. Era justo pra nós dois, uma diálogo sincero e puro, do jeito que nosso amor era.

Fomos em direção a sala e percebo que o Bruno estava tenso pela forma na qual ele suava sua mão, sem olhar diretamente no fundo dos meus olhos, ele demonstrava toda a apreensão que ele tinha com o meu "discurso", eu também não estava diferente, saber que poderia acabar ali a melhor história de amor que eu já tive a chance de viver me dava meio que um desespero.

Bruno- e então... como foi a noite?
Lua- difícil, dormir sem você é difícil (ele sorri)
Bruno- eu nem conseguir pregar o olho, nada me tirava da cabeça a gente
Lua- comigo a mesma coisa, mas eu precisava disso. Pensei a noite toda em tudo e todos, em nossa história do passado e também como poderíamos criar o nosso futuro (ele sorri pra mim com os olhos brilhando)
Bruno- (suspirou aliviado) só de saber que depois de pensar você ainda vê a gente no seu futuro me deixa mais tranquilo, se tem uma coisa que a gente concorda é que não falta amor.
Lua- exatamente... eu pensei muito, no seu pedido, mas palavras que você usou a se referir ao nosso relacionamento e todas as atitudes que você me mostrou dia após dias, não tem como não se apaixonar por um homem tão incrível com você e eu não fugi disso. Eu sou completamente apaixonada por você, imaginar que ficaria um dia sem te ver faz com que eu me questione o que é felicidade, cogitar acordar sem ter você e a bela me acordando me faz questionar se vale a pena tanto sacrifício numa vida pra no final dela não encontrar o verdadeiro amor.
Bruno- eu sinto a mesma coisa, desde que te vi, sempre foi você e vai ser pra sempre você (sorri abertamente pra ele, que retribuiu me chamando pra um abraço)
Lua-Eu encontrei, encontrei você e de brinde ganhei a maior razão pela minha vida. Não sei se tarde ou cedo demais, prefiro acreditar que no momento certo, apesar de que nunca foi um relacionamento fácil isso faz com que as coisas tenham ainda mais sabor. Por isso eu quero te falar isso, sem peso algum na sua decisão, que somente você irá tomar. De que eu aceito sim seu pedido de casamento, aceito sim ser a mulher da sua vida, companheira, parceira e tudo isso que você me propôs, mas que eu não posso aceitar a parte de ir embora do país, mudar de vida e partir assim do nada
Bruno- (coloca a mão na cabeça e começa a chorar) eu não entendo de verdade, como há tanto amor entre a gente e mesmo assim você prefere ficar longe de mim. (Fala irritado)
Lua- acha mesmo que eu prefiro isso? Você tem noção do quanto foi difícil te falar isso? Eu não prefiro isso de jeito maneira, sabe o que eu prefiro mesmo? O meu marido sendo presente, voltando do trabalho, sendo pai e me amando. Mas isso eu também não posso ter porque VOCÊ escolheu isso.
Bruno- tu tá comparando minha antiga vida com a agora? Não seja tão sinica lua, você sabe que pra mim não é fácil. Eu não tinha nem noção que acharia minha família um dia, imagina assim tão rápido. Só te falo isso porque tá doendo, doendo pra carai saber que a minha mulher não se sente bem ao meu lado.
Lua- não Bruno, eu não quero discutir com você, não me acusa de coisas que eu não falei, o meu amor por você é gigante! mas por mim é maior ainda. Eu sei que não ficaria feliz sem trabalhar, sem poder fazer aquilo que eu mais amo que é exercer a medicina, imagina se eu te peço isso? Pra você ir embora comigo e não tinha mais vôlei, você ia se sentir bem, tranquila? (Ele abaixa a cabeça e eu a ergo fazendo ele encarar meus olhos) eu sei de tudo que você sente pela nossa família e eu também sinto e não é pouco e por mais que pareça contraditório eu também não vou e nem quero abrir mão da gente. Além de tudo isso a bela tem o tratamento e eu não posso deixar ela interromper ele, você sabe do que eu estou falando. Eu quero cuidar da nossa família
Bruno- você acha que eu não Lua? Se eu tô partindo pra ir pra Itália é pra Isabela ter um futuro que nem ela mesmo um dia pode sonhar em ser, pra você poder receber de volta tudo que você tanto me proporciona, pra que a gente seja feliz, fora de tudo que essa liga pode me dar como atleta. Eu preciso fazer valer pra estar entre os convocados, minha história não vai acabar assim, triste. E não é por isso que eu não vou ser menos pai da bela porque eu vou precisar sair pra trabalhar
Lua- eu concordo Bruno, mas se você não é menos pai por isso, eu também não sou menos mãe ou mulher porque eu não tive coragem de abrir mão da minha vida e abdicar de tudo que eu fiz pelo o meu marido.
Bruno- eu queria muito poder cuidar dela, presentemente, todo os dias. Queria não mudar nossa rotina, levar ela na primeira aula e tirar dela o primeiro dente de leite. Mas a vida é feita de escolhas (falou me olhando como se eu fosse a culpada)
Lua- e você já escolheu ficar longe da gente (me exaltei)
Bruno- e você escolheu não fazer parte disso.
Lua- eu? Quem tá indo é você Bruno. Eu vou ficar aqui, segurando toda a barra enquanto você vai poder trabalhar em paz, mas eu que escolhi não te ter? Você acha mesmo isso?
Bruno- eu não sei de mais nada (fala chorando) só sei que agora você acabou com a mínima gota de esperança de que a gente poderia sim ser uma família unida.
Lua- isso acabou no momento em você recebeu aquele e-mail, você mais do que ninguém sabe disso. (Falo chorando também e ele fica em silêncio) eu não aguento mais essa situação!!
(Fecho os olhos e saio da cozinha indo em direção ao quarto)
Bruno- essa conversa ainda não acabou Lua, eu tô falando sério (gritou)