capítulo 46

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Para uma manhã de sábado, eu havia sobrevivido bem, durante o resto da semana. Não vejo Thomas desde a última vez. Me isolei em meu quarto, e agora, tenho a sensação de que tudo voltou a ser como antes.

É claro, que não seria totalmente. Porque agora, tenho muitas memórias. Enquanto isso, o dormitório estava bastante silencioso. A inexistência de ruídos era intrigante. Não havia nem mesmo, sons de passos.

Não tinha tanto o que fazer. Sem querer, eu havia percebido que a minha vida é entediante. Cresci dentro de muros de escolas internas e nem mesmo tendo chances de usufruir da "liberdade", ainda assim, eu havia perdido boa parte da adolescência.

Talvez se não estivesse ocupada demais, mergulhado em páginas e páginas de livros, me isolando no quarto, ouvindo as mesmas músicas e de vez em quando, chorando por motivos desconhecidos, talvez eu carregasse lembranças de uma boa adolescência.

Eu me vesti com um moletom, que era duas vezes o meu tamanho. Enquanto a minha coelhinha, bom, ela havia se adaptado ao ambiente fechado do quarto. Estava sentada em meu colo, enquanto eu acariciava seu pelo branco e macio. Usava um lacinho rosa, e particularmente, estava em uma condição melhor que a minha.

Estava tudo perfeito, até alguém bater a minha porta. Ouvir a voz de Sam, me fez ir arrastada abrir. Ela estava usando uma espécie de moletom azul e uma saia plissada com meia calça arrastão. Também havia ondulado os cabelos.

— O que você está fazendo? — Sam não entrou e nem se moveu. Mas seus olhos bateram em Zoe, que estava em minhas mãos. — Richard está solitário.

— O seu gato? — perguntei confusa.

— Sim! — expressou- se em melancolia. Sam bocejou tocando os próprios fios de cabelos. — O que acha de dar uma volta de skate?

— Mas já é quase a hora do almoço. — arranquei o celular do bolso para checar as horas.

Eram 11:47 da manhã e o almoço seria às 12:00. Ergui para que ela pudesse ver a tela do celular. Mas eu não me importava muito com isso. Não passa de uma boa desculpa, para resistir ao convite.

— Pelo o jeito que está vestida, aposto que nem sequer estava nos seus planos ir para o refeitório.

Ela tinha razão. Fazia parte dos meus planos não ir para o refeitório. Ótimo jeito de evitar ter que ver Thomas.

— Eu vou. E o que tem de errado com a minha roupa?

— Nada, é só que esse moletom parece mais um vestido.

— Ah, é que estava fazendo frio, só isso.

— Scarllet. — Sam fez biquinho como se estivesse implorando para que eu ouvisse. — Há quanto tempo está presa nesse quarto?

— Não muito. — encostei o ombro na parede antes de colocar minha coelhinha no chão. — Você irá para o refeitório?

— Sim, mas não estou a fim de ir agora.

— Hum. — foi a única coisa que pude falar.

Meus pretextos pareciam estar se esgotando. Talvez fosse melhor dizer a Samantha que realmente não quero sair.

— Já que não quer sair, eu posso passar aqui hoje à noite?

— Claro. — balancei a cabeça sorrindo pra ela.

Era engraçado porque eu nunca recebia outra visita, a não ser as visitas de Hilary ou monitores. Era legal saber que eu havia ganhado mais uma amiga.

— Beleza. A gente se vê. — Sam deu de costas com um aceno e foi para a direção do andar de baixo. Era notável em quanto seu cabelo estava bonito, ondulado.

A última noiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora