Capítulo 3 - Os Motivos Pelos Quais Eu Deveria Odiar Você

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Sejam bem vindos de volta, meus amores.

(Não se acostumem demais com a frequência de atualizações, meu home office está beirando o fim e eu vou viver duas vezes mais cansada do que já vivo hoje (': )

Boa leitura!

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- Não, Ash. Não foi o fim do mundo. Mas foi longe de ser a coisa mais divertida da minha semana, tá legal?

Marceline estava sentada no seu estúdio, o baixo nos braços. Era uma cena não tão incomum para ele: ela segurava o instrumento em um abraço, quase como se fosse uma âncora, como se fosse impedi-la de cair onde quer que fosse.

Quase como se esperasse dele o afeto que se recusava a receber de outro lugar.

- Capitão, hoje ainda é quarta- feira - brincou ele. No final das contas, dar muita corda para o mau humor dela não levava a lugar nenhum. Ela não falava muito sobre nada tão pessoal assim. Iria reclamar, xingar, amaldiçoar deuses nos quais não acreditava, e, quando a ira passasse, simplesmente voltaria a ignorar qualquer que fosse seu motivo.

E como ele esperava, ela apenas revirou os olhos, suprimiu um sorriso e voltou a dar play na demo na qual estava trabalhando.

Ash esperou que ela terminasse de fazer suas anotações no caderninho meio surrado antes de voltar a falar.

- Aqui, eu odeio ser o cara good vibes, mas dessa vez eu vou ser. Tenta ver isso pelo lado positivo: tem uma caralhada de coisas que seria muito difícil por em perspectiva pra um completo estranho, e você não vai precisar lidar com isso porque ela entende, pelo menos em partes, o que você está querendo dizer. E ela tem conhecimento de campo, ela presenciou muito do que vocês precisam por no papel.

- Talvez isso soe absurdo, mas eu preferiria ficar cinco horas sem pausa discutindo com um estranho sobre como eu gostaria que esse passado fosse escrito, do que debater essas mesas informações por cinco minutos com a única pessoa que eu sempre fiz questão que continuasse lá atrás.

Marceline levantou e foi para a cozinha, agora irritada demais para continuar trabalhando. Ash foi atrás, sentou na bancada e pegou o cigarro ilícito e amassado que Marceline deixou na sua frente antes de servir dois copos de whisky e sentar na frente dele. Ele quis brincar com o fato deles já terem normalizado o ato de ficar chapado as duas da tarde de uma quarta-feira, mas percebeu antes que não era um momento apropriado.

- Marcy, é a sua ex namorada da época de escola. Não é, sei lá, a reencarnação de Hitler.

A resposta foi um olhar cortante.

- É a ex namorada do tempo de escola que está sendo paga para falar sobre a época da escola sem citar o fato dela ter sido minha namorada. É desconfortável pra caralho.

- Eu tenho certeza que você já viveu momentos mais desconfortáveis do que isso nesses anos, cara. O término de vocês foi bem tenso, eu sei, mas -

- Ela me virou as costas no momento que eu mais precisei dela, Ash. Ela simplesmente foi embora. Eu não quero lidar com isso. Não quero falar sobre isso. Eu não queria ter que lembrar disso.

Ele ficou em silêncio. Sabia que ela não se abriria mais do que isso. Até aquele momento, ela tinha feito um trabalho muito bom de não citar o nome de Bonnibel, não reviver nada daquilo, e quando sentia a necessidade de uma menção disfarçada, era em uma ou outra música, de forma tão sutil que as vezes ele mesmo deixava passar em branco.

Podia imaginar o quão infernal devia ser ver esse esforço descer pelo ralo em um contrato que a obrigava a passar seis meses cara a cara com ela, revirando o passado pelas beiradas para que só saísse dali as partes que elas não queriam fingir que nunca aconteceram.

Depois da Meia-Noite (Bubbline AU)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora