Capítulo 4

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Meu coração acelera e minha pele treme, embora sinta um suor repentino e frio descer por minha testa.

— Quem é esse homem? — quer saber Dalila.

— O nome dele é Antônio. — É tudo o que digo, apenas para que ela entenda que não quero falar mais do que isso por enquanto.

— Senhor, o que devo fazer? — Juan nem se vira, apenas ajusta o retrovisor para facilitar que seus olhos cheguem a mim e sustento seu olhar pesado.

Não sei o que dizer. Esfrego as palmas das mãos na calça enquanto tento controlar minha respiração.

— Afinal de contas, quem é aquele homem, Xandre? — Apesar de sua voz beirar o tom de murmúrio, é como se tivesse gritado dentro do espaço limitado. Sua mão me toca o ombro esquerdo.

Não sei se isso é bom ou não.

Finalmente desfaço o contato visual com Juan e volto a encarar o Antônio, que continua parado exatamente no mesmo lugar. Sei que o que devo fazer e sei que se não fizer isso, ele virá até o carro.

Tiro o cinto, me viro e abro a porta. A mão de Dalila desliza em meu ombro, porém antes de sair me viro novamente para ela e dou-lhe a informação:

— Ele é o meu pai. — Me volto para Juan. — Pode entrar, vou logo em seguida. Só feche o portão quando eu entrar.

O segurança assente, então saio do veículo e fecho a porta com mais força do que deveria. Juan toca a buzina duas vezes e Antônio faz um joinha antes de dar alguns passos para o lado, liberando o acesso.

Os olhos de Antônio brilham como se olhasse para uma pedra preciosa e isso me provoca um desconforto nada corriqueiro. Me aproximo um pouco dele apenas para facilitar nosso contato visual. Ele sorri por baixo do seu bigodão.

Usa uma camisa roxa e jeans. O fato de estar sem boné facilita que veja seu rosto com mais clareza.

— Como você está, meu filho?

— Não me chame assim. — Apesar de tentar não parecer rancoroso, não consigo e me sinto um verdadeiro monstro quando noto que minhas palavras o deixam desconcertado. Seu sorriso desaparece e sua expressão se transforma. — O que você está fazendo aqui? Ou melhor, como descobriu esse endereço?

Antônio olha diretamente para além do portão escancarado, para a casa. Sigo seu olhar e noto que Lúcia encontra-se de pé, olhando em nossa direção, contudo a mulher se vira e retorna para a residência quando a vejo.

— Por favor, não a demita... Eu insisti.

— O que há entre vocês? — indago de uma vez.

— Lúcia é minha esposa — informa simplesmente. Tudo de repente faz um sentido estranho. Desde a primeira vez que a vi, a forma como me olhava e falava. — Será que podemos conversar em um lugar mais privado? Aqui não é o lugar certo para isso, meu filho.

Essa palavra me faz engolir em seco e imediatamente penso em recusar e manda-lo embora, contudo reflito um instante. Só queria poder tomar um banho e me deitar para conseguir descansar. Os olhos do homem se enchem de esperança, isso faz com que me lembre das palavras do meu namorado: Se evitar resolver esse problema agora, pode ser tarde demais para o fazer depois.

Sei exatamente que Antônio é uma parte do que devo enfrentar, mas será mesmo que esse é o momento? Mesmo sabendo que Apolo tinha razão, engolir o sentimento que me domina quando estou diante desse homem estranho é difícil. Só por saber que durante toda a minha vida ele nunca esteve ao meu lado, que minha mãe morreu depois de me dar à luz e ele simplesmente não estava lá... Isso me deixa puto! Abaixo a cabeça e encaro meus tênis limpos e novos.

GUIANDO O PRAZER (+18)Where stories live. Discover now